A Justiça de Mato Grosso do Sul negou, pela terceira vez, um novo pedido de habeas corpus feito pela defesa do advogado Bruno Ghizzi, alvo da Operação Courrier, deflagrada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), que investiga advogados que teriam ligação com o Primeiro Comando da Capital (PCC).
A negativa foi dada pelos desembargadores da 2ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul (TJMS), na tarde desta segunda-feira (18), que decidiram, por unanimidade, manter a prisão preventiva de Ghizzi por entenderem que o acusado preenche todos os requisitos para permanecer preso como, por exemplo, o risco de interferir no andamento das investigações.
Essa já é a terceira vez, desde que Ghizzi foi preso em 25 de março, que a defesa do advogado recorre à justiça para que ele seja solto. A primeira tentativa foi um pedido feito em 09 de maio à 6ª Vara Criminal de Competência Residual, que negou a liberdade do investigado.
No mesmo dia, a defesa entrou com pedido em segunda instância, isto é, no TJMS, ocasião em que os desembargadores da 2ª Vara Criminal negaram o recurso pela primeira vez, sob o argumento de que a prisão de Bruno está embasada na garantia da ordem pública.
Neste terceiro pedido, a defesa do advogado alega que Bruno está preso há quase 100 dias e que nesse tempo não houve revisão da necessidade da prisão. Além disso, o pedido ainda aponta que o crime do qual Ghizzi é acusado não envolveu violência ou ameaça.
Por fim, os advogados do investigado argumentam que outros três acusados que também estavam presos preventivamente já foram colocados em liberdade.
Sintonia dos Gravatas
De acordo com o Gaeco, Ghizzi, que era assessor jurídico da Defensoria Pública de MS, conseguia dados sigilosos por meio de servidores do órgão e de uma funcionária de uma empresa de telefonia, as quais beneficiavam as ações do PCC.
Conforme o Gaeco, Bruno também conseguia informações sigilosas de empresas de telefonia celular através de uma funcionária do setor administrativo, que facilitava o acesso do advogado a números telefônicos e cadastros de pessoas físicas.
É esclarecido que o advogado, com “auxílio de terceiros, sistematicamente violaria o sigilo de dados de pessoas diversas, no Estado de Mato Grosso do Sul, para atender interesses pessoais”, pontua o Gaeco.
Bruno não era concursado e foi desligado do cargo após a Operação Courrier e sua exoneração foi publicada no Diário Oficial do Estado no dia 30 de março.
Operação Courrier
A operação cumpriu ao todo 38 mandados judiciais e mira o núcleo Sintonia dos Gravatas, organização criminosa em que advogados usavam de suas funções para transmitir recados aos integrantes presos do PCC. Além disso, segundo o Gaeco, o grupo articulava atentados à vida de agentes públicos.
FONTE: CORREIO DO ESTADO