Laudo divulgado nesta sexta-feira (3) pela Polícia Civil comprova que Sophia de Jesus Ocampo, de dois anos, morreu em decorrência de agressão após sofrer um traumatismo raquimedular na coluna cervical. Os principais acusados são a mãe da criança, Stephanie de Jesus da Silva, de 25 anos, e Christian Leitheim, de 24 anos, que é namorado da mulher e morava com a vítima.

De acordo com o apurado pelo Correio do Estado, esse trauma afeta as estruturas neurológicas da coluna, como a medula óssea e pode ser causado por pequenas quedas ou até por golpes de grande impacto para o corpo. Assim, os exames comprovam que a menina foi morta em decorrência de espancamento.

O resultado do lado também aponta que a menina sofria abuso sexual, mas isso não teria acontecido recentemente, o que levanta a suspeita de que ela já era violentada há um tempo antes de sua morte, que aconteceu na noite do dia 26 de janeiro.

Na noite de sua morte, a criança foi levada pela mãe à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Coronel Antonino, onde já chegou sem vida. A necropsia apontou que Sophia teria morrido a cerca de quatro horas antes de chegar ao local.

De acordo com a titular da Delegacia Especializada em Proteção da Criança e do Adolescente (Depca),. Anne Karine Trevisan, a criança tinha diversos ferimentos pelo corpo quando chegou à unidade de saúde.

Em depoimento à polícia, Stephanie confessou que ela e o padrasto batiam na criança como forma de corrigir o comportamento e, além disso, a mulher desconfiava que Christian abusava sexualmente da vítima, mas não o denunciou por medo.

O pai da menina já tinha registrado boletins de ocorrência por agressão, já que quando Sophia o visitava sempre estava com marcas pelo corpo e sinais de violência. De acordo com o Conselho Tutelar, a avó materna da menina figurava como testemunha na denúncia, mas nunca foi ouvida.

Os acusados estão presos preventivamente, sendo que a mulher foi levada para um presídio no interior de Mato Grosso do Sul, mas o local não foi divulgado por questões de segurança.

Ainda de acordo com o prontuário médico, a criança em 24 meses de vida havia passado por consultas médicas pelo menos 30 vezes, especialmente no setor de urgência e emergência de diversas unidades de saúde de Campo Grande.

O pediatra Alberto Costa, consultado pelo Correio do Estado um dia após a morte da criança, confirmou que a quantidade de atendimentos é fora do normal porque a menina não apresentava qualquer doença grave.

Dessa forma, a Secretaria Municipal de Saúde (Sesau), informou que abriu um procedimento interno para investigar se houve negligência da parte dos profissionais que atenderam a menina nas diversas vezes que ela foi em consultas.

A apuração tem o intuito de apontar porque os médicos e enfermeiros não notaram que a criança tinha várias passagens por hospitais. Também tem o objetivo de saber se os médicos perceberam sinais de maus-tratos e não denunciaram a suspeita de violência.

O inquérito policial foi encerrado nesta sexta-feira (3) e encaminhado para o Judiciário, que dará andamento ao caso.

 

FONTE: CORREIO DO ESTADO