A exemplo das eleições de 1996, de 2004, de 2012 e de 2016 em Campo Grande e também no interior do Estado, os pleitos de 2020 e deste ano fizeram nascer novas lideranças políticas em Mato Grosso do Sul, mas também “sepultaram” outras e consolidaram dois nomes que já estavam na estrada há um certo tempo: a senadora Tereza Cristina (PP) e o ex-governador Reinaldo Azambuja (PSDB).
Se no pleito municipal de 1996 os nomes de André Puccinelli (MDB) e Zeca do PT surgiram para a política estadual, uma vez que ambos acabaram virando governadores por dois mandatos, o de 2004 apresentou Nelsinho Trad (PSD) e Simone Tebet (MDB): o primeiro é senador e a segunda, ministra de Planejamento e Orçamento do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Já as eleições de 2012 fizeram surgir Azambuja e Alcides Bernal (PP). O primeiro se consolidou no cenário político, sendo governador por dois mandatos, enquanto o segundo não soube aproveitar
a oportunidade e foi “sepultado” de vez.
No caso das eleições de 2016, elas alavancaram os nomes de Marquinhos Trad (PDT) e de Rose Modesto (União Brasil).
Ele foi reeleito prefeito e, após uma escolha considerada um tanto quanto equivocada, teve de se contentar em concorrer a vereador neste ano, estando no momento em um viés de baixa. Já ela foi vice-governadora e a deputada federal mais votada, porém, nas últimas eleições, Rose colecionou fracassos e também está vivendo um viés de queda.
NOVAS CARAS
Agora, nos dois últimos pleitos – as eleições gerais de 2020 e as eleições municipais deste ano – serviram para consolidar as lideranças políticas de Tereza Cristina e Azambuja.
Ela, de deputada federal, virou a senadora campeã de votos e que, neste ano, reelegeu a atual prefeita da Capital, Adriane Lopes (PP), e mais 15 prefeitos de cidades do interior. Já Azambuja reelegeu
o seu sucessor na administração estadual, Eduardo Riedel (PSDB), e que no pleito deste ano elegeu 44 prefeitos.
Além disso, ambos trouxeram para a luz os nomes de Riedel e Adriane, que eram meros coadjuvantes de Azambuja e Marquinhos Trad, respectivamente, e que, nos últimos dois anos, viraram as lideranças do presente e de um futuro muito próximo de MS.
Por outro lado, os dois últimos pleitos “sepultaram” de vez a força política dos ex-governadores André Puccinelli e Zeca do PT, dos ex-senadores Delcídio do Amaral (PRD) e Waldemir Moka (MDB), do senador Nelsinho Trad, do juiz federal aposentado Odilon de Oliveira (PP) – que não conseguiu ser eleito vereador – e do prefeito Alan Guedes (PP), sendo esse último nome uma novidade promissora que, porém, acabou sucumbida perante os eleitores de Dourados.
PRÓXIMO PLEITO
Com os resultados de 2020 e 2024, as eleições de 2026 terão como principais lideranças políticas no Estado a senadora Tereza Cristina, o ex-governador Reinaldo Azambuja, o governador Eduardo Riedel, a prefeita Adriane Lopes, o prefeito eleito de Dourados, Marçal Filho (PSDB), e o novato prefeito eleito de Corumbá, Dr. Gabriel (PSB), o qual conseguiu deixar Delcídio do Amaral muito para trás.
Na prática, como nas eleições passadas, as urnas deram neste ano um recado claro aos políticos de que as velhas lideranças não têm mais o encanto de outrora e que precisam se reinventar para também não serem “sepultadas” de vez, caindo no esquecimento como tantos outros nomes que saíram da vida política para entrar para a história – uns pela porta da frente, outros pela dos fundos.
Com as vitórias de Riedel e Adriane, o novo perfil de gestores públicos que os eleitores procuram é o de pessoas que não sejam políticas profissionais, ou seja, que estão há anos nesse círculo, ora em uma Câmara Municipal, ora na Assembleia Legislativa ou no Congresso Nacional.
Afinal, tanto o governador de MS quanto a prefeita da Capital nunca tinham sido gestores do Poder Executivo, no máximo, até então, foram secretário de Estado ou vice-prefeita, respectivamente.
Entretanto, o que ficou claro é que a cada duas eleições ocorre um disruptura política em MS: acontece uma desconstrução das ideias já estabelecidas dentro do meio político, para que surjam novos nomes, novos pensamentos, e curiosamente é em Campo Grande que esse fenômeno costuma nascer ou – no caso de outros – ser enterrado.
FONTE: CORREIO DO ESTADO