Quem mora na periferia de Campo Grande já está acostumado com a falta de energia elétrica quase que diária. O motivo é o recorrente furto de fios, que nos últimos anos se tornou moeda de troca para usuários de drogas sustentarem o vício. Nesta semana a situação escalou, quando um usuário de drogas invadiu uma subestação de energia para furtar fios, causou explosão e deixou 40 mil casas sem energia elétrica.

Apesar da situação crítica que resultou na morte do homem, em bairros de Campo Grande, o problema é constante e rotina na vida dos moradores. Proprietária de uma conveniência na avenida Ernesto Geisel, na região da Nhanhá, conta que enfrenta diversos problemas e prejuízos e problemas.

“Antes os furtos aqui eram demais, eles desligavam a energia e eu perdia meus produtos gelados. Aí coloquei câmeras e placas solares, para minimizar os prejuízos”, conta ela, sem se identificar. Por estar perto da região onde os usuários de drogas ficam, ela acredita que os furtos diminuíram recentemente.

Moradores se defendem como podem dos furtos

Na Vila Nhanhá, proprietário de uma oficina de motos, diz que furtam muito fios na região e sempre enfrenta queda de energia por causa disso. Para defender seu estabelecimento, ele conta que enfrenta os usuários de drogas para que eles saiam do local.

(Foto: Henrique Arakaki, Jornal Midiamax)

“Pessoal sobe no ponto de ônibus para tentar furtar os fios. Eles chegam com alicate, cortam e enrolam no braço o fio e vão para a região do córrego para queimar o fio”, conta ele. Todos que moram na região sabem o que é “queimar o fio”, que é quando os usuários colocam fogo nos fios para retirar a borracha.

Na Vila Jacy, proprietário de uma borracharia também diz que sempre fica sem energia a noite devido ao furto de fios. “Furtaram recente fios dos vizinhos e tem aumentado a presença dos andarilhos na região”.

Lei tenta coibir receptação de fios

Dados da Guarda Municipal de Campo Grande mostram que em 2023 foram 107 casos de furtos de fios, média de nove furtos por mês. Já em 2024, apenas nos primeiros 35 dias foram registrados 17 furtos, conforme levantamento realizado pela Sesdes (Secretaria Especial de Segurança Pública e Defesa Social).

Segundo as autoridades, o principal problema está na facilidade na venda dos produtos. As ações das forças de segurança revelam que usuários de drogas furtam os materiais e trocam por entorpecentes, oferecidos por receptadores ou vendem para comprar drogas.

Em abril de 2020, foi promulgada a Lei Municipal n° 6.436, posteriormente alterada pela Lei Complementar nº 457. Ela prevê multas e a aplicação de medidas cautelares, como encerramento das atividades do comerciante que atue na compra de recicláveis provenientes de crime.

Até novembro de 2023, operações realizadas para fiscalizar e coibir a venda irregular de fios de cobre em Campo Grande prenderam 4 pessoas e notificaram 36 empresas que faziam o comércio ilegal do produto.

O estabelecimento que comercializar o produto sem a comprovação da procedência ou origem, pode sofrer multa de R$ 10 mil reais, além da reclusão de 1 a 4 anos e a cassação do alvará de atendimento do proprietário e sócio pelo período de 10 anos.

(Foto: Henrique Arakaki, Jornal Midiamax)

Fonte: Midiamax