Pesquisadores, flagra o vírus da Covid surgindo em pacientes.

Pesquisadores brasileiros registraram ao vivo os efeitos do novo coronavírus no sistema circulatório de pacientes graves.

Com ajuda de um microscópio especial, eles fizeram um exame que foi capaz de captar a formação de trombos (pequenos coágulos) embaixo da língua de pessoas com Covid-19.

Até o momento, havia apenas suspeitas de que a Covid-19 afetava os vasos sanguíneos.

A hipótese surgiu após autópsias nos pulmões de mortos pela doença.

Houve também casos em que os profissionais identificaram a presença de isquemia nos dedos dos pés em pacientes ainda acamados.

A situação ocorre quando o sangue não consegue chegar a alguma parte do corpo. Nesse caso, o membro fica com a coloração roxa.

Os cientistas duvidavam se o problema era mesmo causado pelo vírus ou pelos longos dias de internação.

Contudo, médicos do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa de São Paulo (Fapesp) encontraram os trombos em pacientes no primeiro dia dentro do hospital.

Não há como fazer o exame no pulmão de uma pessoa viva, pois seria um procedimento muito invasivo, então optou-se pela região sublingual, que tem a presença de vários vasos sanguíneos.

Os pesquisadores chegaram a ver a circulação sendo interrompida no exato momento do exame, diante dos olhos deles. Além disso, os quadros clínicos de todos os voluntários se agravaram e todos acabaram intubados posteriormente.

MUDA ALGUMA COISA?

A descoberta reforça a possibilidade do uso de anticoagulantes em pacientes críticos. O remédio “afina” o sangue, facilitando com que ele siga seu caminho.

A medida já vem sendo aplicada no Hospital Sírio-libanês em parceria com médicos da Universidade de São Paulo (USP) há alguns meses.

Entre as melhores opções estudadas contra a Covid-19 nesses casos está a heparina, um dos medicamentos do tipo mais usados no mundo.

Cientistas de Ribeirão Preto estão analisando os efeitos dele no tratamento para o novo coronavírus.

Outro benefício dessa pesquisa é que hospitais que têm condições de fazer o exame, poderão saber precocemente os casos que tendem a se agravar.

O microscópio usado é equipado com uma luz polarizada capaz de captar células e vasos sanguíneos. Seria uma forma de se estar à frente da doença.

POR QUÊ?

Pesquisadores acreditam que os efeitos do novo coronavírus no sistema circulatório está relacionado à resposta imune do próprio organismo, que em certos casos acontecem de forma descontrolada e exacerbada.

As plaquetas presentes na circulação começam a se agregar, os trombos formados obstruem os pequenos vasos do pulmão e causam microinfartos. As regiões do tecido que morrem por falta de irrigação dão lugar a tecido cicatricial (fibrose).

Na sequência, os microtrombos que se formam na interface do alvéolo pulmonar com os vasos sanguíneos impedem a passagem do oxigênio para as pequenas artérias, prejudicando a oxigenação do sangue.

O resultado do estudo em Ribeirão Preto foi publicado na medRxiv e ainda não foi analisado pelos pares.

 

FONTE: CORREIO DO ESTADO