De janeiro a agosto deste ano, 59 casos de lesões corporais foram registrados nas escolas da Rede Estadual de Ensino (REE).
Apesar de o registro ser o menor para o período em 10 anos, conforme levantamento do Correio do Estado com base nos dados da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), os pais relatam que o clima de tensão permanece no ambiente escolar.
A técnica de enfermagem Ericka Ferreira, 35 anos, afirmou que sente receio de mandar os filhos para a escola por conta dos constantes casos de violência entre os alunos. Segundo dados da Sejusp, apenas no mês de agosto, 15 casos de lesão corporal foram registrados em escolas do Estado.
Na noite de segunda-feira (29 de agosto), duas alunas trocaram socos, tapas e puxões de cabelo na Escola Estadual José Maria Hugo Rodrigues, na Mata do Jacinto.
Em imagens que circularam nas redes sociais é possível ver uma professora da instituição, que fica na região norte de Campo Grande, tentando separar a briga das alunas.
Conforme a Secretaria de Estado de Educação (SED), as agressões entre as estudantes ocorreram próximo ao encerramento do período noturno de atividades na Escola José Maria Hugo Rodrigues e, logo, o episódio foi contido pela equipe de gestão.
“A Secretaria de Estado de Educação acompanha o ocorrido por intermédio da Coordenadoria de Gestão Escolar (Coges) e orienta a direção da unidade escolar, que, por sua vez, realiza os encaminhamentos necessários conforme regimento escolar”, afirmou a SED, em nota. A reportagem tentou contato com a diretora da instituição, mas não obteve retorno até o fechamento desta edição.
A mãe de uma aluna que estuda na Escola José Maria Hugo Rodrigues, que preferiu não se identificar, disse que não há nenhuma segurança na instituição de ensino, principalmente no período noturno.
“Precisamos de polícia lá à noite. E nos outros períodos, a violência também se faz presente. Tenho filhas de amigas que estudam lá em outros períodos e as mesmas brigas acontecem. Na verdade, as escolas estaduais estão sendo esquecidas, principalmente na hora da saída. A diretora não tem como controlar os alunos sem limites”, detalhou.
HISTÓRICO
Levando em consideração os meses de janeiro a agosto, o ano de 2012 permanece com o maior registro de casos de lesões corporais nas escolas estaduais na última década, com 133 casos, segundo os dados da Sejusp. Em todo o ano, 208 agressões foram registradas na REE.
No ano seguinte, 123 casos de lesões corporais ocorreram nas escolas estaduais de MS nos primeiros oito meses de 2013. Em 2014, foram 102 casos.
Em 2015, as ocorrências reduziram para 98 casos. A tendência de queda permaneceu, com 89 casos de lesões corporais na Rede Estadual de Ensino registrados em 2016.
Nos primeiros oito meses de 2017, foi registrado um pequeno aumento de lesões corporais na REE, com 95 ocorrências. Em 2018, o número caiu para 75 e, em 2019, para 66 casos, levando em consideração as agressões computadas de janeiro a agosto.
É importante destacar que, por conta da pandemia de Covid-19, que obrigou o ensino a se adaptar para a modalidade remota, os casos de lesões corporais no ambiente escolar no Estado reduziram drasticamente nos primeiros oito meses de 2020 e 2021, com 7 e 1 ocorrência, respectivamente.
Com a retomada das aulas presenciais em agosto de 2021, o número de lesões corporais nas escolas estaduais chegou a 13 durante o ano.
MONITORAMENTO
No dia 22 de agosto, o governo de Mato Grosso do Sul inaugurou o Centro de Operações de Segurança Integrado (Cosi). O espaço será utilizado para o monitoramento das escolas estaduais de todo o Estado.
O objetivo é promover a vigilância e a segurança das instituições de ensino 7 dias por semana e 24 horas por dia. O sistema conta com uma ligação direta entre as escolas e o Cosi, que tem o poder de deslocar efetivo em qualquer ocorrência, como roubos, furtos, brigas e qualquer outra perturbação da tranquilidade escolar.
De acordo com o governador do Estado, Reinaldo Azambuja (PSDB), todas as 345 escolas da Rede Estadual de Ensino nos 79 municípios de MS serão contempladas com a sistematização da segurança, que será operada pela empresa norte-americana INN, que firmou uma parceria público-privada (PPP) com o governo do Estado
Agentes patrimoniais eram responsáveis por manter a vigilância da área, mas, com a implantação da central de monitoramento, os servidores públicos serão remanejados para outros órgãos do governo.
Os municípios em fase de implantação são: Dourados, Corumbá, Coxim, Ponta Porã, Maracaju e Três Lagoas. Campo Grande é o único município de Mato Grosso do Sul em que o sistema de segurança já está em operação em todas as 77 escolas estaduais.
Para manter todo o sistema, o governo estadual está investindo R$ 1,2 milhão por mês em mão de obra especializada e toda a tecnologia que esse tipo de controle necessita.
FONTE: CORREIO DO ESTADO