Railson de Melo Pontes, conhecido como “Maranhão” – condenado a mais de 18 anos pela morte do pesquisador Danilo Cezar de Jesus Santos – passou menos de um mês preso até ser asfixiado e morto pelos próprios colegas de cela na madrugada de domingo (07), na penitenciária Gameleira em Campo Grande.

Ainda em 20 de março, a 2ª vara do Tribunal do Juri em Campo Grande leu a condenação de “Maranhão” que previa 18 anos e 10 meses totais de prisão, entretanto sua morte se deu 19 dias depois, como aponta o boletim de ocorrência.

Conforme o documento, às 03h45 de domingo (07) os policiais penais foram chamados ao pavilhão 1 em que Railson cumpria pena, na cela dois da ala de disciplina.

Cumpriam pena na mesma cela de “Maranhão” os detentos, Gabriel Chaves da Silva e Geilson Rodrigues Santos, que respondiam até então pelo crime de tráfico de drogas.

Os policiais que acompanharam a ação descreveram em boletim de ocorrência que, após serem acionados, isolaram Gabriel e Geilson para identificar e averiguar posteriormente a situação do detento que foi avistado caído próximo à privada da cela.

Ainda, a perita Thayla de Arruda Venância constatou, após perícia técnica, que Railson apresentava lesões e marcas na região do pescoço, que indicavam uma morte por asfixia.

Questionados, prontamente os dois outros detentos assumiram a autoria pelo crime, apresentando ambos a mesma versão para o ocorrido, dizendo que um deles teria segurado Railson para imobilizá-lo enquanto o outro asfixiou o condenado até a morte.

Relembre o crime

Em 05 de março de 2023 o corpo do pesquisador Danilo Cezar foi encontrado, morto a pedradas, causando comoção na sociedade local, inclusive por moção de pesar, apresentada à época pelo vereador Beto Avelar (PSD).

Pesquisador formado em Ciências Sociais pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), Danilo era mestrando e bolsista da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).

Tendo alcançado inclusive bolsa pelo Programa de Iniciação Científica do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (PIBIC/CNPQ), tinha compromisso intelectual com a colaboração em grupos de pesquisa, como no Laboratório de Antropologia Visual Alma do Brasil (LAVALMA) e o Grupo de Estudos Fronteiriços (GEF), ambos da UFMS.

Danilo chegou a ser considerado como desaparecido por cerca de três dias, com uma verdadeira força tarefa montada por amigos e família, que inclusive auxiliaram nas investigações com a obtenção de imagens apuradas posteriormente pela Polícia Civil.

Ainda na fase de inquérito, Railson confessou aos policiais que matou o pesquisador, porém, na manhã em que foi condenado, negou ser responsável pelo crime e disse ter sido obrigado pelos agentes a inventar uma versão para o caso.

Além dos 18 anos e 10 meses de reclusão, o juiz também impôs o pagamento de 50 dias de multa, o equivalente a 1/30 (um trinta avos) do salário-mínimo vigente à época dos fatos. Assim como pagamento de R$ 15 mil de reparação mínima de danos.

A sentença foi dada pelo juiz Aluizio Pereira dos Santos, titular da 2ª Vara do Tribunal do Júri de Campo Grande.

 

FONTE: CORREIO DO ESTADO