Além dos prejuízos à saúde de quem fuma, o uso e o cultivo de tabaco também causam impactos no meio ambiente e nos trabalhadores de sua cadeia produtiva, aponta uma campanha lançada hoje (31) pelo Centro de Estudos sobre Tabaco e Saúde (Cetab) da Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca (Ensp/Fiocruz). Nesta terça-feira 931), é comemorado o Dia Mundial Sem Tabaco, e os pesquisadores ressaltam que o desmatamento para o plantio e o descarte pós-consumo são graves problemas ambientais.
O Cetab foi designado como Centro de Conhecimento da Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco (CQCT) da Organização Mundial da Saúde (OMS) em temas que dizem respeito à proteção do ambiente e da saúde das pessoas durante o cultivo do tabaco e a fabricação dos produtos derivados e no o apoio a alternativas economicamente viáveis à produção do fumo.
“Segundo a OMS, estima-se que 1,5 bilhão de hectares de florestas já tenham sido perdidos devido ao cultivo do tabaco desde a década de 1970; hoje, 200 mil hectares de terra são desmatados todos os anos para este fim”, afirma a Fiocruz. “Em muitos países, é a mata nativa que segue sendo destruída. Ao mesmo tempo, solo, ar e água são poluídos, especialmente devido ao uso de agrotóxicos.”
A campanha alerta que, por ano, 766,5 mil toneladas de bitucas de cigarro são despejadas no meio ambiente e que seus filtros estão entre os tipos de lixo plástico mais comum nos oceanos.
Outro ponto levantado é a exposição de agricultores a agrotóxicos e à nicotina presente nas folhas verdes do tabaco, que também causa problemas de saúde.
De acordo com o pesquisador Marcelo Moreno, 11,2% dos casos de intoxicação por agrotóxicos agrícolas no Brasil ocorreram na fumicultura, à frente de 8,5% da soja e 7,6% do café.
Edição: Nádia Franco