Sessões ordinárias no plenário da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul (ALEMS) foram retomadas nesta terça-feira (21), após luto oficial de três dias pela morte do deputado estadual Amarildo Cruz (PT).
A sessão foi marcada por inúmeras homenagens ao petista, que faleceu na última sexta-feira (17), vítima de infecção generalizada.
Os deputados Pedro Kemp (PT), Lídio Lopes (Patriota), Rinaldo Modesto (Podemos), Junior Mochi (MDB) e Gerson Claro (PP) relembram a trajetória, personalidade, conquistas, projetos e luta do parlamentar.
Amarildo Cruz foi lembrado por seu legado político e defesa de causas sociais, ambientais, com foco na valorização de pobres, negros, indígenas, mulheres, trabalhadores rurais e população LGBTQIA+.
Se estivesse vivo, Amarildo Cruz apresentaria, nesta terça-feira (21), o projeto de lei “Preservação e Proteção do Pantanal Sul-mato-grossense”, que visa conter o avanço do plantio de soja na região.
Antes de ser internado, o petista deixou uma mensagem pedindo para que esse projeto fosse apresentado. Pedro Kemp exibiu o áudio na íntegra. Veja:
“Mato Grosso tem uma lei específica para impedir a prática de avanço da plantação de soja dentro do Pantanal, vamos ver a legislação que nós temos. Eu lembro que eu entrei com um projeto no primeiro mandato, mas não consegui aprovar, que é construir uma legislação de proteção no Pantanal para impedir o avanço do plantio de soja. Até hoje de lá para cá, não foi aprovado nesse sentido. Esse projeto deve estar em algum lugar da Assembleia, no sistema, vamos resgatar ele e construir essa legislação para proteger o avanço do plantio de soja na bacia do Pantanal. Vamos dar uma estudada nisso por favor”.
Amigo há 38 anos e companheiro de partido, Kemp assumiu a coautoria do projeto e apresentou-o como forma de homenagem à Amarildo.
“Protocolamos no dia de hoje este projeto de lei. Que os senhores e senhoras deputadas possam analisar com muito carinho, para quem sabe nós prestarmos essa homenagem aprovando esta legislação”, disse.
“O projeto de lei visa não só proteger o nosso Pantanal, mas ao mesmo tempo homenagear a memória e dar continuidade a última manifestação do saudoso deputado estadual Amarildo Cruz, que faleceu em 17 de março”, finalizou.
Ainda durante a sessão, o deputado estadual, Lídio Lopes (Patriota), lamentou a morte e relembrou a personalidade e caráter do petista.
“É um deputado muito combativo, mas muito leal nos seus posicionamentos. É uma pessoa muito de posição e muito de palavra naquilo que se tratava. Na terça conversava com ele, demos algumas risadas juntos e foi nos surpreendido com a sua internação e muito mais ainda com o seu passamento”, declarou.
“Perde Mato Grosso do Sul, perde esse parlamento de um grande parlamentar. As pessoas costumam dizer que as pessoas passam a ser boas quando morrem… Não. Deputado Amarildo Cruz sempre foi único na sua representação”, concluiu.
Deputado estadual, Rinaldo Modesto (Podemos), relembrou da amizade que tinha com Amarildo, apesar das divergências políticas.
“A gente teve uma amizade, um carinho. Ele frequentou a minha casa algumas vezes. Embora as divergências políticas mas havia um carinho muito grande da nossa parte. Ele ficou muito agradecido quando eu o visitei ali no seu escritório aqui no centro da cidade”, lamentou.
Participaram da sessão os deputados Roberto Hashioka (União Brasil), Junior Mochi (MDB), João Henrique Catan (PL), Pedro Kemp (PT), Londres Machado (PSDB), Zé Teixeira (PSDB), Pedro Pedrossian Neto (PSD), Lucas de Lima (PDT), Rinaldo Modesto (Podemos), Antônio Vaz (Republicanos), Gerson Claro (PP), Paulo Corrêa (PSDB), Coronel David (PL), Mara Caseiro (PSDB), João Mattogrosso (PSDB), Lídio Lopes (Patriota), entre outros.
Após as homenagens, a sessão seguiu normalmente, com pequeno expediente, grande expediente e ordem do dia.
MORTE
Deputado estadual, Amarildo Cruz (PT), morreu por volta das 12h40min de sexta-feira (17), no Hospital Proncor, localizado na rua Maracaju, número 1265, em Campo Grande.
Ele foi internado na noite de terça-feira (14), após sentir febre, dores e desconfortos. No período da manhã estava bem e participou da sessão ordinária na Assembleia Legislativa.
Vírus e bactérias – não divulgados – atingiram o coração e pulmão rapidamente, causando infecção generalizada.
Foi intubado na quarta (18) e teve três paradas cardiorrespiratórias na quinta (16) e sexta-feira (17). De acordo com o chefe de gabinete do petista, Paulo Barbosa, Amarildo não tinha nenhuma comorbidade e era uma pessoa ativa e saudável.
O velório foi realizado na Assembleia Legislativa, das 20h de sexta-feira (17) até 6h de sábado (18). O corpo seguiu para Presidente Epitácio (SP) para sepultamento.
SUPLÊNCIA
Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul (ALEMS) aguarda o atestado de óbito de Amarildo Cruz para convocar a posse da suplente, Gleice Jane (PT).
De acordo com o deputado estadual e presidente da Casa, Gerson Claro (PP), será declarada a vacância do cargo só após o recebimento do atestado de óbito.
“O artigo 80 do regimento interno trata de vacância no caso de morte ou de renúncia. A declaração do falecimento acontece com o atestado de óbito. Para fazer qualquer convocação, primeiro o procedimento é ter o atestado de óbito, declaração de vacância e aí sim a convocação”, explicou.
Após a convocação, a suplente tem 30 dias para tomar posse, podendo solicitar a prorrogação por mais 15 dias.
Gleice Jane é professora, sindicalista, feminista e será a primeira mulher do PT a assumir uma cadeira de deputada estadual na Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul (Alems).
Ela iniciou sua militância no movimento estudantil em 2003, quando foi a primeira mulher a presidir o Diretório Central dos Estudantes (DCE) da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS), na gestão 2003/2004.
Nesse mesmo período, foi diretora da União Estadual dos Estudantes de Mato Grosso do Sul (UEE/MS) e presidiu o maior sindicato de educação do município de Dourados.
FONTE: CORREIO DO ESTADO