Cerca de 48 horas após a fuga do Estabelecimento Penal “Jair Ferreira de Carvalho” – conhecido popularmente como “Máxima” – em Campo Grande, um dos fugitivos, Naudiney de Arruda Martins, foi recapturado pela Polícia Civil do Estado de Mato Grosso do Sul enquanto pedia resgate para companheiros de facção com a intenção de cruzar a fronteira brasileira.
Informações divulgadas pela Polícia Civil indicam que a Delegacia Especializada de Repressão a Roubos a Bancos, Assaltos e Sequestros (GARRAS) agiu com apoio da Gerência de Inteligências (GISP) da Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário (Agepen).
Ainda, a Agência confirmou que o recapturado trata-se de Naudiney, que responde pelos crimes de roubo e furto, considerado um preso já faccionado que, inclusive, acionava demais integrantes da organização criminosa para apoio em seu resgate.
Segundo a Polícia, a intenção de Naudiney ao contatar seus comparsas era que a quadrilha o transportasse para a fronteira entre Brasil e Paraguai.
Além disso, o trabalho de inteligência para capturar o foragido, feito por meio de “diligências veladas”, teve sucesso ainda na noite de ontem (06), no bairro Jardim Campo Alto, distante cerca de 11 km do presídio.
Fuga do “Hotel do Crime”
Foi com o monitoramento dos indivíduos ligados a Naudiney que a polícia localizou o esconderijo do foragido, que recebia uma mulher em frente à residência onde se escondia e tentou mais uma fuga ao ouvir a voz de prisão dos policiais.
Correndo para dentro da casa e saltando o muro dos fundos, a nova perseguição à Naudiney, que teve ajuda de outras cinco pessoas que estavam na casa quando os policiais faziam a abordagem.
Após pular o muro do esconderijo, que separava o covil de um condomínio de casas, Naudiney passou a invadir várias residências desse local, saltando muros até parar na laje de uma casa ainda em construção, onde foi pego pela polícia.
Dos comparsas que auxiliaram na fuga e estava no esconderijo, um rapaz de 23 anos estava com mandado de prisão em aberto, pelos crimes de corrupção de menores e tráfico de drogas.
Além de Naudiney e desse segundo indivíduo com mandado em aberto, as entrevistas do GARRAS evidenciaram que até mesmo Douglas Luan Souza, que fugiu da Máxima na madrugada de segunda-feira (04), estava nessa casa considerada pelos policiais um “hotel do crime”.
Com isso, todos que ajudaram Naudiney na fuga, ou com estadia e alimentação, foram levados para o Garras, autuados pelo crime de “favorecimento pessoal”, sendo dois outros indivíduos de 23 anos, um de 28 e um quarto com 18 anos.
Problemas na “Máxima”
Ainda nesta quarta-feira (06) policiais penais protestaram em frente ao Estabelecimento Penal “Jair Ferreira Carvalho”, pedindo regulamentação e alegando sobrecarga de funções.
No protesto, o presidente do Sindicato dos Servidores da Administração Penitenciária de Mato Grosso do Sul (Sinsap-MS), André Santiago, ressaltou o acúmulo das escalas de plantão e que 11 agentes monitoram cerca de 2,4 mil presos na Máxima.
Conforme o Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária (CNPCP), cabe frisar que esse contingente de agentes é estipulado em um policial para cada cinco presos. Com isso, a “Máxima” da Capital precisaria de aproximadamente 500 policiais para dar conta da massa carcerária atual.
Com dois presos escapando no início da semana, a torre de vigilância mais próxima do pavilhão seis, de onde fugiram os dois detentos, foi ativada, o que segundo André Santiago não reprime as tentativas de fuga e sobrecarrega ainda mais o servidor.
Para André Santiago, diante de uma crise no sistema como essa, é fácil achar “um boi de piranha”, alguém a ser responsabilizado que, segundo o presidente do Sinsap, “muitas vezes é a ponta mais falha da corda”, concluiu.
FONTE: CORREIO DO ESTADO