A entrevista dessa semana do programa Vida Saudável é com o médico Alexandre Cury, coordenador e professor do Curso de Medicina na Uniderp, especialista pela Sociedade Brasileira de Otorrinolaringologia e Associação Médica Brasileira. Ele fala sobre o Novembro Laranja, mês de prevenção e combate à surdez. Ouça a entrevista neste link.
Anualmente, o dia 10 de novembro marca as ações de conscientização de problemas auditivos. Segundo dados do Relatório Mundial sobre Audição da Organização Mundial de Saúde (OMS), estima-se que até 2050, uma média de 2,5 bilhões de pessoas no mundo viverão com perda auditiva.
O Dia Nacional de Prevenção e Combate à Surdez foi instituído por meio de portaria do Ministério da Saúde, desde 2017, e simboliza a luta pela educação, conscientização e prevenção para os problemas advindos da surdez. Segundo o órgão, aproximadamente 5,8 milhões de brasileiros têm algum grau de surdez.
A perda auditiva pode ser parcial ou total da capacidade de audição. “A pessoa pode nascer com essa condição ou então desenvolver com o passar dos anos. Com o envelhecimento da população, é comum que as pessoas apresentem problemas na audição, principalmente, porque após os 30 anos de idade algumas células existentes no ouvido interno tendem a reduzir”, explica Cury.
São divididos em quatro os tipos de perda de audição: leve, que é caracterizada pela incapacidade de ouvir sons abaixo de 30 decibéis, especialmente se a pessoa estiver em um ambiente com muitos ruídos; no tipo moderado, há dificuldade na audição de sons entre 30 e 50 decibéis. Nesse caso, pode ser necessário o uso de aparelho auditivo ou mesmo uma prótese. Já a perda auditiva severa ocorre incapacidade de se ouvir sons entre 51 e 80 decibéis. Nesse caso, nem mesmo a prótese tem capacidade de auxiliar; e no tipo de perda auditiva profunda há ausência completa da audição.
As causas são variadas: a perda auditiva de condução pode ser provocada pelo acúmulo de cera de ouvido, otite ou infecções, e ainda em razão da imobilização de um ou mais ossos do ouvido. Nesse caso, o tratamento é medicamentoso ou até mesmo cirúrgico. Já a perda auditiva neurossensorial é ocasionada em decorrência de enfermidades como viroses, meningites, alergias, problemas no metabolismo e tumores que podem ocorrer na cóclea ou no nervo auditivo, por exemplo.
Também pode ocorrer após o uso de certos medicamentos ou drogas. Ainda há outros fatores como predisposição genética, exposição a ruídos de alta intensidade, presbiacusia (quando acontece a perda da audição em função da idade), traumas na cabeça e defeitos congênitos. O tratamento é indicado de acordo com cada caso, mas geralmente é realizado com medicamentos, cirurgias e pode requerer uso de aparelho auditivo.
“A campanha de prevenção e combate à surdez tem uma função essencial que é a de levar informação às pessoas sobre a importância de se detectar distúrbios auditivos, tratá-los adequadamente e também preveni-los”, diz o médico otorrinolaringologista, que elenca alguns cuidados preventivos:
– o pré-natal é indispensável para as gestantes, principalmente, porque ajuda na detecção de doenças como sífilis, rubéola e toxoplasmose, que podem provocar a surdez nas crianças. Ainda, as mulheres devem receber a vacina contra a rubéola antes da adolescência;
– os recém-nascidos devem fazer o teste da orelhinha, exame que possibilita verificar a presença de disfunções auditivas;
– muito importante: deve-se ter cuidado ao manusear objetos pontiagudos, como canetas e grampos. Esses e outros itens se introduzidos nos ouvidos, podem causar lesões graves;
– observe o desenvolvimento da fala das crianças, já que um atraso nessa função pode ser indício da presença de problemas auditivos. Consulte um médico especialista;
– equipamentos de proteção individual (EPIs) devem ser usados sempre quando há risco aos trabalhadores expostos a ruídos;
– as empresas devem providenciar acompanhamento da saúde auditiva de seus funcionários, bem como eliminar ou reduzir o ruído no ambiente de trabalho.