Após as investigações da Polícia Civil de Rio Negro, o ajudante de pintor, de 55 anos acusado de estuprar cinco crianças, virou réu pelos crimes. O Ministério Público ofereceu denúncia à Justiça e, de acordo com o delegado que conduz o caso, Gabriel Cardoso, o inquérito já foi encaminhado para o Fórum da cidade.
Por envolver menores de idade, o inquérito está em segredo de justiça, mas, conforme apurado pelo Correio do Estado, o ajudante de pintor continua preso preventivamente e as crianças permanecem sob a guarda dos responsáveis legais, mesmo com a possibilidade deles serem investigados por negligência quanto ao cuidado com as vítimas.
Em conversa com a reportagem, o delegado também adiantou que as crianças podem ser ouvidas mais uma vez. O depoimento será tomado sob a modalidade de escuta especial, que visa resguardar todos os direitos da criança que passou por situação de abuso.
“As investigações vão seguir para descobrir se ainda há mais alguma vítima, mas já foi encaminhada denúncias desses outros casos”, destacou Cardoso.
Pais das vítimas serão investigados
Em entrevista coletiva cedida após a prisão do acusado, o delegado de Rio Negro afirmou que os responsáveis legais pelas vítimas também deverão ser investigados, já que eles podem ser tido participação ativa, colocando as crianas em situação de exploração sexual.
Também há possibilidade de que eles apenas se omitiam diante do abuso sofrido pelas vítimas. As crianças têm entre três e 11 anos.
O delegado explica que os estupros eram cometidos contra as vítimas após o acusado estabelecer uma relação de confiança com elas, dando dinheiro, alimentos e objetos de valor, e isso pode ter sido feito com o consentimento dos pais e responsáveis.
“Como é um bairro pobre de Rio Negro e as famílias vivem em situação de vulnerabilidade, ele provia alimentação, oferecia dinheiro e outros objetos de interesse das crianças como forma de conquistar a confiança delas”, explica Cardoso.
Entenda o caso
No histórico traçado pela polícia, a primeira denúncia contra o investigado data de janeiro de 2017, quando uma mulher compareceu à delegacia da cidade e relatou que sua filha de três anos teria sido abusada pelo homem.
Já em 2020, o Conselho Tutelar da cidade reportou ao delegado que um menino de nove anos estava morando com o homem sem que ele tivesse sua guarda legal e havia indícios de que a criança estava passando por abusos sexuais na residência.
No mesmo ano, enquanto as investigações contra o acusado eram retomadas, outra denúncia foi registrada na delegacia. Dessa vez, uma mãe dizia que seu filho de seis anos tinha sido estuprado enquanto estava na casa do auxiliar de pintor.
Como os depoimentos das crianças não tiveram resultados e não havia prova do crime, foi preciso entrar na Justiça com um pedido para que a casa do acusado fosse monitorada por meio de captação de som e imagem feita pelo Departamento de Inteligência da Polícia Civil de MS (DIP).
“Infelizmente, os depoimentos especiais não poderiam resultar na continuação da investigação. Então, representamos um pedido de captação ambiental na residência do investigado, onde estariam sendo cometidos os abusos”, explica Cardoso.
Dessa forma, foi preciso um pouco mais de um dia para que o flagrante fosse feito por meio da captação do DIP, quando, na terça-feira (13), os policiais viram por meio das câmeras que o homem estava dormindo acompanhado de um menino e o “acariciava” e uma forma que já configurava estupro.
No entanto, a prisão em flagrante aconteceu apenas no dia seguinte, quando foram captadas cenas de sexo explícito entre ele e dois meninos de 11 anos.
De acordo com o delegado, os crimes eram tão constantes que as vítimas naturalizavam os abusos, em que elas chegavam a se entreter com um celular enquanto o homem cometia os atos sexuais.
“Diante dessa informação, eu acionei imediatamente a equipe policial que já estava à disposição e conhecendo o caso para que o sujeito fosse preso em flagrante. Ele foi preso e conduzido para a delegacia, onde permanece até hoje e com a prisão preventiva já decretada”, detalha.
FONTE: CORREIO DO ESTADO