Lucas Abbage, filho de uma das condenadas do Caso Evandro, morreu em troca de tiros com policiais civis, nesse sábado (10), em Fátima do Sul.

Condenado a 82 anos de prisão por crimes de homicídio, ele estava foragido da Penitenciária Estadual de Dourados (PED) desde o dia 3 de setembro.

Em entrevista coletiva, a delegada de Fátima do Sul, Gabriela Vanoni, disse que desde que após a fuga da PED, o núcleo de Inteligência da Polícia Civil de Dourados, em conjunto com Fátima do Sul, localizaram ele na cidade.

Mandado de prisão foi expedido e policiais foram até a residência onde ele estava para dar cumprimento ao mandado.

“Quando os policiais adentraram a residência, foram recebidos com tiros por parte do fugitivo, então a polícia fez o uso necessário, de forma a garantir integridade física dos policiais, e reagiram”, disse a delegada.

Luccas Abbage foi atingido pelos disparos e socorrido com vida até o hospital da cidade, mas não resistiu aos ferimentos e morreu na unidade de saúde.

A arma utilizada pelo criminoso foi apreendida e será periciada.

Ele estava sozinho na residência no momento da ação. Nenhum policial ficou ferido.

Investigações agora seguem para apurar se a casa foi alugada ou se algum familiar cedeu para que ele se escondesse.

“É crime quando você dá esse suporte para o favorecimento real ou pessoal. Então ,por esse motivo as investigações continuam em andamento, porque muitas vezes esses criminosos tem auxílio de outras pessoas e faremos as investigações para também localizar essas outras pessoas”!, explicou a delegada.

Luccas Abbage era filho de Beatriz Abagge, umas das acusadas pelo assassinato do menino Evandro Campos.

Prisão em MS

Luccas Abagge foi preso no dia 18 de junho deste ano, após tentar entrar em Ponta Porã com documento falso.

O documento que o criminoso utilizava constava o nome de Evandro Oliveira Ribeiro, o mesmo primeiro nome do menino assassinado em 1992, em Guaratuvba, interior de São Paulo, e o qual a mãe dele é condenada por participação.

Na ocasião, Abbage estava com a mulher em um Chevrolet Celta, com os faróis apagados, e foi abordado por policiais, tendo entregue uma Carteira Nacional de Habilitação (CNH) falsa.

Após consultar a base de dados da Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran), os oficiais constataram a irregularidade na documentação de Luccas Abagge.

A esposa afirmou não saber sobre o passado criminoso do namorado e que pensava que ele de fato se chamava Evandro.

A mulher foi liberada e Abbage foi encaminhado para Penitenciária Estadual de Dourados.

Fuga

No dia 3 de setembro, Lucas Abbage fugiu do presídio.

Ele estava alojado na cela 29 do Raio 2, área destinada aos ligados ao Primeiro Comando da Capital (PCC).

Segundo informações, o detento altamente perigoso e com histórico de fugas, seria transferido em breve para um dos novos presídios de Campo Grande, que possui segurança reforçada.

Para fugir, Luccas utilizou uma “teresa”, corda artesanal construída de pedaços de pano, com uma barra de ferro pontiaguda na ponta.

O detento conseguiu passar por dois alambrados e escalar a muralha da penitenciária.

Condenações

Há três anos, em janeiro de 2019, Abagge foi condenado a 54 anos de prisão por um homicídio cometido em 2016.

Em julho do mesmo ano, foi novamente julgado e condenado a outros 32 anos por um segundo homicídio, bem como uma tentativa de homicídio em 2015.

Ambos os crimes foram em Curitiba, capital do Paraná.

Caso Evandro

Evandro Ramos Caetano, então dado como desaparecido, foi assassinado em Guaratuba em 1992, cidade litorânea do Paraná.

Poucos dias após o desaparecimento, o garoto foi encontrado mutilado, vítima de um ritual que condenou Beatriz Abagge, mãe de Lucas.

Além dela, Celina Abagge, Osvaldo Marcineiro, Vicente de Paula Ferreira e Davi dos Santos Soares foram condenados pelo crime.

Segundo a acusação, a criança foi sacrificada para “abrir os caminhos” para a política e os negócios da família Abagge.

O caso teve grande repercussão na década de 90 e voltou a repercutir após a investigação aprofundada do jornalista Ivan Mizanzuk resultar em podcast e depois na série televisiva “O Caso Evandro”.

 

FONTE: CORREIO DO ESTADO