O Diretório Nacional do MDB tenta garantir três ministérios no futuro governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), mas, que a senadora sul-mato-grossense Simone Tebet entre na “cota pessoal” do presidente eleito, ficando duas pastas livres para o partido definir os ministros.

As bancadas do partido no Congresso Nacional reivindicam um nome indicado pela Câmara dos Deputados e outro pelo Senado.

Candidata que ficou em 3º lugar na eleição para o Palácio do Planalto, Simone fez campanha para o petista no 2º turno e sua atuação foi considerada decisiva na conquista de votos mais ao centro. Renan Calheiros (AL) e Eduardo Braga (AM), por exemplo, brigam para ter direito de indicar o ministro que vai representar a bancada do partido no Senado.

Braga deseja controlar novamente Minas e Energia e Renan, garantir o senador eleito Renan Filho (AL) em um ministério, sem indicar preferência por qual.

No entanto, para aumentar ainda mais o impasse, Lula quer que a cadeira a ser entregue a Simone Tebet, provavelmente o Ministério de Desenvolvimento Social, seja incluída na conta do MDB, reduzindo para apenas dois ministérios para a legenda.

Já os deputados federais vão definir nesta semana o nome a ser apresentado a Lula. Eles discutirão, ainda, a formação de blocos para negociar a distribuição de comissões na Câmara.

A tendência do MDB é apoiar novo mandato para o presidente da Casa, Arthur Lira (PP), em 1º de fevereiro. No Senado, a bancada respalda a reeleição de Rodrigo Pacheco (PSD-MG).

A família Barbalho, por sua vez, também quer influenciar na escolha de nomes para o governo. O governador do Pará, Helder Barbalho, e seu pai, o senador Jader, pretendem indicar um afilhado político para o Ministério do Desenvolvimento Regional.

O próprio Helder foi ministro de Integração Nacional no governo de Michel Temer, de 2016 a 2018.

Depois que o Pará conseguiu eleger nove deputados, a maior bancada do partido na Câmara, Helder e Jader se fortaleceram para a escolha do ministro.

Um nome de confiança da família, que pode ser apresentado a Lula para compor a equipe, é o do deputado José Priante (PA).

Foi o governador do Pará, que esteve junto com Lula na COP-27, quem organizou a reunião dos emedebistas com o presidente eleito, na semana passada, em Brasília.

Além dele, também estavam presentes o presidente do MDB, Baleia Rossi; o líder na Câmara, Isnaldo Bulhões (AL), e o senador Marcelo Castro (PI), relator do Orçamento de 2023. Ao Estadão, Helder evitou falar sobre indicação do MDB para ministérios. “Falamos só do compromisso de fazer parte da base aliada e do bloco”, disse o governador.

Há mais alas do MDB na Câmara, no entanto, que querem a prerrogativa de indicar um ministro. O ex-presidente do Senado e deputado eleito Eunício Oliveira (CE), que já foi titular das Comunicações no governo Lula, está nessa lista.

Mas outros fatores pesam: se Renan Calheiros fizer um acordo para que Renan Filho não entre agora no primeiro escalão, mas tenha o apoio do Planalto para disputar o comando do Senado, em 2025, o também alagoano Isnaldo Bulhões pode ser o nome sugerido pela bancada na Câmara.

No Senado, Renan leva vantagem na disputa por ter sido um dos primeiros do MDB a embarcar no projeto de Lula de voltar à Presidência.

Já Braga, que também apoiou Lula, ajudou o petista a vencer no Amazonas, foi ministro de Minas e Energia no governo de Dilma Rousseff, mas manteve proximidade com o governo de Jair Bolsonaro (PL) no Congresso.

Na prática, o MDB já sinalizou a preferência por comandar pastas que tenham “capilaridade” ou apelo nos municípios, como Desenvolvimento Regional, Infraestrutura, Cidades e Desenvolvimento Social – as duas últimas a serem recriadas. Nos bastidores, um grupo do MDB avalia que petistas têm aproveitado a divisão no partido para tentar rifar o nome de Simone Tebet.

Em reunião com Lula, na semana passada, deputados e senadores do PT deixaram claro a ele que desejam comandar Desenvolvimento Social, ministério responsável por programas importantes, como o Bolsa Família.

Simone, que faz parte do grupo no gabinete de transição, também está de olho nessa pasta. Como alternativa, uma solução sugerida a Lula seria a de escolher a senadora para Meio Ambiente, por exemplo. O ex-presidente eleito não aceitou. Nessa área, a deputada eleita Marina Silva (Rede) só não será ministra se não quiser.

Diante do movimento, Simone Tebet disse que não está atrás de recompensas. À reportagem do jornal Correio do Estado, ela informou que não está tratando sobre esse assunto com ninguém.

“Ainda não falei com o presidente eleito Lula sobre essa possibilidade de ser ministra no seu Governo”, afirmou, deixando claro que seu foco neste momento está voltado para o trabalho realizado na comissão de transição.

Questionada sobre o fato de que se sentia prestigiada por ter o nome ventilado para ocupar três ministérios, a senadora reforçou que sua decisão de apoiar Lula no 2º turno foi em defesa da democracia.

“Minha decisão foi em defesa da democracia, contra retrocessos de um governo negacionista e extremista. Não tem sentido fazer o que é certo buscando recompensa. Estou em paz. Isso me basta”, declarou.

 

FONTE: CORREIO DO ESTADO