Os insumos com os preços em alta têm sido os grande vilões em todo o setor produtivo no Brasil.

Na agricultura, um deles atende pelas nomenclaturas de adubos e fertilizantes. Números contidos na Carta de Conjuntura nº 85, elaborada pela Secretaria Estadual de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar (Semagro), mostram que essa dependência externa não é nada boa.

No caso dos adubos e fertilizantes, 2022 foi um ano bastante desafiador com elevação nos preços e risco de disponibilidade.

Em Mato Grosso do Sul, precisamente no período entre janeiro e novembro deste ano, os gastos com importações se elevaram em 22,15%, totalizando a cifra de US$ 143,6 milhões numa compra acumulada – até o momento – de 202,8 mil toneladas.

Ano passado, essas importações somaram US$ 111,8 milhões para um total de 269 mil toneladas. Isso significa que a quantidade de adubos e fertlizantes importados diminuiu 26,4%.

Um estudo de perspectivas para 2023 publicado pelo Rabobank, banco de investimentos do agronegócio de oriundo dos Países Baixos, aponta para a direção de queda nos preços dos fertilizantes, embora os custos ainda permaneçam altos.

Segundo o estudo, a agricultura brasileira já está bastante acostumada a vivenciar anos complicados e, ainda sim, continuar a prosperar vencendo esses desafios.

Neste cenário, o banco considerou 2022 um ano bastante desafiador por todos os eventos que aconteceram.

Entre os fatores externos, o Rabobank destaca a guerra envolvendo um dos principais países produtores mundiais de fertilizantes, no caso, a Rússia, que colocou diversas dúvidas em relação ao fornecimento do insumo, além de ter feito com que os preços atingissem patamares extremamente elevados.

O estudo revela que o principal ponto de preocupação este ano foram, para o agronegócio brasileiro, os adubos e fertilizantes.

Em 2020, o Brasil viveu uma alta vigorosa nas commodities e esse fato acabou por incentivar produtores ao redor do mundo a investirem mais em suas lavouras a fim de aproveitarem os bons preços.

Entretanto, durante este mesmo período alguns problemas de produção estavam acontecendo, mas como o mundo carregava bons estoques, a demanda continuava a ser atendida.

Porém, em 2021, os estoques já estavam em níveis insuficientes para continuar a atender as altas demandas e os preços começaram a reagir a menor oferta e assim permaneceram durante todo o ano, atingindo o pico ao final de 2021.

O início da guerra na Ucrânia foi o motivo que faltava para esses preços atingirem patamares ainda mais altos, recordes históricos para a maioria deles.

Em muitos lugares do mundo a alta nos preços está sendo forte o suficiente para restringir parcialmente a demanda e, no Brasil espera-se o mesmo movimento, mas em menor proporção.

Quando se olha para os níveis de importação destes defensivos reportados até o final de outubro deste ano, o estudo do Rabobank não aponta para redução nos volumes.

Usando o caso do glifosato como exemplo, até o final de outubro já haviam chegado aos portos brasileiros cerca de 133 mil toneladas de glifosato contra a 97 mil toneladas de glifosato na média de 5 anos durante todos os 12 meses do ano.

O problema é que estes defensivos chegaram aos portos brasileiros a um custo bastante superior ao observado em anos anteriores, com cerca de US$ 10,3 mil por tonelada, contra a média de US$ 3,8 mil por tonelada dos últimos cinco anos.

Mas, no caso de Mato Grosso do Sul, houve redução na quantidade importada. Contudo, para 2023, de acordo com o relatório do Rabobank, haverá uma retomada na produção dos principais países, o que deve fazer com que a cotação das principais moléculas tenda a cair.

Com relação às sementes de soja e de milho, o preço do insumo acompanhou a evolução do custo com fertilizantes e defensivos, uma vez que estes acabam por compor o custo de produção das sementes.  No entanto, como o aumento mais expressivo dos fertilizantes e defensivos ocorreu após o plantio de produção para a atual safra, a observação é de que em 2023 haverá um efeito residual da elevação dos custos na comparação com 2022.

Para a próxima safrinha de milho a ser plantada em janeiro de 2023, espera-se que haja sementes suficientes para o plantio, apesar da possível redução na oferta de alguns híbridos.

Na análise da combinação de todos esses fatores na composição dos custos de produção, especialmente da soja e do milho safrinha, o estudo do Rabobank aponta que a safra atual terá uma elevação bastante acentuada nos custos operacionais, em torno de 45% no caso da soja e de 25% para o milho safrinha.

O período de aquisição dos insumos mais tardio do milho safrinha em relação à soja favoreceu a composição do custo do cereal, uma vez que se beneficiou da baixa nos preços dos fertilizantes, principal motivo por trás do forte aumento nos custos.

Desta forma, para a atual safra a ser colhida a partir de janeiro de 2023, a perspectiva segue sendo de boas margens se forem observados os custos operacionais para culturas como soja, milho, dependendo da evolução destas safras.

 

FONTE: CORREIO DO ESTADO