Mato Grosso do Sul, que teve a sua economia focada no binômio soja-boi por muitos anos, já se consolidou como Vale da Celulose. Agora, o Estado se prepara para viver uma nova fase focada no beneficiamento de sua produção.

O governo sul-mato-grossense aponta que trabalha para atrair cada vez mais indústrias – como a de papel tissue e etanol – e que nos próximos três anos terá aportes da ordem de R$ 105 bilhões.

De acordo com o titular da Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), Jaime Verruck, os investimentos abrangem áreas como celulose, bioenergia, proteína animal, irrigação e diversificação agrícola e devem impulsionar o crescimento econômico de MS para 4,8% neste ano, segundo projeção da Pasta.

“Esse volume de investimentos representa uma mudança profunda na estrutura produtiva de Mato Grosso do Sul. Estamos falando da consolidação de uma nova matriz econômica, mais diversificada, sustentável e com alto valor agregado”, afirmou Verruck.

Para o secretário, a agroindústria tem o potencial de diversificar a matriz econômica do Estado. “A força desse crescimento está no investimento privado, que tem gerado toda a capacidade de desenvolvimento e geração de emprego em MS”, citou.

“E queremos agregar valor à nossa produção primária. Já estamos negociando a instalação de uma fábrica de tissue, que transforma a celulose nos papéis A4 e higiênico e em guardanapos. Isso é verticalização da produção”, detalhou.

O Estado já conta com a International Paper (Chamex) em Três Lagoas, que produz papel para impressão e escrita. A chegada de novas indústrias de beneficiamento reforça a estratégia de diversificação econômica, reduzindo a dependência da exportação de celulose bruta e ampliando a geração de valor local.

“Nosso objetivo é captar mais investimentos e ampliar a base de produção, avaliando os impactos positivos nos municípios”, disse Verruck.

A diversificação também abrange outros setores da agroindústria, como citricultura e sucroenergia, os quais têm ganhado destaque.

O setor de bioenergia também vive um ciclo de expansão. O Estado conta com 22 usinas em operação, com a adição recente de novas unidades em Anaurilândia e Paranaíba.

Há ainda três novos projetos de etanol de milho em Nova Alvorada do Sul e Costa Rica e um terceiro em negociação, cada um com investimento estimado na ordem de R$ 1 bilhão.

“Com isso, o milho, que antes era majoritariamente exportado, passa a ser transformado aqui mesmo, agregando valor e impulsionando outras cadeias produtivas”, avaliou.

Na suinocultura, a JBS investe R$ 1,2 bilhão para ampliar a sua planta em Dourados, elevando a capacidade para 10 mil suínos por dia. A Aurora também expande a sua operação em São Gabriel do Oeste, de 3 mil para 5 mil suínos diários.

CELULOSE
Nesta segunda-feira, o governo do Estado anunciou a assinatura de um termo de acordo de incentivos fiscais com a Bracell, que investirá US$ 4 bilhões (quase R$ 20 bilhões) em uma fábrica no município de Bataguassu.

A unidade, com capacidade de produzir 2,8 milhões de toneladas de celulose por ano, será a primeira do Estado a fabricar celulose solúvel, usada na produção de viscose para roupas, marcando um passo significativo na diversificação da cadeia produtiva.

Conforme já adiantou o Correio do Estado, a empresa do grupo indonésio Royal Golden Eagle (RGE) também pediu licença prévia para instalar outra fábrica de celulose, em Água Clara, projeto que também foi citado pelo secretário no evento realizado ontem, na Federação das Indústrias do Estado de Mato Grosso do Sul (Fiems).

“A indústria de transformação de MS é a que mais cresce no Brasil. Esses investimentos bilionários consolidam o Estado como um polo industrial, gerando empregos e aumentando as exportações”, salientou o economista-chefe da Fiems, Ezequiel Resende.

O projeto da Bracell é apenas uma das iniciativas que posicionam o Estado como líder global no setor de celulose. Com duas linhas de produção de 1,4 milhão de toneladas cada, a fábrica de Bataguassu demandará 300 mil hectares de eucalipto plantado e deve gerar 6 mil empregos diretos e cerca de 12 mil indiretos,
com um pico de 14 mil a 17 mil trabalhadores durante sua construção.

Outro grande investimento é a fábrica da Arauco, em Inocência, com um aporte de US$ 4,6 bilhões (cerca de R$ 23 bilhões) e capacidade de 3,5 milhões de toneladas de celulose por ano.

Considerada a maior planta do mundo em construção em etapa única, a unidade exigirá 400 mil hectares de eucalipto e também gerará cerca de 6 mil empregos diretos e 12 mil indiretos.

“As últimas três indústrias de celulose demandadas pelo mercado global foram instaladas aqui. Isso mostra como o Estado responde à necessidade mundial de celulose”, reforçou Verruck.

Os números contribuem para um aumento de 78% no valor da transformação industrial do Estado nos últimos cinco anos, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

“Não fazemos isso sozinhos, mas em parceria com instituições públicas e privadas. A Fiems tem sido uma parceira essencial para potencializar o desenvolvimento de MS”, disse o governador Eduardo Riedel.

 

FONTE: CORREIO DO ESTADO