Agora, sim: depois de prorrogado por três vezes – para outubro do ano passado, fevereiro e março deste ano – o julgamento de Jamil Name Filho, o Jamilzinho, chefe de uma milícia armada, segundo o MP-MS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul), tem data e hora para desenrolar-se.
O réu vai a júri popular no dia 17 de julho, uma segunda-feira, a partir das 8h da manhã, em Campo Grande.
Jamilzinho será julgado pela morte do estudante de Direito, Matheus Coutinho Xavier, então com 19 de anos de idade, em abril de 2019. O rapaz foi fuzilado em frente à casa, enquanto manobrava o carro do pai, no Jardim Bela Vista, em Campo Grande.
Denúncia do MP sustenta que Jamilzinho tinha contratado pistoleiros para matar o então capitão da Polícia Militar Paulo Roberto Xavier, que seria um ex-aliado no crime. Para o MP, os matadores atiraram no universitário achando que seria o capitão, alvo da empreitada.
Além de Jamilzinho, vão a julgamento pelo assassinato do rapaz Vladenilson Daniel Olmedo, policial aposentado e Marcelo Rios que, na época do crime era guarda civil em Campo Grande.
O trio está encarcerado desde dezembro de 2019 no presídio federal de Mossoró, no Rio Grande do Norte. Eles serão trazidos de lá para o julgamento.
“… oficie-se ao ministro da Justiça Flávio Dino através de seu departamento próprio, Depen, que apresente os acusados no dia e hora supracitados conforme decisão do relator e Ministro do STJ supracitado e, ainda, informe a este juízo a logística a ser adotada na escolta desde a origem, o que poderá ser feito em expediente reservado se entender necessário o sigilo”, decretou o juiz da 2ª Vara do Tribunal do Júri, Aluízio Pereira dos Santos.
Por este magistrado, o julgamento de Jamilzinho já teria ocorrido ano passado, mas suas tentativas foram protestadas pelos advogados dos réus.
O juiz quis conduzir a audiência por meio de videoconferência, mas se assim fosse os réus poderiam ser prejudicados, daí a insistência em trazê-los do RN para MS.
Foi o STJ (Superior Tribunal de Justiça) quem autorizou a vinda dos réus.
Pelo previsto, a audiência de julgamento de Jamilzinho deva contar com um robusto esquema de segurança. A sentença deve ser anunciada de três a quatro dias depois do início da audiência.
EXTERMÍNIO
Jamilzinho foi capturado na Omertà, operação do MP-MS, que desarticulou o que chamou de organização criminosa, de extermínio. Jamil pai e Jamil Filho seriam os chefes da facção. Os dois foram levados para Mossoró.
O pai morreu vítima de complicações da Covid, em junho de 2021, aos 82 anos de idade. Ele estava preso havia dois anos.
PROTESTOS
A pressa do juiz em julgar Jamilzinho tem também a ver com as faixas com apelo pela punição de pessoas supostamente ligadas a milícia armada, que agia como se fosse um poder paralelo, em MS, vistas pela primeira vez, a partir de novembro de 2019, quatro anos atrás, que voltaram à cena, principalmente em vias de Campo Grande.
Tal bando foi fragmentado no âmbito da Omertà, operação cuja primeira fase foi posta em prática em setembro de 2019 por uma força-tarefa do Ministério Público de MS. De lá para cá, mais seis fases da investida policial foram deflagradas e ao menos 80 pessoas encarceradas, uma delas Jamilzinho.
Os implicados nos casos, sustentam as denúncias propostas pelo MP, praticaram crimes de pistolagem e ainda eram metidos em lavagem de dinheiro, agiotagem, exploração de jogos de azar e por formação de milícia armada.
FONTE: CORREIO DO ESTADO