O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vem a Mato Grosso do Sul para selar um acordo histórico entre indígenas e fazendeiros que protagonizaram conflitos pela disputa de território ancestral em Antônio João (MS).
A vinda do presidente está confirmada para o dia 25 de novembro e foi confirmada pelo secretário-executivo do MPI, Eloy Terena.
O retorno de Lula a Mato Grosso do Sul ocorre cerca de 62 dias após a audiência de conciliação no Supremo Tribunal Federal (STF), em Brasília (DF), para solucionar o conflito por terras entre indígenas e produtores rurais no município de Antônio João.
Demarcação
Em entrevista ao Correio do Estado, o secretário do MPI, Eloy Terena, mencionou que a terra indígena havia sido homologada em 2005; entretanto, ela foi judicializada com uma liminar do Ministro Nelson Jobim e permaneceu por 19 anos sendo alvo de disputa, com os indígenas aguardando a oficialização da demarcação.
A comitiva que acompanhará o presidente Lula ainda não foi confirmada, mas ele segue até a Terra Indígena (TI) Ñande Ru Marangatu, onde irá homologar a demarcação do território aos povos originários.
Agendas de Lula em Mato Grosso do Sul
- Em abril de 2023, Lula veio a Campo Grande para assinar acordos de exportação de carne para a China.
- Em junho de 2023, Lula sobrevoou o Pantanal acompanhado pelo governador Eduardo Riedel (PSDB) e pelas ministras do Planejamento e do Meio Ambiente, Simone Tebet e Marina Silva, respectivamente.
Histórico de violência
No dia 19 de setembro, Neri Guarani Kaiowá, foi a quarta morte indígena registrada na região de Antônio João, segundo dados do Conselho Indigenista Missionário (Cimi). O conflito de terras na região começou na década de 1980, cuja primeira morte foi a de Marçal de Souza, e segue até hoje.
Neri foi morto com um tiro na cabeça. A autoria do disparo ainda não foi confirmada, mas ocorreu durante ação da Polícia Militar na Terra Indígena (TI) Ñande Ru Marangatu, em Antônio João, que abriga indígenas da etnia guarani-kaiowá.
O conflito na região teria tomado proporções maiores desde o dia 12, quando equipes da Polícia Militar (PM) chegaram à região da disputa por terras.
Conforme o Cimi, no dia 12, três indígenas já haviam sido baleados na mesma terra indígena. Uma delas, Juliana Gomes, está hospitalizada em Ponta Porã após levar um tiro no joelho. A segunda ferida foi a irmã dela e o terceiro, um jovem – ambos levaram tiros de bala de borracha.
A morte do indígena teria acontecido durante a madrugada, em confronto na retomada indígena da Fazenda Barra. Ainda de acordo com o Cimi, a Força Nacional de Segurança Pública não estava presente.
FONTE: CORREIO DO ESTADO