Uma mulher de 24 anos e um homem, de 25, mãe e padrasto de uma menina de 2 anos, foram presos por suspeita de estupro e homicídio da criança, na noite dessa quinta-feira (26), em Campo Grande.

De acordo com a titular da Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente (Depca), Anne Karine Trevisan, a polícia foi acionada após a criança dar entrada na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do bairro Coronel Antonino com vários ferimentos pelo corpo e já sem vida.

As agressões era rotineiras, segundo indica prontuário médico da menina, com mais de 30 entradas no hospital, uma delas com fratura na tíbia.

Além disso, o pai da menina já havia registrado vários boletins de ocorrência por maus-tratos, ao notar hematomas na filha quando ela ia para a casa dele.

Na noite de ontem, ela chegou à UPA com a mãe e, segundo informou médica pediatra plantonista, já estava morta há cerca de quatro horas.

“Essa criança tinha tinham vários sinais de agressão física e suspeita de ter sido abusada sexualmente”, disse a delegada.

“Ela estava com a barriga bastante inchada e tinha muitas lesões nas costas, no corpo também, pode ter sido hemorragia interna, só o exame necroscópico vai apontar a causa da morte”, acrescentou.

Além disso, ela tinha ferimentos nas partes íntimas.

Ainda segundo Anne Karine, mesmo com a menina desacordada e até quando foi informada da morte, a mãe demonstrou tranquilidade e frieza, tendo ficado nervosa apenas ao ser avisada que a polícia seria acionada.

Ela foi encaminhada inicialmente para a Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário (Depac) para prestar esclarecimento.

O padrasto da criança foi localizado na residência do casal, na Vila Nasser, e também encaminhado para depoimento.

A delegada afirma que o casal combinou antes a versão que seria contada para explicar os hematomas da criança, tendo o padrasto sugerido dizer que ela caiu em um playground.

O homem optou por permanecer em silêncio, já a mulher confirmou que a criança era agredida.

“Durante o interrogatório a mãe afirmou que a criança era agredida fisicamente pelo padrasto e algumas vezes por ela como forma de correção”, disse a delegada.

Com relação aos abusos sexuais, a mulher disse que desconfiava que o homem abusava da criança.

O corpo da menina foi encaminhado para o Instituto de Medicina e Odontologia Legal (Imol), onde passará por perícia que irá apontar se ela foi vítima de estupro.

O casal tem ainda outra filha, de 1 ano, enquanto o homem tem outro filho, com outra mulher.

A polícia irá investigar se essas crianças também foram vítimas de agressões ou abusos.

No depoimento, a mulher informou que a filha também era agredida pelo homem e que ela nunca denunciou porque ele a ameaçava.

“Importante frisar que a mãe, no interrogatório dela, disse que ela tinha conhecimento que a criança qera espancada por ele e que ela não denunciava ele porque ele ameaçava que iria tirar a guarda da outra criança”, explicou a delegada.

“Foi o que ela afirmou, nós não sabemos se realmente era isso que acontecia, nós temos muitas outras pessoas pra serem ouvidas nesse inquérito”, ressaltou Anne Karine.

O homem já tinha passagens pela polícia por violência doméstica contra a ex-mulher. Já a mãe tem duas passagens por maus-tratos.

Ambos têm ainda uma ocorrência restrita na Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes Ambientais e de Atendimento ao Turista (Decat).

Eles foram presos em flagrante por homicídio qualificado por motivo fútil e estupro de vulnerável.

Ambos deverão passar por audiência de custódia na manhã deste sábado (28), podendo ter a prisão convertida em preventiva.

As investigações continuam.

 

FONTE: CORREIO DO ESTADO