Após o desafio de julho, quando o comércio varejista de Mato Grosso do Sul registrou uma retração de 2,8% – no comparativo com junho deste ano,
conforme aponta a Pesquisa Mensal do Comércio (PMC) divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) –, os lojistas de Campo Grande demonstram otimismo quanto ao futuro, indicando um crescimento promissor para o setor.

Impulsionados por novas estratégias e eventos sazonais, os comerciantes ressaltam que julho foi bem parado na região central da Capital, contudo,
a partir de agosto, o segmento passou a registrar reação para alguns estabelecimentos comerciais, como relata a gerente da loja Avenida no Centro, Nathalie Cristina Cunha.

“Começou a melhorar para a gente depois do dia 5, pois vinhamos de um período de queda realmente. Em julho e agosto foi ruim, tanto que a gente não conseguiu nem entregar o nosso compromisso de venda”, revela a gerente.

Já para os próximos meses, Nathalie enfatiza que há uma expectativa muito melhor. “Contamos com campanhas ativas e realmente estamos apostando nessa virada de resultado”, declara a varejista em entrevista ao Correio do Estado.

Para José Ronildo, gerente comercial da Loja Gazin, o ano já apresentou um crescimento em relação a 2023. “Agora a gente teve julho, que ele foi bom, mas não tanto quanto esperávamos”, explica, acrescentando que este mês começou com um movimento de vendas acima de 12%.

“Nós sentimos que está tendo evolução, que é uma coisa normal, que um movimento normal para o segundo semestre de todos os anos. A tendência é de que ocorra essa alavancada com a aproximação das festas e também das promoções tradicionais de fim de ano, como é o caso da Black Friday”, analisa.

Líder de Vendas na loja Passaleti, Lucas Matheus detalha que, em relação a julho, a movimentação comercial estava um pouco abaixo do esperado. Porém, em relação a junho, ao comparar as vendas de agosto, ele afirma terem sido muito melhor.

“Para os próximos meses, as perspectivas são otimistas, com projeção de aumento de 12% para este mês em relação a setembro de 2023”, diz.
Com relatos negativos referentes a julho e ainda na contramão das boas expectativas para setembro, há comerciantes que projetam dificuldades no varejo de Campo Grande.

“Não aconteceu conforme a gente esperava, a gente esperava muito mais. Foi bem menos do que no ano passado as vendas de junho e julho”, aponta Jânio Araújo, gerente da Montreal Magazine. Igualmente descrente com a movimentação do comércio da região central de Campo Grande, Débora Torres, gerente da loja Uzze, conta que em julho realmente houve um momento crítico para o volume de vendas. “A gente vai ter que correr atrás, é dia por dia para ver se dá uma melhorada nas coisas”, conclui.

PESQUISA

O desempenho negativo do Estado contrasta com o crescimento nacional de 0,6% distribuído em seis categorias, incluindo artigos farmacêuticos e de perfumaria, além de móveis e eletrodomésticos.

Apesar desse cenário, o acumulado anual de MS é positivo, com um crescimento de 7,9%, enquanto a variação dos últimos 12 meses fecha em 4,9% (considerando os números de julho).

Ao relacionar o ajuste sazonal, porém, o desempenho de julho representa a 11ª marca positiva seguida, com o comércio apresentando desempenho 4,4 pontos porcentuais (p.p) melhor que o registrado ainda em junho.

No indicador de varejo ampliado – que considera veículos, motos, partes e peças, material de construção e atacado de produtos alimentícios,
bebidas e fumo –, a queda foi ainda maior em julho (4,8%).

O volume de vendas teve alta de 4,1%, enquanto o índice acumulado em 12 meses também caiu – exatos 4,9 p.p –, com variação acumulada no ano batendo 0,4%.

No País, apenas 15 dos 27 estados registraram bom desempenho entre os índices de junho e julho.

VENDAS ON-LINE

Parte do novo comportamento de compra de consumidores em todo o mundo, no Estado a modalidade de vendas on-line movimentou ao longo
de 2023 um total de R$ 1,1 bilhão, conforme aponta o Observatório do Comércio Eletrônico Nacional do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços.

Para uma parcela dos lojistas, as vendas digitais já são parte do cotidiano de vendas e não interfere na comercialização física, uma vez que grande parte dos comércios já se adequou e também conta com a opção de vendas on-line.

O gerente comercial das lojas Gazin ressalta que o estabelecimento é exemplo de uma boa adaptação para o ambiente digital. “Aqui o cliente tem experiência física, porém, praticamente tudo digital [também]. Então, o consumidor consegue vir na loja, escolher o produto, ir para casa dele, e ele faz toda a compra tanto pelo cartão quanto pelo carnê sem que ele venha até a loja”, detalha Ronildo.

Para ele, o varejo de forma geral se adaptou bem à nova dinâmica de compras.

“A adaptação aconteceu porque é uma situação que tende somente a evoluir, não tem volta. O que temos que fazer é criar a melhor experiência possível para o nosso cliente, tanto o que vem na loja quanto o que não vem, para que essa experiência possa facilitar
a vida dele”, pontua.

Gerente da loja Barão Calçados, Thais Ribeiro afirma que mudanças fazem parte do cotidiano comercial, destacando que cabe aos comerciantes se adaptarem. “Lá atrás quando teve a pandemia [de Covid-19], pode ter sido complicado, mas atualmente cada tipo de compra já tem seu espaço no mercado”, argumenta.

DIA DAS CRIANÇAS

O Dia das Crianças é uma das datas que prometem aquecer as vendas do comércio da Capital neste ano. Em entrevista ao Correio do Estado, lojistas da região central já se movimentam para o aumento das vendas.

Thais relata que as comemorações costumam gerar bons resultados. “Já estamos abastecidos com novidades para o dia 12 e esperamos que aumente as vendas pelo menos em 10% na comparação com um mês normal de vendas”, diz.

A gerente da loja Avenida conta que a comemoração é um das mais aguardadas. “Assim como o Dia das Mães, o Dia das Crianças costuma ser muito bom para o comércio, e contamos que essa movimentação seja mantida”, afirma Nathalie.

Destacando o incremento no comércio do Estado, dados divulgados pelo Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento (IPF-MS) da Fecomércio de Mato Grosso do Sul apontam que R$ 356,98 milhões serão injetados na economia sul-mato-grossense no Dia das Crianças, comemorado em 12 de outubro.

Saiba

Setor de serviços tem recuo

No segmento de serviços, após uma alta de 3,0% em junho, o volume de atividades em MS caiu 0,3% na passagem para julho.  Em comparação com o mesmo mês do ano passado, a retração foi de 5,4%,  e o indicador acumulado do ano mostra uma diminuição de 4,7% em relação a 2023.  Além disso, o crescimento dos últimos 12 meses caiu de 2,8% em junho para 1,9% em julho.

 

FONTE: CORREIO DO ESTADO