Agressivos e perversos por motivo fútil, é que aponta o relatório do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), sobre as sessões de torturas praticadas por Stephanie de Jesus da Silva e seu companheiro Christian Campoçano Leitheim, em trocas de mensagens por WhatsApp.
A extração das conversas entre o casal, foi feita do celular da ré no caso da morte de Sophia de Jesus Ocampo, a pedido do Ministério Público Estadual. O relatório do Gaeco foi anexado ao processo que oferece denúncia ao casal por crime de homicídio qualificado contra a criança, que perdeu a vida em 26 de janeiro deste ano, aos 2 anos de idade, em decorrência de várias agressões e abuso sexual.
O relatório traz as conversas em um período de dois anos, entre 2021 e 2022. Durante todo esse período, Sophia, o filho de Christian e a filha mais nova do casal, passaram por intensas agressões e maus tratos, que eram tratados com ‘normalidade’ pelo casal.
Entre as “correções” estavam espancamentos de perder a consciência, deixar as crianças sem comer, mordidas, estrangulamento entre outros. Na época, Sophia tinha um pouco mais de 1 ano, o filho de Christian, I.F.L, tinha 3 anos e a filha dele com Stephanie, E.L, alguns meses de vida.
Em um trecho das conversas, Christian ameaça matar o filho I.F.L, porque a criança teria derrubado acidentalmente um ventilador.
Em outra troca de mensagens pelo casal que se chama de ‘amor’, Christian revela que ‘espancar é pouco’ e que teria ‘arrebentado’ o filho mais velho, que na época tinha 3 anos.
Conforme o relatório, Stephanie não só sabia das agressões como as incentivava e praticava também contra as próprias filhas e o enteado. Em outro relato, Christian diz que Sophia está ‘desmaiada’ e chama o filho de ‘arrombado’.
“Não resta dúvidas quanto aos crimes praticados”, dizem advogados
Em nota a imprensa, os advogados Janice Andrade e Josemar Fogassa, afirmam que a perícia feita no celular da genitora de Sophia “não deixa dúvidas das condutas criminosas”, de Christian Campoçano Leitheim e Stephanie Jesus da Silva. Os advogados atuam como assistentes de acusação, representando Jean Ocampo, pai de Sophia Ocampo de Jesus.
“Observando o relatório, podemos constatar que os acusados praticavam uma rotina de agressões e torturas contra Sophia Ocampo de Jesus e I. F. L., quais consistiam em tapas, porradas, beliscos, cintadas, socos, e etc por mais de um ano, utilizando inclusive métodos de tortura para esconder possíveis marcas, além do abuso psicológico que incluíam castigos como permanecer tempo em pé ou sem alimentação”, apontam os advogados.
O conteúdo do relatório deixou até mesmo os advogados em estado de choque. “É assustador, como demonstrado no relatório, que os dois se divertiam com as surras que davam nos menores, inclusive um orientava o outro, e incentivavam as agressões contra as crianças, caracterizando sadismo puro dos acusados, que tinham o prazer de torturar as crianças de todas as formas”, observam os advogados.
Por fim, os advogados reinteram que a tese de defesa dos acusados não se sustenta. Confira a nota:
“Entre as mensagens, ficou demonstrado ainda ameaças que foram concretizadas, como a de “quebrar o pescoço” da pequena Sophia, jogar na parede e sufocar. Assim sendo, não restam dúvidas, de que os dois acusados participaram ativamente das torturas e assassinato de Sophia Ocampo de Jesus, bem como, das agressões conta I.F.L.
Portanto, a tese de defesa de coitadismo dos réus não merece prosperar e nem enganar a sociedade, uma vez que as mensagens mostram atitudes de sadismo e extrema agressividade de sua parte, ao mesmo tempo que tratava o algoz de sua filha por alcunhas de “amor” e outros elogios.
Assim, é de extrema importância cobrar quando I.F.L terá justiça e quando seus agressores vão responder por crime de tortura, como já comprovadamente constatado que ele também foi vítima de Christian Campoçano Leitheim e Stephanie Jesus da Silva”, finaliza a nota.
Filho de Christian segue em abrigo após ser agredido pelo avô paterno
Conforme já noticado pelo Correio do Estado, o filho biológico de Christian Campoçano Leitheim, I.F.L que atualmente está com 5 anos, foi levado para um abrigo na Capital, no dia 15 de setembro, após ser agredido pelo avô paterno, que possuia sua guarda provisória desde que Christian foi preso pelo assassinato de Sophia.
No dia 15 de setembro a criança chegou na escola com o olho roxo. A diretora da unidade escolar também notou hematomas na parte superior e inferior no corpo da criança e comunicou o fato ao Conselho Tutelar da Região Norte, de Campo Grande.
O menino foi encaminhado a Delegacia Especializada de Proteção à Criança e Adolescente (Depca) onde passou por escuta especializada e confirmou que era agredido pelo avô na presença da avó. Depois da realização de exames no Instituto de Medicina e Odontologia Legal (Imol), a criança foi levada para a Unidade de Acolhimento Institucional para Crianças e Adolescente (UAICA II) onde segue acolhida até hoje.
Uma audiência está marcada para o dia 10 de novembro, às 16h10, com a presença da mãe da criança, Andressa Victória Fernandes Canhete, de 23 anos e dos avós paternos, Luciana dos Santos Campoçano Leitheim e Adailton Cristiano Leitheim, para decidir se há condições de reintegração familiar do menor.
FONTE: CORREIO DO ESTADO