Velho conhecido da polícia, Wellington José Carvalho de Almeida, 41, voltou a ser preso pelo mesmo crime de extorsão de contrabandistas de cigarro, que já tinha levado ele e seu irmão gêmeo, policial militar, para a prisão em 2019.

Na última quarta-feira (03), Wellington e Wagner Renan Marques foram presos pelos crimes de extorsão e falsidade ideológica, e ambos tiveram suas audiências de custódia neste último dia 05, quando foram convertidas em preventivas as prisões em flagrante feitas por agentes da Força Tática.

Conforme boletim de ocorrência, a extorsão que resultou no flagrante, dessa vez começou ainda no dia 03, quando Wellington apresentou-se ao caminhoneiro Nelson Rubens, dizendo saber do esquema de contrabando de cigarros que trazia do Paraguai e que iria protegê-lo.

Nessa ocasião, o golpista – que, segundo depoimento da vítima de extorsão, se apresentava e vestia-se como policial – exigiu o pagamento de R$ 10 mil pelo serviço.

Após esse momento, é descrito que o comparsa de Wellington foi até a residência do caminhoneiro abordado, por volta de 22h30, dando uma chave pix para que o valor fosse pago. Por dizer que só teria o dinheiro às 15h, Wagner voltou ao endereço no dia seguinte e coagiu o morador a entrar no carro.

No interior do veículo, Nelson foi novamente coagido pelo falso policial por chamada de vídeo, momento esse que os verdadeiros agentes apareceram para fazer a abordagem.

“Nesse contexto, observo que se trata de suposto delito cometido pelos autuados com grave ameaça a pessoa, mediante simulação de que eram policiais, os quais exigiam a entrega da quantia de R$ 10.000,00 (dez mil reais), o que, por si, exige postura mais rígida do Estado-juiz na eventual concessão de benefícios como a liberdade provisória”, argumentou o juiz Deyvis Ecco, da 2ª Vara Criminal de Dourados.

Vale ressaltar que, quando finalmente as equipes chegaram até onde estava Wellington, o mesmo arremessou seu celular em um terreno baldio. Nessa ação ainda foram apreendidos telefones; dois rastreadores; roupas das forças de segurança pública; uma arma de fogo e o veículo utilizado pelo grupo.

Velho conhecido

Antes de sua primeira prisão em 2019, Wellington atuou como fiscal da prefeitura por 15 anos e enganou a quadrilha de contrabandistas de cigarros por cerca de 24 meses, fingindo ser agente da Polícia Federal, acumulando carros, caminhonetes e motos que chegam a custar R$ 450 mil como patrimônio.

Conforme as investigações, ainda no último mês de 2017, um caminhão de cigarros contrabandeados foi parado por PMs que pediram R$ 150 mil em propina para liberação da carga, sendo que Wellington já tinha se oferecido aos contrabandistas como quem impediria operações por parte da polícia.

Acionado pela quadrilha nessa situação, para resolver o problema, o falso policial enganou até mesmo o Gaeco, através de uma ligação para o Ministério Público, que resultou na prisão de cinco policiais militares mais o motorista do caminhão, sem que a propina fosse paga e com o carregamento de cigarros apreendido.

Apesar da aparente baixa (com a perda do caminhão), essa quadrilha especializada no contrabando de cigarros vindos do Paraguai, conseguiu através dessa movimentação retirar de circulação policiais que atrapalhavam o esquema.

Wellington, quando não estava disfarçado de policial federal, trabalhava normalmente no prédio da Prefeitura de Dourados, como fiscal do Executivo Municipal, remunerado em R$ 6.191.

Em determinado momento do esquema, o acusado como chefe dos contrabandistas troca mensagens como o falso policial, que apontam para o pagamento de R$ 10 mil a Wellington por cada carregamento de contrabando concluído.

Em certo momento, o golpista chegou a pedir valores na casa de R$ 1 milhão, com a desculpa de que seriam para o pagamento de propina a um juiz e dois delegados, recebendo um “manda a conta” como resposta.

 

FONTE: CORREIO DO ESTADO