Com a conclusão do segundo turno das eleições deste ano, as bancadas do Senado para o próximo ano fecharam os números finais, confirmando o PL como o maior partido da próxima legislatura, com 14 senadores.

Na prática, com isso, a legenda terá poder para eleger o próximo presidente da Casa de Leis, porém, como o presidente da República, Jair Messias Bolsonaro (PL), não conseguiu se reeleger, há uma grande possibilidade de acontecerem mudanças.

Segundo apurou a reportagem do Correio do Estado com fontes em Brasília (DF), Bolsonaro quer alguém de sua total confiança à frente do Senado para ajudá-lo na oposição ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Nesse sentido, ganha força o nome da senadora eleita Tereza Cristina (PP-MS), que, além de ser fiel escudeira de Bolsonaro, foi a coordenadora da campanha no 2º turno, é uma amiga e frequenta a casa do presidente, sendo muito querida pelos membros de sua família.

No entanto, o fato de a senadora eleita de Mato Grosso do Sul ser do PP pode atrapalhar as pretensões do presidente da República, afinal, a Câmara dos Deputados já tem como presidente o deputado federal Arthur Lira (PP-AL), que articula sua reeleição e conta com o apoio de Bolsonaro.

Apesar de não ser vetado que Senado e Câmara dos Deputados tenham presidentes do mesmo partido, as duas Casas procuram evitar que isso aconteça.

Dessa forma, a solução seria que Tereza Cristina se desfiliasse do PP e assinasse a ficha para ingressar no PL, aumentando ainda mais a já numerosa bancada da legenda no Senado. Além disso, a senadora eleita tiraria do páreo o ex-ministro de Desenvolvimento Regional Rogério Marinho, que é filiado ao PL e também está cotado para a presidência do Senado.

Mais chances de vencer

Os senadores já eleitos do partido acreditam que Tereza Cristina tem mais chances de vencer Rodrigo Pacheco (PSD-RO) do que Rogério Marinho. Entretanto, fontes ouvidas pela reportagem garantem que o PL só apoiará a ex-ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento à presidência do Senado se ela topar se desfiliar do PP e se filiar ao PL.

O líder do governo no Senado, senador Carlos Portinho (PL-RJ), já declarou nesta semana que sua sigla terá um candidato para concorrer à vaga da presidência do Congresso Nacional em 2023. Para isso, seis nomes disputam internamente a preferência dos partidos da base aliada de Bolsonaro para fazer frente a Rodrigo Pacheco, que está cotado à reeleição na Casa de Leis.

Além de Tereza Cristina e Rogério Marinho, estão cotados os senadores Eduardo Gomes (PL-TO), atual líder do governo no Congresso Nacional, Davi Alcolumbre (União-AP), Damares Alves (Republicanos-DF) e Renan Filho (MDB-AL). De acordo com Carlos Portinho, o nome escolhido deve ser anunciado pelo presidente da legenda, Valdemar Costa Neto, nos próximos dias.

Na eventualidade de a senadora eleita recusar a indicação de Bolsonaro ou mesmo bater o pé para não deixar o PP, pois assumiu a presidência estadual da legenda no ano passado, a saída encontrada pelo presidente da República pode ser indicar o senador eleito Magno Malta (PL-ES).

Ele sempre foi muito próximo de Bolsonaro, de quem também é amigo, ferrenho opositor de Lula e já demonstrou interesse em presidir o Senado.

Bancadas do Senado

A partir do ano que vem, a composição do Senado terá a seguinte configuração: PL será o maior partido, com 14 senadores; PSD terá 11; MDB terá 10; União Brasil também terá 10; e PT terá 9. Juntas, essas cinco bancadas vão perfazer dois terços da Casa de Leis.

Depois aparecem o Podemos, com seis senadores, PP, com seis, PSDB, com quatro, Republicanos, com três, PDT, com três, e Cidadania, Pros, PSB, PSC e Rede, com um senador cada, totalizando 81 senadores. O desenho final das bancadas aponta para uma distribuição mais concentrada de senadores entre os partidos.

O plenário terá 15 bancadas, mesmo número com que iniciou este ano, mas cinco delas serão bancadas grandes, que reúnem pelo menos 10% da composição (9 senadores). Serão 54 senadores reunidos nessas cinco bancadas, ou dois terços do Senado, enquanto no início deste ano eram apenas três as bancadas grandes, que somavam 36 senadores.

O patamar de 10% é significativo porque é um quórum que libera várias prerrogativas regimentais, como levar para o plenário projetos que só seriam votados nas comissões ou dar apoio a proposições. Se um partido tem pelo menos esse número de senadores, pode acionar essas prerrogativas sozinho, sem depender de acordos com outras legendas.

O panorama de distribuição partidária será parecido com o do ano de 2010, que começou com quatro bancadas grandes, que reuniam 56 dos 81 senadores. De lá para cá, o Senado viu uma dispersão de parlamentares entre as bancadas, que atingiu seu ponto máximo entre 2018 e 2019.

Em 2018, ano eleitoral, o Senado chegou a ter 19 bancadas, maior número de sua história. Em 2019, após a eleição que registrou a maior renovação de cadeiras desde a redemocratização, o ano começou com apenas duas bancadas grandes, e elas reuniram só 23 senadores, menos de um terço da Casa.

Saiba: A partir da próxima legislatura, partidos que se aliaram a Jair Bolsonaro (PL) terão grande bancada no Senado. O PL terá a maior bancada, com 14 senadores, o PP, de Tereza Cristina, terá 6 senadores ao todo e o Republicanos terá uma bancada de 3 senadores.

 

FONTE: CORREIO DO ESTADO