Integrando as ações do Setembro Amarelo – Mês de Prevenção ao Suicídio, foi realizada nesta tarde (26), na Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul (ALEMS) a audiência pública com o tema “O impacto da prevenção da saúde mental nas crianças e adolescentes”, por proposição do deputado estadual Lidio Lopes (Patriota).“Várias mãos para que a gente chegue ao bom termo de fazer uma legislação, para que na aplicação seja atingido um bom resultado e resolva situações. Trouxemos profissionais de diversas áreas, entre elas Educação, Saúde, Assistência Social e Direitos Humanos aqui na Casa de Leis para ouvir suas falas e elaborarmos encaminhamentos para colocar em prática ações que previnam a saúde mental de crianças e adolescentes”, ressaltou o parlamentar.
Lidio Lopes é coordenador da Frente Parlamentar em Defesa da Criança e do Adolescente (Fenacria), e considera que o brincar é muito importante para a vida da criança. “Passo um vídeo agora para tecer algumas considerações. Eu vivi tudo isso, aproveitava enxurradas para descer a rua com o carrinho de rolimã, as minhas cachoeiras eram as bicas do telhado. E foi isso que mudou de lá para cá, o tempo e oportunidade de ser criança. Permitam que as crianças brinquem. Nós precisamos cuidar dessa geração. Se dermos a mão e cada um der um pouquinho, cuidaremos muito de uma geração que será uma benção lá na frente”, alertou.
Quando presidia a União Nacional dos Legisladores e Legislativos Estaduais (Unale), Lidio Lopes realizou conferências sobre o tema. “Sou coordenador da Fenacria e já presidi a Unale. Fizemos cinco conferências nacionais e passamos o passamos o relatório à Câmara Federal, para subsidiar a execução de legislações mais específicas. Os dados nos preocupam, são alarmantes, a taxa de suicídios cresceu assustadoramente, nós precisamos tomar alguma posição e executarmos isso na prática”, definiu.
Projeto
Atuando na prevenção da saúde mental de crianças e jovens nas escolas, o deputado Lidio Lopes é autor do Projeto de Lei 259/2023, que estabelece as diretrizes para criação da política de promoção à saúde mental, com prevenção e a posvenção ao suicídio e autolesão, dentro das escolas estaduais e privadas do Estado. “Apresentei um projeto para que possamos fazer parcerias com universidade e acadêmicos, com o objetivo de trabalhares nessas escolas e preventivamente pouparem vidas do suicídio e enfrentar a autolesão. Temos que fazer o enfrentamento na prática, que os senhores nos ajudem a criar alternativas”, concluiu o proponente da audiência.
Palestras
A psiquiatra Gislayne Budib Poleto, coordenadora municipal da RAPS, destacou um dos grandes compromissos da pasta, que é saúde da infância e do adolescente. “Aqui é a sexta capital em relação a altos índices de suicídio em crianças e adolescentes, e esses números só tem aumentado. Os últimos dados demonstraram que está menor a idade, são agora crianças e 5 a 9 que tentam o suicídio. A criança pode ter transtornos psiquiátricos, temos que trabalhar, por exemplo, algumas frases negativas que ela repete e trabalhar ainda fatores de proteção, para não chegar a pensarem em suicídio, como autoestima elevada, bom suporte familiar, entre outros. A prevenção é uma responsabilidade de todos”, garantiu.
A psicóloga Céres Mota Duarte, do Instituto de Terapia Cognitivo Comportamental (ITCC) detalhou sua tese sobre a psicoeducação como estratégia na prevenção à saúde mental nas escolas. “Fico feliz em poder participar de uma audiência em que posso trazer e aprender sobre conteúdos que serão propostos. A saúde mental é uma parte integrante da Saúde, determinada por fatores socioeconômicos, psicológicos e ambientais. A criança externaliza de forma mais sincera quando passa por algum problema, o adolescente às vezes não. Convivência e habilidades sociais são desenvolvidas na escola também. É necessário também diminuir também o estigma, lembrando que a prevenção busca impedir que um transtorno mental se instale ou o impacto deste transtorno. É necessário que toda a escola esteja envolvida no processo, estratégias de enfrentamento, autoajuda, e para isso temos programa em grupos, sessões individuais, com envolvimento dos pais, avaliação e monitoramento passos do programa de implementação, entre outros passos”, informou.
União
Milton Marcelo de Camargo, defensor público titular da Defensoria Pública de Atenção à Saúde, destacou que a união do sistema de Justiça e de Saúde é muito importante. “Há muitas questões sobre a saúde mental desses adolescentes e crianças, se muito bem cuidados agora não será levado a níveis mais altos de fragilidade, pensar propostas e compartilhar que visem a redução de danos é extremamente. É um desafio de questionar os métodos psicológicos desenvolvidos para as crianças do século XX são apropriados as do século XXI”, considerou.
A psicóloga educacional Amanda Ferreira de Andrade, representou a Secretaria de Estado de Educação (SES). “A secretaria de Estado de Educação tem desenvolvido ações em prevenção e promoção de saúde, mas vejo que a atuação em rede é importantíssima para intervir nos condicionantes desse sofrimento. A saúde mental é responsabilidade de todas as políticas. Importante construir uma política intersetorial, para a sociedade que trabalhar no enfrentamento ao suicídio e promoção da saúde mental. Também é preciso pensar em outras políticas, e nas atividades culturais além do esporte”, acredita.
O secretário municipal de Saúde (Sesau), Sandro Benites, falou sobre a infância. “Acredito firmemente que a criança do século XXI é a mesma criança com as mesmas necessidades, aceitação, afeto, carinho e atenção, mas o mundo mudou drasticamente de modo que não temos noção do que vivemos no mundo atual. A noção de tempo que nós temos é limitada ao tempo que a gente vive. A atividade física comprovadamente é algo que traz benefício, uma maneira barata e simples de estimular e diminuir o stress nas pessoas escola para fomentar isso”
Também participaram do debate o vereador Paulo Lands (Patriota) tenente Teller Soares Ribeiro, do Corpo de Bombeiros Militar (CBBMS), Walkes Jacques Vargas., Michelle dos Santos Ferreira, Carla Alexandre Rodrigues, Alexsandra Barbosa de Oliveira, Professora Avani Cardoso Leal, José Augusto Sobral Filho, Juliana Eliza dos Santos, professora de Psicologia da Uniderp; a professora do curso de Psicologia do Insted, Avany Cardoso Leal; Daniel Santana, do Grupo de Amor à Vida (GAV), a professora Juliana Cintra Marques Ferreira, entre outros.
Integraram a plateia presencial no Plenário Júlio Maia nesta terça-feira os alunos da Escola Estadual Arlindo de Andrade Gomes, localizada no Lar do Trabalhador, e da Escola Municipal professora Ione Catarina Gianotti Igydio, localizada no bairro Noroeste.
FONTE: ALEMS