Daqui a dois anos a população voltará às urnas para eleger os representantes nas eleições municipais, quando irá escolher os prefeitos e vereadores de cada cidade do Estado. Já de olho em 2024, após uma votação expressiva, do ex-candidato ao Senado Federal, Tiago Botelho, do PT,  pretende disputar a Prefeitura de Dourados, que é o segundo maior município do Estado.

Estreante na política, nas eleições deste ano Botelho disputou o cargo com Tereza Cristina, do PL, Henrique Mandetta, do União Brasil e Odilon de Oliveira, do PSD, e terminou em terceiro lugar, tendo ficado em segundo em 33 dos 79 municípios de Mato Grosso do Sul, com 13,07 (178.041) dos votos válidos.

“O PT já sinalizou o desejo que quer que exerça o papel de apresentar um projeto ao município, e isso se dá em função de ter sido o mais votado do partido no pleito de 2022”, anunciou.

Professor adjunto e coordenador do curso de Direito da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), Botelho disse ao Correio do Estado que o objetivo de acabar com a velha política e a necessidade de renovação o levou para a primeira disputa eleitoral.

“Eu vejo uma classe política que transforma a política em profissão, porém a política não pode ser profissão, e sim ser o local onde os cidadãos contribuam para a melhoria do Estado, do Município e do País. Então, eu vejo deputados estaduais que estão desde a divisão e criação do estado. Nós precisamos renovar a política de Mato Grosso do Sul, precisamos renovar a política no Brasil, e para isso nós necessitamos de novas lideranças. Eu sou filho de uma geração que terceirizou a política para os pais e tios, e não tem coragem de entrar na política. É só perceber que a candidatura para o Governo do MS, boa parte são pessoas que já estão na política há muito tempo. Por isso então que resolvi entrar na política, para mostrar que um professor, filho do interior, advogado, pode ser político, pode ser senador, pode ser o que ele quiser. Para motivar outras pessoas, outros jovens, outras novas lideranças a estarem entrando na política.”

Eleições 2022

Botelho avalia que o PT saiu fortalecido do pleito deste ano, e disse se sentir honrado pelos sul-mato-grossenses que apostaram nele, e questiona o financiamento das campanhas concorrentes. “Eu fico muito feliz com todos os votos. Saio fortalecido, feliz e pronto para um novo pleito eleitoral para mostrar que é possível fazer política de forma diferente.”

“Essa foi a primeira vez que eu fui candidato, concorri ao Senado, e de todos os postulantes, eu fui o que gastou menos nessa eleição. O primeiro foi o concorrente do PSD, que ficou atrás de mim. Juiz Odilon, Tereza Cristina, e Mandetta investiram muito dinheiro, e eu pergunto, da onde vem esse dinheiro? Muitos empresários acabam doando por meio da pessoa física, e não jurídica, para retribuir o que? Tereza Cristina era ministra da Agricultura, por que ela recebeu tantas doações do agronegócio? Será que tem relação com o cargo que ela exercia e depois o cargo que ela pretendia pleitear?”, indaga.

O professor de Direito conta que um dos maiores desafios que enfrentou foi a idade. O ex-candidato tem 39 anos, e ouvia que era muito novo para postular uma cadeira no Senado. Por ter pouca idade, comparado aos que concorreram e assumiram cargo, muitas vezes foi desacreditado, porém respondia que “ter muita idade não é sinônio de competência, e ter pouca idade não é sinônimo de incompetência.”

Botelho fala que durante a corrida eleitoral, foi o único candidatoque insistiu em um debate para senador e apresentou as propostas registradas em cartório.

Com críticas duras ao Agro, acredita que o poderio econômico manda na política do MS, e que “não é só quem tem fazenda, boi, soja, muito dinheiro, que pode ser político. Pelo contrário, essas pessoas muitas vezes estão mais interessadas em defender os próprios setores do que defender a população e todas as categorias que constituem o município.”

Prefeitura de Dourados

Com duras críticas ao mandato de Alan Guedes, do PP, no Executivo Municipal, o ex-candidato denuncia a falta de diálogo com o douradense e afirma que a cidade está esburacada.

“Hoje o douradense tem vergonha do pouco caso que a atual gestão trata o município. É buraco para todo o lado, é falta de investimento nos bairros mais afastados do Centro, falta de concurso público, falta diálogo com os setores, falta carinho para com a educação do município para com os professores e técnicos administrativos, a saúde é um problema, precisamos gerar emprego, atrair novas empresas, novas indústrias, precisamos investir e transformar Dourados, que já é uma cidade universitária, em um pólo cultural, industrial, agregar valor, respeitar os povos indígenas. A gente percebe um descaso, um desleixo com a população indígena. Também não há transparência dos investimentos, dos recursos públicos. Atualmente o prefeito está indo para a Europa para ver mobilidade urbana, mas você anda em Dourados, o transporte público é péssimo e a cidade está esburacada”, denunciou.

Botelho acredita que o maior desafio será enfrentar quem já está no porter e utiliza a máquina pública para permanecer e perpetuar no cargo.

“Não tenho medo, assim como não tive medo de disputar com dois ex-ministros do Bolsonaro (PL), eu não tenho medo de disputar com o prefeito atual, com vice-governador do Eduardo Riedel, o deputado estadual Barbosinha (PP), caso ele queira pois ele já foi candidato, não tenho medo de disputar com quem tem mandato.”

Porém, de acordo com Tiago, o maior desafio é romper as fake news e “apresentar uma política de amor contra uma política de ódio que muitas vezes é implementada por uma parcela bolsonarista que tenta vincular o PT ao Comunismo, enquanto o PT não é comunista.”

Cenário Petista

Sobre o Partido dos Trabalhadores, Botelho detalha que pretendem aumentar a bancada municipal no próximo pleito.
“Para mim o cenário é muito otimista para o partido, iremos viver um novo momento. Nós vamos ampliar a nossa bancada de prefeito, de vereadores, e tenho um compromisso de ajudar a eleger o maior número de vereadores jovens no Mato Grosso do Sul. Então irei voltar a rodar o Estado, eu quero dialogar com as novas lideranças e propor formação junto a legenda. As pessoas querem votar em novas pessoas. E o PT precisa alinhar a experiência dos antigos quadros com as novas lideranças que estão surgindo.”

Currículo

Tiago Botelho é Doutor em Direito Socioambiental pela PUC – PR; Doutorando em Democracia no Século XXI pelo Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra; Mestre em Direito Agroambiental pela Universidade Federal do Mato Grosso; Especialista em Direitos Humanos e Cidadania pela Universidade Federal da Grande Dourados; Bacharel em Direito pela Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul e licenciado em História pela Universidade Federal da Grande Dourados; Professor Adjunto e Coordenador do Curso de Direito da UFGD e advogado 14.236 OAB/MS; Editor-chefe da Revista Videre do Mestrado em Fronteiras e Direitos Humanos (B1).

 

FONTE: CORREIO DO ESTADO