Mulheres negras e de baixa escolaridade são maioria no presídio feminino de Campo Grande. É isso que apontam os números do diagnóstico voltado à perspectiva de gênero do Núcleo Institucional de Promoção e Defesa dos Direitos da Mulher (Nudem), acerca das detentas alocadas no presídio feminino Irmã Irma Zorzi, em Campo Grande.

De acordo com o levantamento realizado entre maio e setembro do ano passado, 76% das 230 entrevistadas declararam-se pretas ou pardas, do mesmo modo em que metade disse possuir apenas o ensino fundamental incompleto.

Outro dado evidenciado pelo estudo destaca que cerca de seis em cada dez entrevistadas disseram ser mães  antes dos 17 anos, e 30% do total disse já ter sofrido algum tipo de abuso ou violência sexual.

O estudo apontou que a média de idade entre as detentas se estabelece entre 18 e 29 anos. Pouco mais da metade das prisioneiras que declararam ser mães, colocaram-se como responsáveis pelo sustento material dos filhos e filhas, ao passo que 40% destacaram as más condições financeiras como determinantes para que cometessem crimes.

“O estudo reitera que a referida medida punitiva traz em seu arcabouço princípios orientados pelo machismo que, por sua vez, prejudica as mulheres que têm demandas e necessidades diferentes aos do grupo masculino”, destacou a defensora pública, Thais Dominato, coordenadora do Nudem.

Reclusas, as mães destacaram que a tutela dos filhos é em grande parte responsabilidade dos avós, uma vez que elas estão distante fisicamente das crianças.

“As condições dessas mulheres privadas de liberdade, explicitamente negligenciadas, oprimidas e excluídas dentro do sistema prisional, justificam a análise do encarceramento feminino. A proposta é compreendê-lo para que seja possível realizar ações diferenciadas que prezam pela não violência de gênero”, pontuou Thais Dominato. Atualmente a população carcerárea do presídio Irmã Irma Zorzi é de 314 mulheres.

 

FONTE: CORREIO DO ESTADO