Desde 2013, a Polícia Militar realiza treinamentos para prevenir crimes do tipo “novo cangaço” – quando criminosos invadem cidades pequenas e muitas vezes pouco policiada para fazer roubos de grandes quantias.

A partir de agora, porém, Mato Grosso do Sul fará esses treinamentos envolvendo todas as forças de segurança pública do Estado. O objetivo principal é unificar as corporações de forma que os criminosos não consigam sair das cidades e evitar a morte de militares e civis durante o embate.

Grupo de trabalho foi oficializado pelo governo do Estado na edição de ontem do Diário Oficial, com integrantes da Polícia Civil, da Polícia Militar, do Corpo de Bombeiros, entre outros órgãos.
Segundo o tenente-coronel Vinícius de Souza Almeida, comandante do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope), a corporação já faz esse trabalho há nove anos, como uma forma de prevenção e também de evitar que vidas sejam perdidas durante a ação dos criminosos.

“A PM faz serviço de prevenção e também de instrução para toda a tropa de como proceder se alguma cidade for vítima dessas ações, como ‘novo cangaço’ e domínio de cidades. Começou porque antes havia muito policial morto por essas quadrilhas durante essas invasões, porque eles chegam mais potentes momentaneamente que a polícia local. E desde 2015 começamos a fazer um simulado dessas ações. A gente treina e orienta os policiais para não serem mortos em confronto e evitar que civis morram também”, explicou o tenente-coronel.

Esses planos de defesa são criados pela polícia local são e aprimorados com a ajuda do Bope. Agora, no entanto, todas as forças de segurança pública do Estado participarão da elaboração desses planos, cada uma em sua área.

“Como envolve todos os órgãos de segurança, a gente está mostrando por meio do simulado que está preparado para o caso de esses criminosos invadirem. Esse novo grupo eleva a estrutura, que antes era só da Polícia Militar, para todos os órgãos de segurança. Antes, a PM chamava essas partes; agora, todos eles farão o plano juntos, isso só vai agregar, só vai deixar o projeto mais forte e mostrar para o criminoso que as entidades de segurança estão unidas e preparadas, o que vai desestimular a prática criminosa”, avalia.

De acordo com a publicação do Diário Oficial, fazem parte do grupo, além do comandante do Bope, o perito criminal Nelson Fermino Junior; o delegado da Polícia Civil João Paulo Sartori; o tenente-coronel e diretor de Operações do Centro Integrado de Operações de Segurança (Ciops), Luis Antonio Sá Braga; o tenente Joelson Nobre Limeira Lazzari, do Departamento de Operações de Fronteira (DOF); Rangel Schveiger, da Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário (Agepen); o coronel Denny Augusto Ferreira Cavalcanti, do Corpo de Bombeiros; e Halison da Silva Araujo, da Superintendência de Assistência Socioeducativa (SAS).

O grupo de trabalho deve criar um plano de defesa para o enfrentamento da atuação de quadrilhas que cercam as cidades pequenas. No geral, a repressão inclui aprimoramento de ações de inteligência, com o objetivo de tentar combater os crimes ainda na fase de planejamento.

Só com os treinamentos realizados pelo Bope, a corporação afirma que esse tipo de crime tem reduzido no Estado. “Os bandidos têm preferido atacar furtivamente, e não frequentemente, isso já é um fruto do plano apresentado pelas cidades”.

Souza frisou que os últimos crimes realizados na modalidade “novo cangaço” ocorreram em Mato Grosso do Sul em 2019, quando uma quadrilha explodiu carros-fortes do interior do Estado.

O último treinamento do Bope foi feito em Naviraí, e Souza afirma que ainda este ano devem acontecer simulados em Dourados e Ponta Porã.

FRONTEIRA

De acordo com Souza, as áreas de maior perigo e com maior probabilidade de ocorrência desse tipo de crime são os municípios fronteiriços, tanto com outros estados como com outros países.

Neste caso, o trabalho deve ser feito em conjunto com as forças policiais desses locais, conforme o comandante do Bope. “Potenciais alvos são cidades na divisa e fronteira do Estado e, nesses casos, o que devemos fazer é unir força de segurança dos estados ou países”.

SAIBA

Ao Correio do Estado, o titular da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública, Antonio Carlos Videira, já havia afirmado que há uma tendência de aumento desses tipos de crimes.

 

FONTE: CORREIO DO ESTADO