A gestação é um período de descobertas, alegria e realização pessoal para as mulheres que têm como projeto de vida vivenciar a maternidade. Esse momento especial fortalece os vínculos familiares e pode até elevar a autoestima da futura mãe. No entanto, durante essa fase, muitas mulheres enfrentam alterações emocionais que podem ser desafiadoras. Essas mudanças são provocadas pelas oscilações hormonais no organismo, que afetam o humor, os sentimentos e até a forma como a gestante percebe o mundo ao seu redor.
As emoções podem variar bastante de pessoa para pessoa e, muitas vezes, fazem parte do processo de adaptação à nova etapa da vida. Por isso, é fundamental que a gestante receba apoio emocional para lidar melhor com esses sentimentos. Pensando nesse período delicado, repleto de nuances emocionais, a equipe técnica do Cras Vida Nova criou o projeto “Mãe me Quer”, que promove encontros mensais com gestantes no oitavo e nono mês de gravidez. O objetivo é proporcionar um espaço para a troca de experiências, oferecer orientações de profissionais das áreas da Saúde e do Direito e, principalmente, ouvir essas mulheres.
A iniciativa, que acaba de completar pouco mais de seis meses, tem se destacado como uma ação inovadora e acolhedora, voltada ao cuidado integral de gestantes em situação de vulnerabilidade social. Muitas delas não têm acesso a serviços ou profissionais que ofereçam suporte emocional e esclareçam dúvidas relacionadas à gravidez e à maternidade, especialmente as mães de primeira viagem.
A coordenadora do Cras Vida Nova, Adriana Nascimento, explica que a ideia do projeto surgiu após um estudo detalhado sobre o perfil das gestantes atendidas na região, o qual identificou diversas lacunas no acesso à informação e aos direitos relacionados à gestação.
“Muitas dessas mulheres apresentavam dificuldades para entender o funcionamento do pré-natal, seus direitos e os cuidados essenciais durante a gravidez. Além disso, constatamos vários casos de vulnerabilidade emocional, com relatos de depressão pós-parto, o que dificultava ainda mais o acompanhamento adequado”, relatou Adriana.
Segundo a coordenadora, por estarem em situação de isolamento ou desinformação, muitas gestantes não procuravam as unidades de saúde para realizar o pré-natal, colocando em risco a própria saúde e a dos bebês.
Para enfrentar esses desafios, a equipe do Cras buscou parcerias estratégicas, incluindo a Secretaria Municipal de Saúde (Sesau) e o Conselho Tutelar, com o objetivo de ampliar o suporte às mulheres, garantir seus direitos e promover o bem-estar das crianças.
Os encontros, realizados na unidade do Cras, têm como propósito oferecer orientação, acolhimento e fortalecer o vínculo entre as gestantes e os serviços de apoio disponíveis.
Durante as reuniões, as participantes integram rodas de conversa descontraídas, nas quais têm a oportunidade de falar abertamente sobre suas dúvidas, medos e expectativas. As atividades contam com a presença de técnicos da unidade, que apresentam os serviços oferecidos pela Rede de Assistência Social voltados ao público gestante.
Rede de apoio
No encontro realizado este mês, os temas abordados incluíram planejamento familiar, acompanhamento pré-natal, prevenção da depressão pós-parto e direitos das gestantes e das crianças. As participantes também receberam orientações sobre a importância do acompanhamento psicológico e do suporte emocional, além de informações sobre os benefícios sociais disponíveis, como o cadastro no Bolsa Família e os auxílios eventuais, entre eles, cestas básicas e cobertores.
Um dos momentos mais aguardados pelas participantes foi a entrega do kit de natalidade, adquirido pela Prefeitura e distribuído nas unidades. O kit contém itens essenciais para o cuidado com o recém-nascido, reforçando o compromisso da gestão municipal com a saúde e o bem-estar das mães e bebês.
Emocionada ao receber o kit, a autônoma Viviane Cristina Souza dos Santos, que já é mãe de uma menina de quatro anos e está grávida de 36 semanas, compartilhou sua experiência. À espera da pequena Júlia, ela participou pela primeira vez do encontro, a convite de uma amiga de sua avó. Viviane relatou que já sofreu um aborto espontâneo, o que abalou seu estado emocional. Segundo ela, a acolhida da equipe do Cras foi tão importante quanto os temas abordados na reunião.
“Eles se preocupam com a gente. Ganhamos cestas básicas, cobertores e até um lanche. Conversamos muito sobre o puerpério e os cuidados que devemos ter tanto no pós-parto quanto durante a gestação. Tenho muito a agradecer, porque tudo o que disseram foi muito importante e fez um bem enorme para o nosso emocional”, destacou Viviane.
Apesar de não ser mãe de primeira viagem, Viviane revelou que, em alguns momentos, sente insegurança e tem dúvidas sobre a maternidade. Por isso, considera essencial o espaço oferecido pelo Cras para que as gestantes sejam ouvidas e recebam o suporte emocional necessário.
“O projeto tem sido uma oportunidade de inclusão e valorização dessas mulheres. Muitas relataram que nunca haviam sido chamadas ou acolhidas por órgãos públicos dessa forma. Elas se sentiram importantes e perceberam que seus direitos estão sendo respeitados”, ressaltou Adriana Nascimento.
A secretária municipal de Assistência Social e Cidadania, Camilla Nascimento, destacou que as equipes das unidades da SAS estão sempre atentas às necessidades dos usuários, desenvolvendo ações que promovam a transformação de vida das pessoas.
“Desenvolver projetos nos Cras que promovam o bem-estar da população em situação de vulnerabilidade é fundamental para fortalecer nossa comunidade e garantir que todos tenham acesso a apoio, dignidade e oportunidades de crescimento. Por isso, também oferecemos cursos e capacitações para incentivar o empreendedorismo e a geração de renda”, concluiu.
FONTE: PREFEITURA DE CG