A popularização da venda de drogas on-line vem causando diversas ocorrências em Campo Grande com relação ao envio de entorpecentes pelos Correios para diversos estados do País. Em um dos processos na Justiça, os traficantes tentaram enviar drogas até para o Acre, a quase 3 mil km de distância da Capital.

Alguns casos que ocorreram no fim do ano passado corroboram a necessidade de operações da Polícia Federal (PF) para tentar inibir o envio das drogas, abrindo investigações na tentativa de encontrar a quadrilha por trás desse comércio ilegal.

No dia 24 de outubro de 2022, a PF apreendeu uma substância suspeita encontrada em imagem de raios X. Dentro do pacote havia 1 kg de cocaína, que tinha como destino a cidade de Andradina, interior de São Paulo.

A droga, segundo a polícia, estava dentro de uma lixeira de cor prata com uma tampa preta quebrada. A substância apreendida estava compactada em pó e em grânulos, envolvida em um tablete de papelão lacrado com plástico.

O pacote havia sido enviado por uma mulher que se identificou como moradora da Rua Pirituba, no Bairro Guanandi, em Campo Grande. Tanto o remetente quando o destinatário foram intimados para depor na Polícia Federal sobre a carga. Após apreendida, a droga foi encaminhada para a incineração.

Outro caso ocorreu durante uma fiscalização de rotina da PF no Centro de Distribuição Domiciliária dos Correios, na Capital, no dia 3 de novembro de 2022. Duas encomendas que tinham como destino Angatuba (SP) e Goiânia (GO) foram interceptadas pela polícia.

O primeiro pacote, que tinha como destino a capital de Goiás e que dizia conter uma escultura de argila, tinha na verdade 10,7 kg de maconha. Enquanto o segundo, para o interior de São Paulo, o qual descrevia ser uma encomenda de uma escultura de argila de centro de mesa, porém, levava 11 kg da droga.

Segundo consta na investigação da PF, as encomendas levariam juntas 21 kg de maconha em tabletes prensados para fora do Estado.

A polícia fez uma oitiva com a mulher que teria supostamente enviado as remessas de entorpecentes. Ela foi submetida a teste de caligrafia, que será enviado para a perícia.

Após 13 dias desde que ocorreu esse flagrante, mais um registro de apreensão de maconha foi feito pela Polícia Federal nos Correios. Dessa vez, os dois pacotes constavam ser uma entrega de caixas de ferramentas com kits de chaves para motos.

Contudo, somando as duas encomendas, havia mais 10 kg de maconha, divididos em seis tabletes da droga. Os pacotes, segundo o processo da PF, seriam enviados via Sedex.

De todas as ocorrências que a reportagem do Correio do Estado obteve acesso, a que chama mais atenção é a que tinha maior distância de envio.

A droga sairia do Centro de Distribuição Domiciliária dos Correios em Campo Grande com destino a dois endereços diferentes na cidade de Rio Branco, no Acre, uma distância de 2.668 km.

VENDA PELA INTERNET

As quadrilhas que vendem as drogas on-line e que as envia por meio dos Correios em Mato Grosso do Sul estão na mira da Polícia Federal. A modalidade vem crescendo por se tratar de um estado com fronteira seca com a Bolívia e com o Paraguai.

No dia 24 de agosto, foram cumpridos cinco mandados de busca e apreensão pela Operação Track Back (Descobertos), em combate à modalidade do tráfico de drogas que se utiliza do serviço postal para o encaminhamento de entorpecentes para todo o País.

Conforme a PF, as investigações constataram que a quadrilha que atuava pela venda on-line havia adquirido a droga de outro grupo de traficantes.

“As células criminosas dessa operação realizavam as vendas por meio de redes sociais para usuários e traficantes de outros estados da federação, utilizando-se da logística dos Correios para a entrega dos entorpecentes. Também ficou evidenciado na investigação a tarefa de cada integrante dessas células”, informou a Polícia Federal ao Correio do Estado, na época.

O tipo de droga mais enviado e comercializado de forma ilegal por meio dos Correios, de acordo com a PF, é a maconha e seus derivados, como o skank e o haxixe. Em menor quantidade, também há cocaína e drogas sintéticas.

Em nota, a estatal afirmou que tem métodos de monitoramento que são aprimorados periodicamente, com base em informações apresentadas pelos órgãos de segurança e fiscalização.

“Muitas das operações de combate a ilícitos começam por meio do processo de fiscalização não invasiva [raios X] dos Correios. A empresa tem priorizado investimentos em ações preventivas, para fortalecer a integridade dos serviços postais”, complementou os Correios.

OPERAÇÃO DELIVERY

A Polícia Federal já havia cumprido na Capital, em agosto de 2020, um mandado de busca e apreensão na operação denominada Delivery.

Na época, funcionários do setor de Segurança dos Correios acionaram a PF em razão da suspeita de uma encomenda contendo drogas sintéticas, cuja destinatária seria residente em Campo Grande.

Uma pessoa que seria especialista em ludibriar os mecanismos de fiscalização dos Correios foi presa e conduzida à sede da Superintendência Regional da Polícia Federal em Mato Grosso do Sul durante a operação.

SAIBA

Os presos nessas operações poderão responder pelo crime de tráfico de drogas entre estados (art. 33 da Lei nº 11.343/2006). A acusação pode acarretar pena de reclusão de 5 a 15 anos, além de pagamento de R$ 500 a R$ 1,5 mil de multa.

 

FONTE: CORREIO DO ESTADO