Ao menos quatro motociclistas morrem diariamente no Brasil. Pesquisa realizada pelo Instituto de Estudos para Políticas de Saúde (IEPS) apontou que pessoas negras são as principais vítimas fatais de acidentes de motocicleta.

O Boletim Çarê-IEPS n. 2/2023 de Saúde da População Negra, produzido a partir do cruzamento de dados do SUS (Sistema Único de Saúde) e do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), apontou um aumento de 68% em relação aos números de 2010, quando foram registrados 933 óbitos – em 2021 foram 1.569.

Até o início de 2016, as taxas de mortalidade para brancos e negros eram semelhantes: 0,05 e 0,06 para cada 100 mil habitantes, respectivamente. Segundo o estudo, isso pode ser consequência da ausência de registro do quesito raça/cor.

Além da melhora no registro o boletim reforça que a partir de 2016 que aconteceu o “boom” de aplicativos de entrega, nos quais a maior parte dos trabalhadores são pessoas negras, segundo dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA).

“Pesquisas importantes confirmam nossa percepção sobre as condições precárias de trabalho desses profissionais, não só em questões de direitos trabalhistas, mas também em termos de segurança e condições de saúde. O fato desses profissionais serem em sua maioria pessoas negras é um forte indício dos impactos da desigualdade racial na saúde. Essa é mais uma forma de violência dentre as muitas enfrentadas por negros e negras no nosso país”, afirmou Rony Coelho, pesquisador da cátedra Çarê-IEPS e um dos autores do estudo.

A partir de 2016, os números se distanciaram. Para brancos, o índice permaneceu o mesmo, enquanto para negros chegou a 0,08. Em janeiro de 2021, por exemplo, foram 55 mortes de motociclistas brancos (35%) e 102 óbitos de negros (65%).

O número de internações também subiu e, a cada hora, ao menos 14 motociclistas são hospitalizados no país. O salto foi de 70 mil internações em 2010 para 129 mil em 2021.

Em 23 das 27 unidades da federação as taxas de internação por acidentes de motos foram maiores para negros do que para brancos em 2021.

No período, Mato Grosso do Sul registrou a terceira maior taxa de internações de pessoas negras acidentadas, com índice de 14,3 a cada 10 mil habitantes; o Estado também registrou a maior taxa de internação para pessoas brancas, com índice de 8,6 a cada 10 mil habitantes.

Mato Grosso do Sul, portanto, apresenta taxas elevadas em ambos registros.

 

Com informações de: FolhaPress

 

FONTE: CORREIO DO ESTADO