Em coletiva realizada na Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul (ALEMS) na tarde desta quinta-feira (21), antes da cerimônia de instalação da Frente Parlamentar para o Acompanhamento da Implantação da Rota Bioceânica, autoridades destacaram os impactos econômicos, a importância estratégica e turística, além da integração entre Mato Grosso do Sul e Paraguai, e os outros países vizinhos, com a implantação da Rota Bioceânica.

De acordo com o coordenador da Frente Parlamentar, Zeca do PT, os objetivos do grupo de trabalho são trabalhar pela competitividade de Mato Grosso do Sul no cenário internacional e fortalecer o desenvolvimento econômico. “A rota, quando concluída, trará inúmeros benefícios do ponto de vista da integração, da oportunidade que nos dá, não só econômica, mas também social, cultural e turística. Evidentemente que no rastro disso podem aparecer problemas de ordem ambiental, de exploração possivelmente de menores de trabalho e de mulheres, então precisamos acompanhar. E o papel da Frente Parlamentar, analisando esses diferentes aspectos, poder se também associar as universidades”, explicou o parlamentar.

Zeca do PT salientou: “Nós queremos interagir e nos juntar aos que ousaram sonhar, construir e superar as dificuldades. Assim permitir que logo possamos sair daqui e chegar ao Pacífico, tornando nosso Estado altamente competitivo no mercado internacional e aproximando os nossos povos da América do Sul”, disse. Zeca do PT complementou que a instalação do grupo de trabalho, com a presença dos exs-presidentes Michel Temer e Mario Abdo Benitéz, tem um significado extraordinário. “Primeiro, porque nos dá a oportunidade de fazer um reconhecimento público, entregando a justa homenagem ao presidentes e também ao ex-ministro Carlos Marum, pelo papel visionário, desafiador, corajoso e determinado que tiveram em aproximar as partes. Carlos Marum nos permitiu materializar um sonho de mais de 40 anos. Essa iniciativa coloca o Mato Grosso do Sul no epicentro do desenvolvimento, com certeza, econômico, mas também da integração social, cultural e turística na América do Sul”, concluiu.

O governador de Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel (PSDB), pontuou a dimensão do projeto da Rota Bioecânica e parabenizou a iniciativa da Assembleia Legislativa com o trabalho da Frente Parlamentar. “Vamos ter mais competitividade, o que significa uma janela de abertura gigante do ponto de vista comercial para o Mato Grosso do Sul, parte do Centro-Oeste, para os países que a rota atravessa, como o Paraguai, a Argentina e o Chile. Do ponto de vista do ir e vir de diversos produtos, de diferentes cadeias produtivas, do turismo, da integração nacional, a expectativa da rota já tem atraído muitas missões e as empresas logísticas começam a se movimentar. São 14 dias a menos de navio, 450 mil dólares a menos de uma taxa. Porto Murtinho passa por uma transformação de investimento e nem começou, nós estamos só com a expectativa da rota. Então parabenizo a iniciativa da Assembleia”, informou.

Eduardo Riedel apontou a integração entre o Mato Grosso do Sul e os países da América do Sul que compõem a rota. “Quero aqui cumprimentar o presidente do Paraguai Mario Abdo Benitéz, porque ele tomou uma decisão lá atrás de pavimentar 500 quilômetros no Chaco Paraguaio. Também rendo minhas homenagens ao presidente Michel Temer e Carlos Marum, pelo trabalho realizado. Ainda temos muito a assistir como relações diplomáticas, fast track e melhoramento das relações das alfândegas para que a rota funcione bem. Então, esse processo é uma construção diária de todos os protagonistas políticos que fazem parte do momento da história”, finalizou.

Para o ex-presidente do Brasil, Michel Temer (MDB), a Rota Bioceânica é um projeto ousado que unirá o Atlântico com o Pacífico e que representa uma conquista sem precedentes para o Brasil. “Diria que é um projeto ousado, pois eu e o ex-presidente do Paraguai, Mario Abdo Benitéz, assessorado pelo Carlos Marun, em um dado momento assinarmos um protocolo, que a esta altura já em ação com uma ponte do Paraná/Paraguai já completada e aqui em Porto Murtinho (MS)/Carmelo Peralta (Paraguai) também sendo concluída e levada adiante”, enfatizou.

Michel Temer destacou a importância da criação da Frente Parlamentar dedicado ao acompanhamento da Rota Bioceânica. “As terras da rota saindo daqui para a Carmelo Peralta já estão valorizadas e será uma rota turística extraordinária que incrementará muito o turismo entre Brasil e Paraguai. Somos já países irmãos e nos fraternizamos mais e, neste momento, há uma concretização disso”, destacou.

O ex-presidente do Paraguai, Mario Abdo Benitéz, citou a Rota Bioceânica como o novo canal do sul do Panamá. “Isso mostra a importância que representa para a nossa região ter tomado a decisão política de avançar na construção da Rota Bioceânica e da ponte. Lembro que, quando conquistei a presidência da República no meu país, a primeira viagem que fiz como presidente eleito foi para Brasília visitar o presidente Michel Temer. Naquela época, citei as pontas que tínhamos e a ideia da Ponte da Amizade, que é a única que une o Paraguai e o Brasil, sendo construída há 57 anos. Então, levei a proposta de que essa ponte, que hoje já é uma realidade que une Foz do Iguaçu e Presidente Franco, que representa a integração entre dois povos irmãos como o Binacional Itaipú, a mais importante barragem de geração de energia limpa e renovável do mundo. E conversamos com vocês sobre a construção das pontes que ligam Carmelo Peralta e Porto Murtinho/Porto Murtinho e Carmelo Peralta e acordamos com a Itaipú. O Paraguai fez a sua parte, construiu 300 quilômetros durante a minha gestão e já pavimentou a Rota Bioceânica e os contratos do segundo trecho já foram assinados e contam com fonte de financiamento. Este corredor bioceânico que liga o Oceano Atlântico ao Oceano Pacífico, mudará para sempre a configuração logística da nossa região e permitirá que todos os países sejam protagonistas do acesso para grandes mercados de uma forma mais competitiva”, relembrou.

Ele ainda ressaltou que só o Paraguai e o Mato Grosso do Sul exportam cerca de 20 milhões de toneladas de soja, que hoje tem que sair pelo Canal do Panamá até o Atlântico, atravessar ou pela Patagônia ou pelo Canal do Panamá. E dentro de dois anos essas toneladas chegarão através do corredor bioceânico diretamente aos portos do Pacífico, permitindo a todos nós chegarmos a esses mercados de uma forma muito mais competitiva e com menos custos logísticos. Isso tudo representa o processo de integração cultural, turística e estratégica para a produtividade e para as raízes do nosso povo, principalmente no Paraguai, onde está o Chaco Paraguaio”, explicitou.

A ministra de Estado do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet (MDB), citou as possíveis rotas de integração nacional e a atuação em relação ao projeto. “É determinação do presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, que devemos olhar além do mar. É muito importante atuarmos em relação à rota e ao acordo do Mercosul e União Européia. Eu estive a semana passada, inclusive, na Espanha que tem total interesse. Então, que esse acordo saia do Mercosul com a União Europeia para o Brasil, pois será um ganho sem precedentes nas relações comerciais e, consequentemente, geração de emprego e renda. A integração do Brasil, antes de tudo, começa pela integração regional. No nosso ministério, nós temos um grupo de trabalho que vai entregar ao governador, já agora no final de outubro, todas as possíveis rotas bioceânicas que ligam os estados fronteiriços do Brasil com os nossos países vizinhos. Lembrando que uma rota bioceânica não exclui nem compete com a outra, ao contrário, elas se retroalimentam porque a partir do momento que nós passamos a perceber que, em matéria de distância, de tempo e, consequentemente, de custos, é muito mais vantajoso para o centro-sul do Brasil, mas também por todo esse corredor, produzir e expor para o Pacífico e não pelo Atlântico”, reforçou.

A ministra ressaltou as políticas públicas específicas do governo federal na parte de infraestrutura, rodovia, ferrovia e aduana. “Nós estamos levando no ministério do Planejamento e Orçamento a Rota Bioceânica que liga Mato Grosso do Sul ao Paraguai, passando pela Argentina e Chile. Esse estudo está quase pronto e nós temos a possibilidade de pelo menos mais três rotas bioceânicas, uma pela Guiana, voltando pelo Panamá, a do Rio Grande do Sul, que falta apenas investimentos, e alguma coisa em Rondônia, via Acre. Então já é uma realidade a rota bioceânica, porque o acesso, que é o ponto principal, já está no nosso programa PAC. O Paraguai já fez o dever de casa quando conseguiu o financiamento, já está aqui com o Banco Mundial, está praticamente quase toda pavimentada, o trecho do Chaco-Paraguai. A Argentina não havia problema, porque a alça dela era pequena, já estava asfaltada, e o Chile da mesma forma. O que faltava era a ponte, e na época do governo do presidente Michel Temer, com a ajuda do nosso ministro que foi muito atuante, lá junto a Itaipu, nós conseguimos 85 milhões de dólares pela ponte. Agora, em outubro, já começa o processo de licitação dessa alça, que deve terminar em abril e e a partir daí nós teremos condições da ordem de serviço, acredito que já na primeira semestre de 2024”, esclareceu.

Além da participação dos deputados estaduais, os ex-presidentes do Brasil e do Paraguai, Michel Temer e Mario Abdo Benitéz, respectivamente, a ministra de Estado do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, prestigiaram a coletiva de imprensa os ex-governadores de Mato Grosso do Sul, Reinaldo Azambuja e André Puccinelli, e o ex-ministro de Estado Chefe da Secretaria de Governo da Presidência da República, Carlos Marun.

 

FONTE: ALEMS