A decisão do senador Nelsinho Trad (PSD) de declarar publicamente voto no senador Rogério Marinho (PL-RN) na disputa contra o senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG) pela presidência do Senado ainda está provocando problemas entre os dois correligionários, três meses depois da reeleição do parlamentar mineiro.
Segundo informações apuradas pelo Correio do Estado, o presidente Rodrigo Pacheco exonerou nos últimos dias pelo menos quatro comissionados ligados a Nelsinho Trad, em “represália” à decisão do sul-mato-grossense de apoiar Rogério Marinho. Dessas exonerações, uma teria sido revertida.
Ainda de acordo com as fontes ouvidas pela reportagem, a “caça às bruxas” não seria exclusividade dos comissionados de Nelsinho Trad. As demissões estariam alcançando “apadrinhados” de outros senadores que declararam voto em Rogério Marinho.
No fim de fevereiro, após o Correio do Estado divulgar com exclusividade que o senador Nelsinho Trad poderia perder o comando do partido em Mato Grosso do Sul, em razão de ter declarado voto no senador Rogério Marinho, o presidente nacional da sigla, Gilberto Kassab, entrou em contato com o parlamentar sul-mato-grossense para aparar as arestas.
Gilberto Kassab teria ligado para Nelsinho Trad e acertado as diferenças, e, ao fim da conversa, Kassab chegou a perguntar ao senador se precisaria divulgar uma nota oficial garantindo a permanência dele na presidência estadual do PSD, o que foi dispensado pelo sul-mato-grossense.
No entanto, passados três meses, Rodrigo Pacheco dá o troco, fazendo valer a máxima de que “vingança é um prato que se come frio”. As exonerações teriam caído como uma bomba no gabinete de Nelsinho Trad em Brasília (DF), que tenta, desde o início da semana, reverter a decisão do presidente do Senado.
O parlamentar sul-mato-grossense teria inclusive se encontrado com o senador Davi Alcolumbre (União Brasil-AP) para tentar estancar as exonerações, porém, até o momento, Nelsinho não estaria tendo sucesso.
O fato de o líder do PSD no Senado ter participado de entrevista coletiva com Rogério Marinho e declarado seu apoio publicamente ainda estaria ecoando no gabinete da presidência da Casa de Leis.
“Reafirmando o meu compromisso com os eleitores sul-mato-grossenses, por quem trabalho no Senado, oficializo o meu voto à presidência do Senado. Votarei em Rogério Marinho”, declarou Trad na época.
Procurado pelo Correio do Estado, o senador Nelsinho Trad disse, por meio de sua assessoria de imprensa em Brasília, que as exonerações seriam comuns no início de novas legislaturas. “Não há nenhuma movimentação de represália. Essas movimentações em início de legislatura são normais e habituais”, garantiu.
A reportagem também entrou em contato com a assessoria de imprensa do presidente do Senado, porém, até o fechamento desta edição, não obteve retorno. O Correio do Estado informa que o espaço continua aberto para um posicionamento do senador Rodrigo Pacheco.
POLÊMICA
Essa nova queda de braço entre Nelsinho Trad e Rodrigo Pacheco pode trazer à tona o desejo – por ora adormecido – de o parlamentar sul-mato-grossense migrar do PSD para o PP da senadora Tereza Cristina.
Desde o segundo turno das eleições presidenciais do ano passado, Nelsinho está mais próximo de políticos bolsonaristas, enquanto o partido está mais ligado ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Gilberto Kassab costurou uma aliança com o PT de Lula, obtendo cargos no governo federal e o apoio do presidente da República para a reeleição de Rodrigo Pacheco à presidência do Senado.
No início deste ano, pessoas próximas a Nelsinho Trad davam como certa a migração do senador para o PP, a convite da senadora Tereza Cristina, que é a presidente estadual da sigla e de quem ficou muito próximo na eleição passada.
Durante a campanha de Rogério Marinho, era comum ver Nelsinho e Tereza juntos pelos corredores do Senado, inclusive, quando anunciou seu voto ao candidato do PL, a senadora sul-mato-grossense estava a seu lado.
FONTE: CORREIO DO ESTADO