A Polícia Civil prendeu na noite desta terça-feira (28), Sander Ferreira (25), responsável por furto de bebidas em um mercado de condomínio localizado na Avenida Prefeito Heráclito Diniz, Jardim Seminário.

Monitorado há cinco meses, a prisão do jovem foi registrada na Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário (Depac).

Com cerca de 50 mercados espalhados por diversos condomínios de Campo Grande, a rede não possui qualquer monitoramento pessoal, e cabe ao cliente pegar o produto desejado e pagá-lo, sem qualquer impedimento ou fiscalização imediata. A ação foi gravada pelas câmeras de segurança do local.

De acordo com o Boletim de Ocorrência, a rede monitora os furtos de Ferreira desde novembro do ano passado. Como antecipado pelo Correio do Estado em janeiro deste ano, guloseimas e bebidas estão entre os itens preferidos.

Conforme o sócio-proprietário da empresa, este é o terceiro condomínio em que Ferreira realiza os furtos.  “Monitoramos ele desde o ano passado, foram cerca de 100 furtos, que acarretaram em R$ 5 mil de prejuízo”, destacou Eriberto Frozza, sócio-proprietário da rede.

Ação

Com a ausência do monitoramento pessoal, os moradores e visitantes dos condomínios necessitam baixar, via telefone, o aplicativo que permite o acesso ao mercado.

Para a compra, cada indivíduo deve cadastrar o CPF para que possa acessar a parte interna do estabelecimento.

“Em razão dos não pagamentos e furtos contínuos, ele não conseguia mais entrar nos mercados justamente por conta das pendências de pagamentos, com isso, utilizava documentos de terceiros para realizar o cadastro e manter os furtos”, destacou Frozza.

Questionado pelo Correio do Estado, o empresário destacou que, em um primeiro momento, não é possível quantificar o número de pessoas e CPF’s utilizados pelo jovem, uma vez que ele também “se aproveitava do fato de que outras pessoas estavam no mercado para entrar sem precisar utilizar o aplicativo”.

Após o furto que deu origem à prisão de Ferreira, o jovem “seguiu para a casa da mãe, onde posteriormente aguardou a chegada da polícia, acionada pela segurança do condomínio”, destaca o B.O.

Em razão do imbróglio e de toda a confusão, Ferreira se ofereceu para pagar o valor furtado em mercadorias, a fim de não seguir para a delegacia, sem êxito.

De acordo com a advogada Ariane Lemes Matoso, a ação de Ferreira se enquadra em furto, artigo 155 da Constituição Federal (CF).

“Além do furto (155), pode se enquadrar como falsa identidade, artigos  307 e 308”, disse ao Correio do Estado.

Sobre os crimes de falsa identidade, a detenção prevista é de três meses a um ano, ou multa, “se o fato não constitui elemento de crime mais grave”. Do mesmo modo, o furto pode chegar a reclusão de 10 anos.

Anteriormente

“Quando uma pessoa leva algum produto e não faz o pagamento, gera um transtorno pois, para nós, o produto continua na loja e o próximo abastecimento será  incorreto”, destacou Eriberto Frozza, um entre os quatro sócios da rede com mais de 10 mil unidades e mais de 25 mil pessoas todos os dias.

O gestor destacou que, como prevenção, a rede realiza frequentemente um inventário dos produtos do mercado, a fim de “trabalhar com rapidez para identificar os envolvidos e notificá-los.”

Para além dos itens ‘preferidos’ entre os furtos, salgadinhos, batatas, picolés e até mesmo bebidas alcoólicas estão entre os itens escolhidos pelos consumidores.

Perguntado se há um padrão, Frozza disse que os registros mais frequentes acontecem aos fins de semana e envolvem pessoas com idade entre 15 e 30 anos.

Sem quantificar valores, o gestor disse que as perdas em Campo Grande ficam em torno de 3% do faturamento.

Segundo ele, a média do segmento a nível Brasil chega a ser de até 5%. “Com as ações de nossa equipe conseguimos recuperar uma parte desse valor.”, destacou.

Sem dados consolidados no setor, estima-se que existam cerca de 5 mil lojas deste tipo em funcionamento no País.

Sem qualquer monitoramento presencial dos mercadinhos, a empresa conta com 16 funcionários, além dos quatro sócios na administração da empresa.

Questionado sobre os possíveis aperfeiçoamentos que o modelo de negócio pode almejar a fim de inibir ou mesmo acabar com os furtos, Frozza disse o modelo de negócio é novo em todo o Brasil, e que as últimas atualizações fizeram com que as câmeras e sistema de pagamento fizessem uma leitura dos clientes dentro da loja, identificando eventuais atitudes suspeitas.

“Isso nos dá mais rapidez para falar com os envolvidos e solucionar os casos, sejam eles por intenção ou apenas distração dos clientes, o que acontece também”, frisou.

 

FONTE: CORREIO DO ESTADO