O Ministério Público da Hungria pediu que o governo brasileiro envie, até o dia 2 de agosto, documentação para formalizar o pedido de extradição do ex-major da Polícia Militar de Mato Grosso do Sul, Sérgio Roberto de Carvalho, considerado um dos maiores traficantes internacionais de drogas.
O ex-major foi preso em Budapeste no dia 21 de junho.
A Polícia Federal já iniciou os trâmites para a extradição do narcotraficante junto a Justiça Federal do Paraná, que expediu o mandado de prisão.
O processo foi encaminhado para o Ministério da Justiça, que deve enviar a documentação para a formalização até o início do mês que vem, quando expira o prazo da prisão temporária para a extradição.
Conforme informações, ao menos outros dois países reclamam a extradição de Carvalho para responder pelos crimes praticados em terras estrangeiras, Espanha e Portugal.
Conhecido como Pablo Escobar Brasileiro, Carvalho estava foragido e foi preso em um hotel, na capital da Hungria, em ação de cooperação internacional Polícia Judiciária de Portugal, da Polícia Federal brasileira, da Europa e da Interpol.
No momento da prisão, ele apresentou passaporte falso do México, onde constava outro nome, mas a identidade verdadeira foi confirmada por meio das impressões digitais.
Ele é acusado de tráfico internacional de drogas, lavagem de dinheiro, fraude documental e homicídio, com fortes ligações ao crime organizado.
A prisão do ex-major foi realizada após investigações desenvolvidas no âmbito da Operação Enterprise, deflagrada pela Polícia Federal em 2020, que culminou na expedição de mandados de prisão para Carvalho e outros investigados, bem como na apreensão de mais de R$ 500 milhões da organização criminosa da qual ele era líder.
Histórico
O ex-major ingressou na Polícia Militar de Mato Grosso do Sul no fim da década de 1980 como comandante do Batalhão Militar de Amambai, área de fronteira do Estado com o Paraguai.
Na década de 1990, Carvalho já estava envolvido com atos ilícitos, como o contrabando de pneus. Anos depois, o ex-major foi pego contrabandeando uísque.
Em 1997, Carvalho já transportava cocaína da Colômbia e da Bolívia até o interior de São Paulo. No mesmo ano, o ex-major foi transferido para a reserva remunerada da Polícia Militar de MS.
No ano seguinte, foi condenado a mais de 15 anos de prisão pelo tráfico de 237 quilos de cocaína.
Após um longo processo e perda de seu posto e patente, sua aposentadoria foi suspensa em 2010. No entanto, em 2016, conseguiu reaver na Justiça o benefício de R$ 9,5 mil mensais.
Em 2019, o narcotraficante foi novamente condenado, desta vez a 15 anos e três meses de prisão, por usar laranjas em empresas de fachada para movimentar R$ 60 milhões.
O ex-policial militar também foi condenado, em 2008, a 15 anos de prisão por tráfico de drogas. No Brasil, o Porto de Paranaguá (PR) era o preferido da quadrilha de Carvalho para as remessas de drogas ao Velho Continente.
No território europeu, os integrantes da organização criminosa escolhiam com maior frequência o Porto de Antuérpia, na Bélgica, e depois o de Roterdã, na Holanda.
Em janeiro deste ano, o ex-major também passou a ser investigado, na Europa, por fraudar um atestado de óbito, tentando forjar a própria morte para escapar da justiça europeia, onde responde a processos criminais em vários países.
O ex-policial militar é apontado como o eixo de várias organizações criminosas por ter conseguido introduzir cocaína na Europa, Ásia e África.
FONTE: CORREIO DO ESTADO