A eleição presidencial será decidida em um segundo turno entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL), de acordo com dados do TSE.

Com mais de 96% das urnas apuradas até 20h15 (de MS), Lula havia recebido 54 milhões de votos válidos, ou 47,71% do total contabilizado pela Justiça Eleitoral até aquele momento.

O presidente e candidato à reeleição havia recebido 49,6 milhões de votos, ou 43,82% do total.

O segundo turno ocorre quando nenhum candidato consegue atingir a maioria da soma total dos votos computados, somando 50% mais um.

O encontro entre os dois principais rivais está marcado para o dia 30 de outubro, último domingo deste mês.

A realização da segunda etapa do pleito frustra principalmente a campanha do petista, que, na reta final do primeiro turno, investiu na defesa pelo voto útil na intenção de encerrar a disputa neste domingo, 2.

Em retórica de contestação das pesquisas eleitorais – cujos resultados vão se confirmando nas urnas -, Bolsonaro dizia que a eleição se encerraria na primeira fase e seria ele o vencedor.

Como mostravam as sondagens, e agora os números oficiais, o prognóstico não se realizou.

Mais de 156 milhões de brasileiros estavam aptos a votar e, de novo, colocaram entre os dois primeiros colocados um petista e Bolsonaro.

Neste ano, Lula chegou à frente e é apontado, segundo pesquisas de intenção de voto, como o favorito para voltar à Presidência.

Em 2018, Bolsonaro liderou a corrida e venceu Fernando Haddad (PT), que substituiu Lula nas urnas em razão de o ex-presidente cumprir pena na Polícia Federal, em Curitiba.

O petista havia sido condenado pelo ex-juiz Sérgio Moro no caso do triplex do Guarujá (SP) no âmbito da Lava Jato.

Lula passou 580 dias na cadeia, e o tema corrupção se torno espinhoso para o petista na atual campanha.

Em 2021, o ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), anulou todas as condenações impostas pela Justiça Federal do Paraná.

O plenário referendou, por oito votos a três, a decisão de Fachin. Neste domingo, o petista relembrou o tempo na cela.

“Há quatro anos atrás eu não pude votar porque eu tinha sido vítima de uma mentira neste país e eu estava detido na Polícia Federal exatamente no dia da eleição”, disse Lula ao votar em São Bernardo do Campo, no ABC paulista.

“Tentei fazer com que a urna fosse até a cela para eu votar, não levaram. E quatro anos depois eu estou aqui, votando com reconhecimento da minha total liberdade e com a possibilidade de voltar a ser presidente da República deste País”, afirmou o petista, que se disse “muito feliz”.

Já Bolsonaro se mostrou confiante neste domingo e voltou a dizer que seria reeleito ao apelar a uma narrativa baseada na dúvida das informações.

“Tenho certeza de que, em uma eleição limpa, ganharemos com no mínimo 60% dos votos”, afirmou o presidente ao votar no Rio.

Ele também afirmou que a eleição representa uma “luta do bem contra o mal” e disse que, “com eleições limpas, tudo bem, que vença o melhor”.

O centro político não logrou êxito, apesar de a chamada terceira via ter apresentado ao País a candidatura da senadora Simone Tebet (MDB-MS), em coligação com PSDB e Cidadania.

Isolado, Ciro Gomes (PDT), em sua quarta disputa, fala em deixar a cena política.

Nos debates em que os candidatos estiveram frente a frente, Lula acenou a Ciro e a Simone – ainda que ambos tivessem feito duros ataques às gestões petistas, inclusive com denúncias de corrupção e crítica à recessão registrada no governo Dilma Rousseff (PT), alvo de impeachment em 2016.

Nos bastidores, interlocutores do PT também conversam com nomes do PDT e do MDB – uma ala do partido, inclusive, já declarou voto no petista no primeiro turno.

Esse espectro de apoios é fundamental para definir o segundo turno e a formação de um eventual governo Lula.

No sábado, 1º, o petista já sinalizava a necessidade de ampliar o leque de apoio, até agora majoritariamente formado por partidos de esquerda e líderes do centro.

“A gente não tem de ficar com melindre de conversar com quem quer que seja. Nosso barco é que nem a Arca de Noé. Basta querer viver para entrar lá dentro e nós iremos salvar todo mundo”, disse Lula, em entrevista coletiva.

Já Bolsonaro dificultou o diálogo que poderia estabelecer com Soraya Thronicke (União Brasil), ao expor a candidata no debate promovido pela TV Globo.

Em 2018, a senadora foi eleita declarando apoio ao então candidato à Presidência.

Luiz Felipe d’Avila (Novo) já avisou que vai anular o voto.

Enquanto isso, o presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, manteve em aberto uma possibilidade de conversa com qualquer candidato que vença as eleições.

Ele destacou as alianças que o partido tem no âmbito estadual com o PT, por exemplo.

“O PSD, felizmente, é um partido de centro, partido do diálogo. Nós temos uma excelente relação com o Partido dos Trabalhadores, aliança em diversos Estados com eles. Então, é mais do que natural um diálogo”, disse após a votação em um colégio da zona oeste da cidade de São Paulo, na manhã deste domingo, 2.

 

FONTE: CORREIO DO ESTADO