Dois homens foram mortos durante operações policiais nesta sexta-feira (12), em Campo Grande. O primeiro, Odair José Cezar Rodrigues, de 19 anos, morreu durante a madrugada, após reagir a uma abordagem da Polícia Militar, no Bairro Vila Margarida. O segundo, Joel de Lima Oliveira, de 44 anos, morreu durante a manhã, após reagir a um mandado de prisão da Polícia Civil.
Com esses dois novos óbitos, Mato Grosso do Sul chega a 59 mortos em confrontos políciais somente neste ano.
Nos primeiros quatro meses do ano, foram 52 mortos em confronto polícial, número que representa um aumento de 642,8% em relação ao registrado no mesmo período do ano passado (7). Até o fim do mês de abril, a média era de 13 mortes por ações de agentes do Estado por mês, número recorde em relação aos últimos nove anos que se tem registro.
O segundo maior número de óbitos da série histórica neste mesmo período aconteceu em 2019, ano em que 34 foram mortos pela polícia até o fim de abril. Confira os números*:
ANO | ÓBITOS EM CONFRONTO DE JANEIRO A ABRIL |
ÓBITOS EM CONFRONTO NO MÊS DE MAIO |
2014 | 3 | 0 |
2015 | 14 | 0 |
2016 | 27 | 15 |
2017 | 21 | 0 |
2018 | 28 | 7 |
2019 | 34 | 5 |
2020 | 8 | 3 |
2021 | 18 | 9 |
2022 | 7 | 6 |
2023 | 52 | 7** |
O mês de maio começou há 12 dias e já é o terceiro com o maior número de óbitos da série histórica, com 7 mortos, atrás apenas de 2016, que registrou 15 mortes em confrontos, e de 2021, que registrou 9.
Já tendo superado o número de mortes de cinco dos últimos nove anos, Mato Grosso do Sul caminha para registrar número recorde em 2023.
Em análise feita ao Correio do Estado anteriormente, o professor aposentado e sociólogo Paulo Cabral, afirmou que o aumento no número de óbitos nos confrontos com a polícia se deve ao fato de que o crescimento de facções criminosas exige que policiais sejam cada vez mais rigorosos.
“Ao contrário de mostrar que a Segurança Pública está no comando, o aumento das mortes mostra exatamente o contrário: mostra que o crime está cada vez mais organizado”, reforçou.
Nesta manhã
Por volta de 9h desta sexta-feira, policiais da Delegacia Especializada de Roubos e Furtos (DERF) realizavam o cumprimento de um mandado de prisão na Rua dos Amigos, no Bairro Tarsila do Amaral, quando o foragido, um homem de 44 anos, reagiu à abordagem, e deu início a uma troca de tiros.
Joel de Lima Oliveira, foi atingido por tiros, e socorrido para uma unidade de saúde da região, mas não resistiu aos ferimentos.
O foragido tinha passagens por tráfico de drogas, roubo, corrupção de menores, violência doméstica e quatro homicídios. Joel havia sido sentenciado pelo assassinato de Nelson Costa Júnior, um investigador da Polícia Civil morto em 2006, com um tiro na cabeça, em um bar localizado na Avenida Mato Grosso.
Durante a madrugada
Conforme noticiado anteriormente, militares do 9º Batalhão de Polícia Militar (BPM) da Força Tática estavam fazendo rondas pelo bairro Vila Margarida, em Campo Grande, e avistaram um rapaz em um beco escuro, com roupa de volume na cintura. A guarnição deu voz de abordagem, mas o homem não obedeceu e apontou uma arma para os policiais.
Segundo informações da PM, os militares revidaram e acertaram dois tiros na região do tórax do jovem, identificado como Odair José Cezar Rodrigues, de 19 anos.
Os policiais chegaram a prestar socorro, mas Odair não resistiu aos ferimentos e morreu na Santa Casa de Campo Grande.
O jovem tinha 15 passagens pela polícia por roubo, sequestro, ameaça, tentativa de latrocínio, tráfico de drogas, violação de domicílio e era suspeito de ser o autor de diversos furtos na região da Vila Margarida.
Com informações de Neri Kaspary e Naiara Camargo
FONTE: CORREIO DO ESTADO