A troca de secretariado, que passou a ser feita com mais ênfase pela prefeita Adriane Lopes (Patriota) neste mês de novembro, e a mudança nos segundo e terceiro escalões da Prefeitura de Campo Grande não têm agradado a maioria dos vereadores da Capital.
O presidente da Câmara, Carlos Augusto Borges (PSB), o Carlão, tem mandado vários recados – fazendo questão de “falar em nome da Casa” – para a atual prefeita. Ele cobra mais participação dos vereadores na tomada de decisões ao indicar os cargos para o Executivo.
“Se ela entender que não vai ouvir os vereadores, ela vai ter dificuldade. A Câmara tem muita gente boa para indicar”, disse Carlão, em entrevista a jornalistas na semana passada.
Desde que Adriane Lopes deixou o posto de vice-prefeita de Campo Grande e passou a administrar a Capital, Carlão, o presidente da Câmara, passou a ser o primeiro na linha de sucessão da atual prefeita.
Ou seja: em caso de renúncia, impeachment ou qualquer outro fator que tire Adriane do cargo, Carlão passaria a ser o prefeito – a Câmara de Campo Grande tem o poder de processar e julgar politicamente a prefeita.
Carlão, por sua vez, admite, nas entrelinhas, que procura uma relação com o Executivo similar à que ele e os parlamentares tinham com o ex-prefeito Marquinhos Trad (PSD). Marquinhos deixou a prefeitura em março para candidatar-se ao governo de Mato Grosso do Sul, ficando em sexto na disputa, distante do segundo turno, inclusive.
Desde a votação do primeiro turno, Adriane passou a modificar a gestão. Nomeou o ex-vereador Mário César para a Secretaria de Governo, cargo que foi ocupado por mais de cinco anos por Antônio Lacerda, homem de confiança de Marquinhos Trad.
Na sequência, Adriane trocou mais gente, colocou Wilton Celeste Candelório na Secretaria da Juventude no lugar de Laura Miranda.
E ainda mudou o chefe da Secretaria de Compras, trocando Ralphe da Cunha Nogueira por Isaac José de Araújo; na chefia da Subsecretaria do Bem-Estar Animal, colocou Ana Luiza Lourenço de Oliveira Lima no lugar de Ana Cristina Camargo de Castro.
Ainda houve mais trocas: Agenor Mattiello deixou o cargo de secretário municipal de Gestão, substituído por Maria das Graças Macedo, e Paulo da Silva assumiu o cargo de diretor-presidente da Fundação Social do Trabalho de Campo Grande (Funsat) no lugar de Luciano Silva Martins.
Para terminar, Adriane ainda nomeou o diretor da Escola Adventista, Luiz Henrique Bittencourt para a Secretaria de Educação, que era ocupada por Alelis Izabel de Oliveira Gomes.
Mandou recado
Todas essas mudanças têm incomodado os vereadores. Carlão admite que a Casa só foi consultada por Adriane na nomeação de Mário César, que ele considera positiva. Nas demais, a prefeita teria desprezado os parlamentares.
“Veja no caso da Secretaria da Juventude, ela deveria ter procurado os vereadores mais jovens, como Otávio [Trad, do PSD]. Ela também trocou a Pasta dos animais. Se eu fosse ela, teria ouvido o vereador André Luiz [Rede]”.
O presidente da Câmara diz que a forma de trabalhar de Adriane não é uma afronta ao Legislativo, mas lembra que ela tem de construir uma base, “pois precisará dos vereadores em votações importantes”. “Tem de construir uma base sólida”, afirma, ao mandar recado.
Nesta semana, Mário César deve ter um encontro com os vereadores, para ajustar a base e aparar as arestas, que já estão expostas.
“Por exemplo: como ela vai mexer no Cras das Moreninhas para colocar um assessor que é contra o vereador que está lá no bairro. Aí o vereador não consegue nada [para entregar para sua base].
Como este vereador vai votar a favor da prefeita, se lá a prefeita tem alguém que é contra ele?”, exemplificou Carlão, sobre o tipo de participação que a Casa almeja no Executivo.
FONTE: CORREIO DO ESTADO