Andrés Sanchez está de volta à presidência do Corinthians, posto que ocupou entre 2007 e 2012. O empresário de 54 anos vai se licenciar do cargo de deputado federal pelo PT-SP até o fim do ano e disse que não tentará a reeleição para o Congresso, focando completamente no clube.

Andrés, que era o candidato da situação, substitui Roberto de Andrade e tem pela frente um mandato de três anos. Ele desbancou outros quatro candidatos: Paulo Garcia, Antonio Roque Citadini, Felipe Ezabella e Romeu Tuma Júnior.

A eleição foi das 9h às 17h deste sábado, no Parque São Jorge, terminou em confusão e muito protesto contra o novo presidente.

Andrés chegou a sofrer tentativa de agressão e deu entrevista após tomar uma “cervejada” (um copo plástico foi atirado) no rosto.

Na sequência, rojões foram acesos dentro do ginásio onde ocorria a eleição.

Andrés ficou preso no banheiro feminino por quase 20 minutos, até que a segurança foi reforçada e ele saiu, escoltado, enquanto os protestos eram dispersados do ginásio.

No total, 3.642 sócios votaram. Quatro dos cinco candidatos chegaram a posar juntos para fotos (a exceção foi Citadini, veja a foto mais abaixo).

– Volto mais maduro, mais consciente, mais preparado, ciente da exigência que faz o corintiano – disse Andrés.

– Vou tentar cumprir da melhor maneira possível, com atenção e respeito a todos. Todo mundo tem que trabalhar em prol do Corinthians. Vamos pegar os melhores projetos e melhores ideias de todos os candidatos e tentar fazer o time mais competitivo e campeão possível – completou o novo presidente.

– O Corinthians tem mais de 30 milhões de torcedores, não se limita a essa parte que protesta. Foi eleito democraticamente, de forma justa – disse Duilio Monteiro Alves, que será diretor de futebol de Andrés. O atual gerente de futebol, o ex-lateral Alessandro Nunes, será mantido no cargo “se estiver dentro da filosofia”, conforme declarou o novo presidente.

O placar final da eleição teve uma vantagem maior do que a esperada pelo próprio Andrés. Uma pesquisa divulgada pelo Ibope na véspera mostrava Paulo Garcia com um ponto de vantagem sobre Andrés (26% contra 25%), mas, nas urnas, o candidato da situação teve 403 votos a mais do que o segundo colocado:

  1. Andrés Sanchez 1.235 votos (33,9%);
  2. Paulo Garcia 834 (22,9%)
  3. Antonio Roque Citadini 803 (22%)
  4. Felipe Ezabella 461 (12,6%)
  5. Romeu Tuma Júnior 278 (7,6%)

Além disso, foram 18 votos nulos e 13 em branco (0,8%).

Candidatura ameaçada

Por pouco Andrés Sanchez não pôde concorrer à presidência do Corinthians. Na sexta-feira, véspera da eleição, o candidato Romeu Tuma Júnior entrou com ação na Justiça pedindo anulação da candidatura de Andrés. O pedido de Tuma se baseava no artigo 54 da Constituição. Segundo o entendimento dele, o fato de Andres Sanchez ser deputado federal o impediria de administrar o clube, que lida com o financiamento de um banco estatal (Caixa Econômica Federal) para a construção da Arena Corinthians. A Chapa Renovação e Transparência, que tem Sanchez como candidato a presidente, entende que o artigo 54 da Constituição se refere a empresas, e não a entidades sem fins lucrativos, como é o caso de clubes associativos. O pedido de Tuma acabou sendo indeferido pela Justiça.

As propostas

Veja abaixo dez propostas apresentadas por Andrés durante a campanha:

1 – Estruturar definitivamente o futebol

– Vamos criar definitivamente a Superintendência de Futebol, à qual se subordinarão tanto o profissional como a base. Além disso, o técnico da base será recrutado em comum acordo com o técnico do profissional, ao qual se subordinará funcionalmente.

2 – Melhorias na base

– O processo de seleção dos jovens para a base será realizado, na medida do possível, via internet e prezará para que nosso clube tenha, em regra, pelo menos 80% dos direitos econômicos. Vamos integrar as categorias inferiores ao profissional como jamais conseguiu-se alcançar no futebol brasileiro.

3 – Revolução na gestão da sede

– Para diminuir conflitos dentro do clube, vamos decretar a independência da gestão da sede. Será eleito um superintendente da sede, entre sócios com mais de três anos de clube, de reconhecido talento gerencial. Ele poderá indicar ao presidente os assessores das áreas não relacionadas ao futebol nem com a governança do clube. Além disso, a sede social do clube e suas categorias terão planejamento orçamentário anual.

4 – Olho no exterior

– Iremos propor parceria com o nosso antepassado Corinthians Casuals, criando nossa vitrine para a Europa e internacionalização. Também vamos reatar nossos laços com a China, estabelecendo relações com a confederação do país, e iniciando a movimetação em direção de ter-se um Corinthians chinês, desenvolvendo ações de marketing conjuntas e muito mais.

5 – Reestruturação do marketing

– Além das propostas citadas no item anterior, buscaremos identificar no mercado patrocinadores interessados na montagem de equipes profissionais competitivas em outras modalidades além do futebol, a exemplo do vôlei, fazendo o mesmo com basquete e demais esportes. Também iremos entrosar todas as áreas com a de comunicação, de modo a ter mais dinâmica e interação nas redes sociais. Outra proposta é renegociar com o Ministério Público o compromisso de utilização de nossa marca para apoiar instituições filantrópicas e honrar nosso acordo referente à construção da Arena.

6 – Benefícios aos sócios

– O programa Fiel Torcedor será renovado, criando benefícios além dos ingressos. Já aos associados do clube, vamos iniciar a venda de ingressos pela internet a quem estiver adimplente (este benefício já foi oferecido a assessores e conselheiros).

7 – Modernização da Arena e sua gestão

– Possuímos um arrojado projeto de buscar a junção da nossa arena a um shopping e um centro de convenções, podendo, assim, auferir ganhos com o batismo dela por uma marca famosa (naming rights). Juntaremos isso a uma gestão com profissionalismo, especialização e agressividade comercial. Renegociar o comando difuso que hoje prevalece entre o clube, a construtora e a administradora, assumindo tal comando para que haja foco na obtenção dos melhores resultados.

8 – Aumentar receitas

– A gestão terá como diretrizes: crescimento das receitas com marketing em 20% ao ano; revisão e renegociação dos contratos de patrocínio e licenciamento; auditoria plena sobre todos os contratos de patrocínio e licenciamento.

9 – Diminuir despesas

– Vamos refazer o orçamento, para Base Zero; cortar em 20% os gastos administrativos; estabelecer junto ao futebol uma política com base em média salarial e medição de desempenho.

10 – Parque São Jorge

– Teremos como pilar de nossa gestão a modernização das instalações do clube, adaptando-o às novas exigências legais, enfatizando o complexo aquático, academia, vestiários, quadras poliesportivas e campos de futebol. Também iremos melhorar a segurança, ampliando o sistema de monitoramento por meio de câmeras.

Andrés Sanchez, novo presidente do Corinthians (Foto: Marcelo D. Sants / Framephoto / Estadão Conteúdo)

Andrés Sanchez, novo presidente do Corinthians (Foto: Marcelo D. Sants / Framephoto / Estadão Conteúdo)

Conselho eleito

Houve votação também para o Conselho. As oito chapinhas mais votadas, com 25 integrantes cada, ocupam as 200 vagas. As outras duas chapas são suplentes

Chapinhas eleitas:

  1. 1 – 22 Preto no Branco – 412 votos
  2. 2 – 11 Fieis Escudeiros – 274
  3. 3 – 10 – Renovação e Transparência – 232
  4. 4 – 21 – Inteligência Corinthiana – 184
  5. 5 – 25 – Mosqueteiros – 179
  6. 6 – 15 – Tradição Corinthiana – 169 votos
  7. 7 – 82 – Corinthians Supremo – 162
  8. 8 – 77 – São Jorge – 161

Suplentes

  1. 9 – 23 – Resgata Corinthians – 140
  2. 10 – 18 – Aqui É Corinthians – 133