Na última quinta-feira (22), um incêndio devastador consumiu uma casa de reza indígena em Caarapó, situado a 280 quilômetros de Campo Grande. Este local, visitado pela ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, em novembro de 2023, e que passou por uma reforma, estava programado para ter suas obras inauguradas no próximo mês de junho.
Em resposta ao ocorrido, o Departamento de Mediação de Conflitos do Ministério dos Povos Indígenas emitiu uma nota ao Correio do Estado, informando que solicitou uma investigação urgente à Coordenação Regional da Funai em Ponta Porã e à superintendência da Polícia Federal no Mato Grosso do Sul.
“Além disso, a situação será tratada no gabinete de crise Guarani-Kaiowá (em 29/02), e haverá reunião específica para proteção de casas de reza, no início do próximo mês”, diz a nota do Ministério dos Povos Indígenas.
Símbolo imaterial do povo guarani-kaiowá
O monumento, considerado um “símbolo imaterial do povo guarani-kaiowá”, estava sob ameaça de incêndio, levantando suspeitas de crime intencional. Laurentino Garcia, integrante da comissão de lideranças Tenõ’detá, relatou que o grupo planeja uma visita a Caarapó neste domingo (25) para discutir a situação do incêndio na casa de reza em Cunhomi.
A Aty Guasu expressou seu lamento nas redes sociais, destacando não apenas a perda material, mas também o impacto profundo nos corações e na identidade do povo Guarani Kaiowá. Nas redes, a população se solidarizou com a destruição causada pelo fogo e clamou por investigações e políticas públicas que protejam os direitos dos povos originários.
A inauguração da casa de reza, marcada para 14 de junho, data que simboliza o assassinato do agente de saúde Clodiodi Aquileu Rodrigues em 2016, foi previamente planejada como um símbolo de resistência e renovação para a comunidade. Infelizmente, o local sagrado foi consumido pelas chamas antes mesmo de ser oficialmente aberto.
A área onde a casa de reza estava localizada, historicamente conhecida como Yvu e agora denominada tekoha kunumi, é palco de uma longa luta pela demarcação de terras indígenas. Até o fechamento desta matéria, nossa equipe de reportagem procurou o Ministério dos Povos Indígenas e a ministra Sônia Guajajara, mas não obteve retorno. Assine o Correio do Estado para atualizações contínuas sobre esse incidente.
Fonte: Correio do Estado