As investigações da Polícia Federal (PF) que desmantelou um esquema de corrupção dentro do Tribunal de Conta de Mato Grosso do Sul (TCE-MS) e resultou no afastamento do presidente do órgão, dois conselheiros e dois servidores, apontou que uma loja de doces localizada em Brasília (DF), chegou a receber mais de R$ 600 mil reais da empresa DataEasy, apontada como principal meio usado para lavagem de dinheiro pela organização.
De acordo com o levantamento feito pela PF, a loja de doces Damel pertencente a Daniel Arantes, um dos investigados na Operação Terceirização do Ouro, deflagrada na quinta-feira (8), recebeu R$ 627,7 mil. Cada item comprado foi lançado em notas fiscais com preços exorbitantes.
Outro ponto que chamou a atenção, além dos altos valores pagos em docinhos, foi o fato de que as 14 notas fiscais apresentadas para justificar os depósitos da Dataeasy datam apenas de fevereiro de 2019.
Na relação das notas fiscais aparece que a empresa teria comprado R$ 5,4 mil em brigadeiros, R$ 6.8 mil em brigadeiro branco, além de R$ 3,9 mil em brownies de 45 gramas.
Também estão relacionadas aquisições de R$ 328,7 mil em caixas compostas de 10 pães de mel e 10 brownies. Supostamente ainda foram compradas caixas com cinco brownies de 45 gramas no valor de R$ 8,4 mil, empadas por R$ 14 mil, um kit festa por R$ 151,5 mil e coxinhas e kibes por mais de R$ 23 mil.
Ainda foram gastos R$ 48,3 mil em pães de mel, R$1,8 mil em refrigerantes e R $6,1 mil em shells, que são bolinhas ocas feitas com chocolate belgas.
De acordo com o processo, a suspeita é de que os depósitos feitos pela Dataeasy tinham o intuito de lavar as quantias desviadas, já que a loja de doces não tem relação com os serviços prestados pela empresa ao TCE-MS.
Outras empresas ligadas a Daniel Arantes, como a D & M Assessoria, JCU Assessoria Técnica também receberam transferências em altos valores feitas pela Dataeasy.
O ESQUEMA
Ainda não se sabe ao certo o quanto de dinheiro teria sido desviado do TCE, mas a soma pode superar a casa dos R$ 100 milhões de 2018 para cá.
Os desvios ocorriam por meio da empresa Dataeasy, que também foi contratada de forma fraudulenta, com a justificativa de prestar serviços de informática para o Tribunal.
Era por meio dela, que os conselheiros e servidores mantinham diversas formas de lavar o dinheiro desviado. Por exemplo, no caso da loja de doces, a suspeita é de que o depósito feito pela empresa para a suposta compra de brigadeiros, pães de mel e outras guloseimas era apenas uma forma de tornar a quantia lícita.
Há indícios de que os favorecidos com o esquema contava inclusive com a ajuda de um gerente da agência do banco Itaú, em Brasília.
Além dos conselheiros e dos servidores da Corte, aparecem na lista dos investigados ao menos 30 pessoas e empresas.
Ricardo da Costa Brockveld, principal nome da Dataeasy também foi alvo de mandado de busca e apreensão da Polícia Federal.
Também estão sendo investigadas empresas ligadas à Dataeasy como a ArDigital, Vert Soluções e a Contrata Participações e Incorporações – Amoreira.
FONTE: CORREIO DO ESTADO