A associação criminosa de um dos maiores traficantes de cocaína do Brasil, Jarvis Pavão, foi alvo ontem (22) da terceira fase da Operação Pavo Real, realizada pela Polícia Federal e que tem como objetivo apreender imóveis de luxo e veículos, alguns em Mato Grosso do Sul, pertencentes à organização e que foram adquiridos por meio do tráfico internacional de drogas.
De acordo com a Polícia Federal, nesta fase das investigações, a partir da análise dos dados, foram identificados 58 veículos e 73 imóveis de luxo de elevado valor, avaliados em mais de R$ 80 milhões, e parte desses bens já havia sido vendida a terceiros.
Ao todo, foram cumpridos 16 mandados de busca e apreensão nos estados de Rondônia, Mato Grosso do Sul, Bahia, Santa Catarina e Distrito Federal, além do sequestro de 16 veículos e 66 imóveis que permanecem na posse do grupo criminoso.
Os mandados foram expedidos pela 3ª Vara da Justiça Federal de Porto Velho (RO).
Jarvis foi preso no Paraguai em 2008, extraditado para o Brasil em 2017, ficando preso primeiro no presídio de Mossoró, no Rio Grande do Norte. Depois, foi transferido para o presídio federal de Brasília e atualmente está na cela da Penitenciária Federal de Porto Velho.
Mesmo de dentro do presídio, o chefe do narcotráfico na fronteira do Brasil com o Paraguai enviava ordens para seus comandados que estão fora do sistema penal operando a organização.
Segundo as investigações, iniciadas em fevereiro de 2019, agentes federais de execução penal apreenderam, na cela do interno, bilhetes redigidos de próprio punho contendo anotações de diversos imóveis identificados apenas por siglas e codinomes, tanto no Brasil quanto no exterior.
INVESTIGAÇÃO
Foi a partir daí que se iniciaram as investigações pela Polícia Federal.
Os levantamentos realizados constataram a existência de uma organização criminosa voltada à ocultação do patrimônio obtido com o tráfico internacional de drogas, composta, em grande parte, de familiares de Jarvis Pavão, como a esposa, mãe, padrasto, filhos, genros, irmãos e sobrinhos. Todos eles tiveram as prisões decretadas.
Em junho de 2019, a Polícia Federal deflagrou a primeira fase da operação, com o cumprimento de mandados de busca em imóveis de alto padrão, na cidade de Porto Velho, alugados pelos familiares de Jarvis.
Na ação, houve apreensão de arma, munições e diversos documentos e equipamentos eletrônicos que reforçavam o esquema de lavagem de dinheiro, conforme nota da PF.
Já a segunda fase da operação foi deflagrada em julho de 2020, com o apoio do Departamento Penitenciário Nacional (Depen) e da Receita Federal, para o bloqueio financeiro de ramificação da organização criminosa dedicada à lavagem e à ocultação de bens, direitos e valores obtidos por meio do tráfico internacional de drogas, com a prisão de seus líderes e o sequestro dos bens adquiridos com dinheiro ilícito.
À época, foram cumpridos 21 mandados de prisão e cinco mandados de prisão domiciliar, em razão de as investigadas terem filhos menores de 12 anos de idade, além de 67 mandados de busca e apreensão.
A Justiça Federal determinou o sequestro específico de 17 veículos de luxo, avaliados em R$ 2,3 milhões, além do sequestro de todos os veículos em nome e em uso pelos investigados e cerca de 50 imóveis, com valores que superam a quantia de R$ 50 milhões.
Durante as duas fases anteriores da Operação Pavo Real, não houve apreensão de substância entorpecente, mas, mesmo assim, a Justiça Federal determinou o bloqueio de mais de R$ 302 milhões das contas de 96 investigados, entre pessoas físicas e jurídicas, e a suspensão da atividade comercial de 22 empresas utilizadas pela organização criminosa para a movimentação dos valores ilícitos.
Ainda de acordo com a Polícia Federal, a partir da análise dos materiais obtidos na deflagração das fases anteriores, foram identificados novos indivíduos envolvidos no esquema de ocultação do patrimônio, com a localização de imóveis e veículos pertencentes à organização, o que deu origem à terceira fase, deflagrada ontem.
JULGAMENTO
Neste ano, o Tribunal do Júri da Justiça Federal da 4ª Região absolveu Jarvis Chimenez Pavão da acusação de homicídio qualificado e o condenou por tráfico e associação para tráfico de drogas.
O resultado do julgamento foi anunciado pelo Conselho de Sentença, formado por duas mulheres e cinco homens, no dia 6 de outubro deste ano.
O réu foi condenado de 23 anos, 8 meses e 20 dias de reclusão em regime fechado, cujo cumprimento só iniciará após o fim da pena que ele já está cumprindo na Penitenciária Federal de Porto Velho.
FONTE: CORREIO DO ESTADO