A advogada Kassia Regina Brianez Trulha de Assis, 41 anos, suspeita de ajudar no plano de fuga de Marco Willians Herbas Camacho – o Marcola, um dos chefões do PCC, da prisão federal de Porto Velho (RO) teve a prisão preventiva convertida em domiciliar por decisão da Justiça Federal em Brasília.

Ela foi presa em Três Lagoas (MS) e estava há seis dias no Presídio Militar de Campo Grande.

A mudança de regime foi pedida pela defesa, sob alegação de que a suspeita precisa acompanhar o dia a dia do filho, que tem transtorno do espectro autista.

O juiz federal Francisco Codevila, que deu o parecer favorável ao pedido, determinou que Kassia faça uso de tornozeleira eletrônica e tenha autorização para deixar sua casa apenas para emergências médicas e consultas de tratamento da criança, com apresentação de atestado e dos endereços dos atendimentos.

Ela também deve sair da prisão domiciliar para “atender aos chamados da Justiça e Polícia Federal”, que segue com a investigação sobre o suposto envolvimento da advogada no plano de fuga de Marcola.

Até a noite de ontem, o advogado Juliano Rocha disse ao Jornal O Globo que ela ainda não havia sido liberada do presídio. A liberação deve acontecer nesta quarta-feira.

Em nota, a defesa afirma que ela é inocente.

“A exigência de respeito às prerrogativas do advogado nada mais é que um direito previsto em lei, porém, sabe-se que a letra fria da lei não impede que ocorram situações prejudiciais ao advogado, tal como no caso concreto”, declarou Rocha ao veículo carioca.

Também em nota, a Ordem dos Advogados do Brasil, seccional de Mato Grosso do Sul (OAB/MS), disse que acompanha as investigações.

“A Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional Mato Grosso do Sul, vem a público informar que está acompanhando as investigações decorrentes da denominada Operação ‘Anjos da Guarda’, deflagrada pelo Departamento de Polícia Federal na quarta feira (10), na qual foram cumpridos mandados de busca e apreensão e prisão cautelar em desfavor de advogados do Estado”, diz a nota.

“A OAB/MS reafirma seu compromisso com o Estado Democrático de Direito, motivo pelo qual continuará acompanhando o caso para que todas as responsabilidades sejam esclarecidas, inclusive encaminhando as informações pertinentes à Comissão específica e ao Tribunal de Ética e Disciplina”, conclui.

Operação para desarticular plano de resgate

Uma operação deflagrada em 10 de agosto pela Polícia Federal cumpriu mandados de prisão e busca em apreensão com o objetivo de desarticular o plano de resgate de criminosos em penitenciárias federais de Brasília (DF) e Porto Velho (RO).

Conforme reportagem do Correio do Estado, Mato Grosso do Sul, que tem grande quantidade de membros da quadrilha, era um dos estados-chave para que o plano fosse executado e foi um dos locais onde a Operação Anjos da Guarda cumpriu mandatos.

Ao todo, foram 11 mandados de prisão e de busca e apreensão em Campo Grande, Três Lagoas, São Paulo, Presidente Prudente (SP), Santos (SP) e Brasília (DF).

Familiares de Marcola, além de defensores do criminoso e de outros membros de facções foram alvo da PF.

Além de Kassia, outras três advogadas foram presas suspeitas de atuar na comunicação entre presos em cadeias federais e seus comparsas do lado de fora.

Além de Marcola, apontado como o principal líder do PCC (Primeiro Comando da Capital), a facção criminosa planejaria resgatar Cláudio Barbará da Silva e Valdeci Alves do Santos, o Colorido, além de sequestrar autoridades para conseguir a soltura de detentos, segundo a PF.

Segundo a Polícia Federal, plano de fuga foi elaborado com ajuda de advogados, que transmitiam mensagens entre os líderes presos e os criminosos envolvidos no plano de resgate.

Os investigados aproveitariam atendimentos e visitas em parlatório, usando situações jurídicas inexistentes como códigos, para conseguir preparar a ação.

A PF afirma que tomou várias medidas para evitar que os planos fossem colocados em prática desde que percebeu a intensificação dos pedidos das lideranças, entre elas Marcola, para que os advogados acionassem os responsáveis pela execução.

 

FONTE: CORREIO DO ESTADO