Railson de Melo Ponte, o “Maranhão” foi condenado a 18 anos e 10 meses de prisão pelo homicídio do pesquisador Danilo Cezar de Jesus Santos.

O julgamento iniciou na manhã desta quarta-feira (20), na 2ª vara do Tribunal do Juri em Campo Grande e durou mais de seis horas, se estendendo por parte da tarde.

O pesquisador da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), Danilo Cezar, foi morto a pedradas por Maranhão no dia  05 de março de 2023.

Conforme noticiado pelo Correio do Estado, a primeira depoente foi a mãe do pesquisador, que descreveu o filho como “amoroso e prestativo” e uma pessoa que ajuda nos cuidados da avó que está acamada.

O delegado que conduziu as investigações à época do caso, José Roberto de Oliveira Júnior, discorreu acerca do trabalho realizado pela polícia que conseguiu rastrear o passo a passo de momentos que antecedam ao crime por meio de câmeras de segurança.

Como também relatou o comportamento de Maranhão, preso no dia em que o corpo de Danilo foi localizado na região central de Campo Grande.

Durante as investigações, Railson (o Maranhão) confessou que matou o pesquisador, no entanto, durante o julgamento negou que tenha sido responsável pelo crime e chegou a dizer que foi obrigado pelos agentes a inventar uma versão para o caso.

Ainda durante o julgamento, o réu entrou em contradição ao dizer que não manteve relações sexuais com o pesquisador. A versão caiu por terra pelos laudos periciais apresentados que encontraram indício de fluidos sexuais.

Além dos 18 anos e 10 meses de reclusão, o juiz também impôs o pagamento de 50 dias de multa, o equivalente a 1/30 (um trinta avos) do salário-mínimo vigente à época dos fatos. Assim como pagamento de R$ 15 mil de reparação mínima de danos.

A sentença foi dada pelo juiz Aluizio Pereira dos Santos, titular da 2ª Vara do Tribunal do Júri de Campo Grande.

Relembre o crime

Ainda na data dos fatos, a principal linha de investigação adotada pela polícia era justamente o “crime de ódio”, homofobia, uma vez que Danilo – como bem ressaltou a mãe na manhã de hoje (20) – não tinha o costume de sair sem avisar ou passar dias longe de casa.

Ele chegou a ser considerado como desaparecido por cerca de três dias, com uma verdadeira força tarefa montada por amigos e família, que inclusive auxiliaram nas investigações com a obtenção de imagens apuradas posteriormente pela Polícia Civil.

Pesquisador formado em Ciências Sociais pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), Danilo era mestrando e bolsista da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).

Tendo alcançado inclusive bolsa pelo Programa de Iniciação Científica do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (PIBIC/CNPQ), tinha compromisso intelectual com a colaboração em grupos de pesquisa, como no Laboratório de Antropologia Visual Alma do Brasil (LAVALMA) e o Grupo de Estudos Fronteiriços (GEF), ambos da UFMS.

Sociedade

Importante lembrar que o assassinato de Danilo foi lembrando, em nota de pesar apresentada à época na Câmara dos Vereadores, iniciativa que partiu do vereador Beto Avelar (PSD) e foi aprovada em plenário.

Relembre a moção na íntegra

“Moção de pesar aos familiares de Danilo César de Jesus Santos, o sempre doce e alegre Dan, como era mais conhecido, que com apenas 29 anos veio a falecer tragicamente, deixando destruídos e inconsoláveis.

Danilo era graduado em Ciências Sociais e cursava mestrado. Fazia parte do laboratório de antropologia visual Alma do Brasil e do grupo de estudos fronteiriços da UFMS. Sempre educado, doce, crítico ao cenário social e político.

Dan era LGBTQIA+, o qual combatia o preconceito e edificava a ciência, que perde então uma voz que contribuiria significativamente para a nossa sociedade.

Ele parte deixando a sua mãe, dona Maria Lúcia, e a todos nós muitas lições de amor, inclusão e coletividade, fica seu legado de uma linda luta por uma sociedade melhor, além da admiração e saudade por todos que o conheceram.

O Dan, vamos chamar de Dan carinhosamente, como até, inclusive meu filho que também é homossexual e convivia com ele”.

 

FONTE: CORREIO DO ESTADO