Quadrilha especializada em roubo de joias em condomínios de alto padrão, em Campo Grande, vendia os objetos para receptores no estado de São Paulo. Organização foi identificada pelo delegado Jackson Vale, responsável pela Operação Patrimonium, deflagrada pela Delegacia Especializada de Roubos e Furtos (Derf) e que prendeu o grupo.
De acordo com o delegado, as duas mulheres que faziam parte da quadrilha eram as responsáveis por levar os produtos dos furtos para o estado vizinho e vendê-los para receptadores. Elas são mãe e filha, uma é a namorada do mentor da quadrilha.
As investigadas ainda tinham o papel de lavar o dinheiro e fazer a divisão dos valores entre os outros membros do grupo.
Assim como o restante da quadrilha, as acusadas estão presas preventivamente na Derf e passarão por audiência de custódia hoje.
“O mentor intelectual desta quadrilha cooptou várias pessoas, entre amigos, esposa, cunhado e a sogra. Então, a maior parte das pessoas que formavam a quadrilha eram da mesma família”, detalhou.
A quadrilha vendia os objetos de valor roubados para receptadores em cidades do interior de São Paulo, e com o fruto dos crimes começaram a ostentar um estilo de vida luxuoso na internet.
“Nas redes sociais, eles postaram fotos com lanchas no litoral com toda a família. Todos se divertiam às custas do dinheiro das vítimas”, apontou o delegado.
Vale ainda esclarece que os membros desta quadrilha já tinham sido presos em abril deste ano. As investigações que levaram às prisões começaram após o registros de quatro furtos seguidos em casas localizadas dentro de condomínios de luxo da Capital.
Entretanto, como ainda eram réus primários, a Justiça decidiu libertá-los condicionalmente, inclusive com monitoramento eletrônico.
“Até este momento da prisão, em abril, tinha o registro de crimes em quatro casas. Eles acabaram conseguindo a liberdade provisória e, em seguida, houve mais duas ocorrências de furtos em condomínios de luxo: uma no Vila Parque e outra no Terras do Golfe”, esclareceu.
Dessa forma, a polícia conseguiu perceber de forma rápida que, nesses outros casos, havia o mesmo modo de operação, o que indicava que os crimes foram cometidos pelas mesmas pessoas.
“As investigações davam elementos suficientes de que eram as mesmas pessoas. Dessa forma, o Judiciário entendeu da mesma forma e decretou a prisão preventiva de todos os integrantes”.
Na operação deflagrada ontem, todos os seis mandados de prisão preventivas foram cumpridos. Mas oito pessoas acabaram presas em flagrante.
Isso porque, no momento da prisão, a polícia encontrou um homem, que é pai do mentor do grupo, que estava foragido da polícia, e um outro, que é suspeito de participar de uma tentativa de furto em uma casa no domingo (11).
SISTEMA DE SEGURANÇA
Segundo a confissão dos acusados, as casas eram escolhidas de forma aleatória, entretanto, a polícia notou que todas as residências que se tornaram alvo dos criminosos não tinham nenhum sistema de segurança e estavam localizadas próximo ao muro dos residenciais.
Portanto, os criminosos, após observar a movimentação do local com ajuda de outras pessoas do grupo que trabalhavam em obras nos residenciais, escolhiam os dias e os horários em que a vizinhança estava mais tranquila para realizarem os crimes.
“Eles davam preferência para os fins de semana, ou seja, sexta-feira, sábado e domingo, no começo da noite. Eles ainda verificavam se os moradores não estavam em casa no momento do assalto, observando a presença de carros na garagem ou luzes acessas”, disse.
Os suspeitos cortavam as cercas elétricas, escalavam o muro do condomínio em questão e roubavam casas que eram mais vulneráveis por não terem sistema de segurança, como muros, câmeras e alarmes.
Além disso, a investigação ainda apontou que os ladrões davam preferência por encontrar o cofre onde as vítimas guardavam dinheiro e joias, que posteriormente seriam vendidas, mas também levavam televisão, computadores e outros itens.
A polícia ainda não realizou o levantamento de quanto foi o prejuízo, mas uma das vítimas alegou ter perdido aproximadamente R$ 500 mil em objetos e dinheiro roubado.
PATRIMONIUM
Durante a operação, a polícia ainda apreendeu seis carros, diversos objetos de valor, como celulares, joias e relógios, bem como documentos e quantias de dinheiro em espécie.
“Tínhamos a informação de que o líder da associação criminosa e mais uma pessoa tentou assaltar uma casa neste fim de semana, havia imagens, e as diligências foram ininterruptas a ponto de conseguirmos prender em flagrante os dois pela prática desse crime”, contou Vale.
O delegado acrescenta que a operação fez buscas em endereços ligados aos suspeitos e quando chegaram a um desses locais encontraram o mesmo carro que aparecia nas imagens da tentativa de furto do fim de semana.
Os presos foram encaminhados à Derf, onde foram formalmente indiciados pela prática de seis furtos qualificados, associação criminosa e uma tentativa de furto qualificado.
FONTE: CORREIO DO ESTADO