Nesta segunda-feira (8), os três réus acusados do assassinato do indigenista Bruno Pereira e do jornalista britanico Dom Phillips, depõem à Justiça Federal de Tabatinga, município do interior do Estado do Amazonas.
Amarildo da Costa de Oliveira está preso em Catanduvas, no Paraná, já Oseney da Costa de Oliveira e Jefferson da Silva estão presos em presídios federais de Campo Grande e foram ouvidos por videoconferência.
A audiência online deveria ter começado às 8h, no horário de Tabatinga (às 10h, em Brasília), no entanto o início foi adiado para às 14h (horário de Brasília), mas só começou às 15h30 (horário de Brasília).
O juiz responsável, Fabiano Verli, decidiu adiar os depoimentos para o horário da tarde pois o presídio de Campo Grande ainda não havia confirmado se Oseney e Jefferson seriam ouvidos reservadamente pelos advogados. No início da audiência, Amarildo foi ouvido pela defesa, de forma reservada.
Os acusados seriam ouvidos no dia 17 de abril, no entanto, a defesa pediu adiamento dos depoimentos alegando que precisava ouvir os réus de forma reservada. Amarildo, Jefferson e Oseney apareceram na chamada de conferência mas não chegaram a ser ouvidos nem pelo juiz e nem pelo Ministério Público Federal (MPF-AM).
Na última sexta-feira (5), o juiz Fabiano Verli proibiu qualquer monitoramento das conversas entre os advogados e os acusados. Nas audiências em Tabatinga, a justiça busca definir se os acusados vão a júri popular.
Em depoimento nesta segunda, Amarildo voltou a confessar o crime, mas defendeu o irmão Oseney da Costa das acusações. “Eu sou réu confesso nessa história. Meu irmão não tem nada a ver com isso”, afirmou o acusado.
Relembre o caso
Bruno e Phillips foram mortos no início do mês de junho, quando viajavam, de barco, pela região do Vale do Javari. Localizada próxima à fronteira brasileira com o Peru e a Colômbia, a região abriga a Terra Indígena Vale do Javari, a segunda maior do país, com mais de 8,5 milhões de hectares (cada hectare corresponde, aproximadamente, às medidas de um campo de futebol oficial).
A dupla foi vista pela última vez enquanto se deslocava da comunidade de São Rafael para a cidade de Atalaia do Norte, Amazonas, onde se reuniria com lideranças indígenas e de comunidades ribeirinhas. Os corpos só foram resgatados dez dias depois. Eles estavam enterrados em uma área de mata fechada, a cerca de 3 quilômetros da calha do Rio Itacoaí.
Colaborador do jornal britânico The Guardian, Dom se dedicava à cobertura jornalística ambiental, como os conflitos fundiários e a situação dos povos indígenas e preparava um livro sobre a Amazônia.
Bruno já tinha ocupado a Coordenação-Geral de Índios Isolados e Recém Contatados da Fundação Nacional do Índio (Funai) antes de se licenciar e passar a trabalhar para a União dos Povos Indígenas do Vale do Javari. Por sua atuação em defesa das comunidades indígenas e da preservação do meio ambiente, recebeu diversas ameaças de morte.
FONTE: CORREIO DO ESTADO