A divulgação do Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), na última semana, manifestando prévia de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 2,9% em 2022 fez acender o sinal de alerta no País.
O motivo é a manutenção das taxas de juros elevadas, com a Selic em 13,75%, a persistência da inflação e um número de investimentos não suficiente para reverter o quadro.
Em Mato Grosso do Sul, a previsão é diferente, e o PIB deve crescer 5%. Caso o ritmo de exportações se mantenha em crescimento, a economia do Estado não será engolida por ondas externas.
No ano passado, MS exportou US$ 8,190 bilhões, ante US$ 6,894 bilhões em 2021, proporcionando um crescimento de 18,79%. O superavit da balança comercial alcançou US$ 4,882 bilhões, um valor 13,32% maior que os US$ 4,307 bilhões alcançados em 2021.
De acordo com o mestre em economia Eugênio Pavão, com os juros atuais, os investimentos serão baixos e, consequentemente, o crescimento da produção também será menor.
“Keynes, principal economista do século passado, dizia que a economia depende dos investimentos. Quanto maiores os recursos investidos, maiores serão o produto, a renda e os tributos”, diz Pavão.
Para ele, caso os investimentos sejam limitados pelos juros e pela capacidade produtiva, com certeza o crescimento econômico será baixo, e se os investimentos forem menores, o resultado do PIB pode ficar perto de zero.
O diferencial, segundo o especialista, é que Mato Grosso do Sul tem uma forte ligação com o exterior. Dessa forma, o desempenho do Estado depende mais da demanda externa do que propriamente dos investimentos.
“Quando o setor externo vai bem, Mato Grosso do Sul tem crescimento maior que o PIB nacional, mas quando o setor externo reduz suas compras, o PIB fica menor que o nacional”, detalha.
“Historicamente, o que estimula a economia do Estado é o investimento em infraestrutura, possibilitando maior agilidade e capacidade para exportações, como a Rota Bioceânica. O PIB do Brasil depende mais do consumo interno, enquanto o de Mato Grosso do Sul depende do consumo externo”, completa Pavão.
DESEMPENHO
O PIB de Mato Grosso do Sul vem em um ritmo crescente. Em 2015, foi de R$ 83,08 bilhões, em 2016, de R$ 91,89 bilhões, e em 2017 chegou a R$ 96,40 bilhões.
Em 2018, atingiu R$ 106,97 bilhões, em 2019 passou para R$ 106,94 bilhões, já em 2020 pulou para R$ 122,63 bilhões. Em 2021, saltou para R$ 140,60 bilhões, em 2022 foi para R$ 155 bilhões e este ano a previsão é de R$ 162,7 bilhões.
O doutor em economia Michel Constantino destaca que a previsão é de que Mato Grosso do Sul cresça, em média, 4%. “Será um dos destaques nacionais, por estar correlacionado com o agronegócio.
O Brasil deve continuar crescendo em menor ritmo, e o Estado deve, novamente, se destacar em 2023, com o investimento de grandes empresas, principalmente no ramo da celulose”, avalia Constantino.
Conforme já publicado pelo Correio do Estado na edição de 15 de agosto de 2022, o Estado terá o segundo maior crescimento do País, de acordo com levantamento realizado pela Tendência Consultoria.
“Para 2023, eles estimam que Mato Grosso do Sul crescerá 2,3%, com o maior crescimento do País. Nós entendemos o seguinte: vai crescer 5%”, afirmou o titular da Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), Jaime Verruck, à reportagem na época.
O economista Eduardo Matos acredita que Mato Grosso do Sul deve registrar um crescimento acima da média nacional, principalmente por causa da atração de grandes investimentos nos últimos anos, não somente do setor privado, mas também do setor público.
Além disso, a produção agropecuária é forte e houve uma alta nos preços internacionais de alguns itens, junto a fortes demandas.
“Para 2023, se houver continuidade do ritmo visto nos últimos anos, teremos mais um ano de superação do observado no ano precedente. Para isso, existem alguns desafios que devem ser superados, primeiramente de mão de obra, que o Estado tem uma carência atualmente”.
“Outro ponto de atenção é em relação à continuidade do governo. Tivemos troca de gestores e, apesar de ser um sucessor, o modo de gerir é diferente. Devemos aguardar para ver como será a continuidade da política econômica do Estado e se será eficiente”, analisa Matos.
Saiba: Em nível nacional, o discurso pronto é de que a queda no ritmo de crescimento da economia brasileira aconteceu em um cenário de alta da taxa básica de juros para conter pressões inflacionárias.
FONTE: CORREIO DO ESTADO