As alternâncias e renovações na Assembleia Legislativa do Estado (AL-MS) e na bancada sul-mato-grossense do Congresso Nacional, ocasionadas pelas eleições gerais do último domingo (2), fizeram com que nomes de políticos como Fábio Trad (PSD) e Loester Trutis (PL), de campanhas com receitas milionárias, deixassem – ao menos em princípio, o protagonismo político local. Em contrapartida, com menos recursos, nomes como Rodolfo Nogueira (PL) e Camila Jara (PT), estreiam no Congresso em 2023.
Com arrecadação de R$ 2.795.267,00, Fábio Trad não ocupará nem a suplência do Congresso no próximo ano, mesmo com 43.809 votos, e a oitava maior votação entre todos os candidatos a deputado federal. Por sua vez, com verba de R$ 1.036.000,00, Loester Trutis, eleito em 2018, segue na suplência no próximo ano.
“No caso de candidatos como Trutis e Trad, ambos não se elegeram por motivos parecidos, entretanto,distintos. Fábio Trad não atingiu o coeficiente partidário, obteve uma votação expressiva entre os candidatos ao Congresso, e teria se elegido, caso o partido (PSD) tivesse ultrapassado o coeficiente eleitoral, em torno de 170 mil votos”, disse o doutor em Ciência Política, Daniel Miranda.
Segundo ele, como o partido de Fábio Trad não fez uma votação suficiente, todos os candidatos do partido são excluídos automaticamente do processo de distribuição das cadeiras.
“Por parte do Fábio (Trad), acho que não foi acomodação, erro estratégico ou financeiro. O grande problema foi a estratégia de montagem da chapa, ou que chamamos de nominata, pela justiça. Ele é um candidato que teria boa votação, como realmente teve”, complementou Miranda.
De acordo com o cientista político, o PSD, partido de Trad, deveria ter se aliado a outro partido, ou federação.
“Dagoberto, eleito, estava no PDT, se antecipou às eleições, porque anteviu, penso, que não seria eleito pelo partido que estava. Migrou para o PSDB porque ele acreditou nos votos do partido, ao contrário de Trad que imaginou que o partido conseguiria os 170 mil para eleger pelo menos um deputado, não foi o caso e ele acabou não reeleito”, salientou o cientista político.
Segundo o cientista político, o caso de Loester Trutis, pode ter ocorrido do então candidato do PL ser preterido durante a campanha, e a legenda guinar a eleição de Rodolfo Nogueira. “Ele (Trutis) estava em um partido que alcançou o coeficiente eleitoral. O problema é que no partido dele, dois outros candidatos obtiveram votação maior (Rodolfo Nogueira e Pollon). Conforme a distribuição das cadeiras, o PL tinha duas vagas.
“Se faltou estratégia, engajamento, não posso dizer exatamente. Agora, um fator decisivo para a eleição de Pollon foi a chancela da família Bolsonaro, principalmente do Eduardo Bolsonaro, que esteve aqui, e por associação a família, foi um campeão de votos, o Tio Trutis não tinha isso, embora ele seja uma pessoa muito ligada e defensora do Bolsonaro”, relatou o cientista.
Conforme Miranda, se houvesse outra coordenação entre ambos (Trutis e Pollon), os dois talvez se elegessem.
Figuras
Para além de Fábio Trad e Trutis, Herculano Borges (Republicanos), vereador campo-grandense em 2012, e titular da Alems neste ano, será – em princípio, suplente na Assembleia Estadual em 2023.
O mesmo acontece com Evander Vendramini, vereador corumbaense por quatro vezes entre 2004-2016, atualmente deputado estadual. Marçal Filho (PP), deputado federal em 2010, vereador por Dourados em 2016 e atualmente deputado estadual seguirá, assim como Borges e Vendramini, como suplente.
Na ‘reserva’ da atual gestão, Paulo Duarte (PSB) assumiu a cadeira em dezembro do último ano no lugar de Eduardo Rocha (MDB), que seguiu ao cargo de secretário de Governo e Gestão Estratégica.
O ex-prefeito de Corumbá (2012), sequer será suplente no próximo ano.
Novos nomes
Para Miranda, Rodolfo Nogueira (PL), estreante na bancada de MS no Congresso, “deve ter tido uma entrada melhor no partido, fator que fez com que ele passasse os números de Trutis, por exemplo.” Assim como Nogueira, Camila Jara (PT), foi classificada por ele como uma “estrela em ascensão”.
Para o cientista, a atual vereadora campo-grandense tem uma excelente estratégia de comunicação via redes sociais, e utiliza sua jovialidade para se comunicar com seu público.
“Ambos (Nogueira e Jara), usaram de recursos menores, não pequenos e tiveram recursos mais favoráveis, suponho. A Camila ocupou o espaço da esquerda em MS que não é muito grande, e em ambos os casos o coeficiente partidário foi suficiente.
Confira a lista das maiores receitas entre os candidatos eleitos e reeleitos em MS. Para além destes, confira quanto de verba os nomes de projeção estadual e nacional que não se elegeram neste ano.
Nome |
Partido |
Âmbito |
Receita de campanha (R$) |
Condição |
Mara Caseiro |
PSDB |
Estadual |
R$ 1.110.000,00 |
Reeleita |
Paulo Corrêa |
PSDB |
Estadual |
R$ 540.422,00 |
Reeleito |
Zeca do PT |
PT |
Estadual |
R$ 885.876,51 |
Assume em 2023 |
Jamilson Name |
PSDB |
Estadual |
R$ 1.110.603,98 |
Reeleito |
Zé Teixeira |
PSDB |
Estadual |
R$ 753.450,00 |
Reeleito |
Lídio Lopes |
PATRIOTA |
Estadual |
R$ 313.500,00 |
Reeleito |
Coronel David |
PL |
Estadual |
R$ 332.862,29 |
Reeleito |
Caravina |
PSDB |
Estadual |
R$ 713.110,00 |
Assume em 2023 |
Pedro Kemp |
PT |
Estadual |
R$ 496.000,00 |
Reeleito |
Lucas de Lima do Amor Sem Fim |
PDT |
Estadual |
R$ 250.031,00 |
Reeleito |
Junior Mochi |
MDB |
Estadual |
R$ 766.400,00 |
Assume em 2023 |
João Henrique |
PL |
Estadual |
R$ 373.605,00 |
Reeleito |
Gerson Claro |
PP |
Estadual |
R$ 961.700,00 |
Reeleito |
Londres Machado |
PP |
Estadual |
R$ 517.000,00 |
Reeleito |
Antônio Vaz |
Republicanos |
Estadual |
R$ 473.337,34 |
Reeleito |
Rafael Tavares |
PRTB |
Estadual |
R$ 19.205,00 |
Assume em 2023 |
Renato Câmara |
MDB |
Estadual |
R$ 383.000,00 |
Reeleito |
Amarildo Cruz |
PT |
Estadual |
R$ 916.984,46 |
Reeleito |
Neno Razuk |
PL |
Estadual |
R$ 311.200,00 |
Reeleito |
Marcio Fernandes |
MDB |
Estadual |
R$ 370.000,00 |
Reeleito |
Pedrossian Neto |
PSD |
Estadual |
R$552.400,00 |
Assume em 2023 |
Lia Nogueira |
PSDB |
Estadual |
R$1.056.000,00 |
Assume em 2023 |
Roberto Hashioka |
UNIÃO |
Estadual |
R$ 384.500,00 |
Assume em 2023 |
Professor Rinaldo Modesto |
PODEMOS |
Estadual |
R$ 538.000,00 |
Reeleito |
Marcos Pollon |
PL |
Federal |
R$894.420,84 |
Assume em 2023 |
Beto Pereira |
PSDB |
Federal |
R$1.584.000,00 |
Reeleito |
Dr. Geraldo Resende |
PSDB |
Federal |
R$1.839.666,67
|
Assume em 2023 |
Vander Loubet |
PT |
Federal |
R$2.210.770,23 |
Reeleito |
Camila Jara |
PT |
Federal |
R$835.007,09 |
Assume em 2023 |
Dagoberto |
PSDB |
Federal |
R$2.700.000,00
|
Reeleito |
Dr. Luiz Ovando |
PP |
Federal |
R$2.233.000,00 |
Reeleito |
Rodolfo Nogueira |
PL |
Federal |
R$750.813,54 |
Assume em 2023 |
Não conseguiram se reeleger
Nome |
Partido |
Âmbito |
Receita de campanha (R$) |
Condição |
Fábio Trad |
PSD |
Federal |
R$2.795.267,00 |
Não eleito |
Loester Trutis |
PL |
Federal |
R$1.036.000,00 |
Suplente |
Herculano Borges |
Republicanos |
Estadual |
R$315.141,36 |
Suplente |
Marçal Filho |
Progressistas |
Estadual |
R$530.000,00 |
Suplente |
Paulo Duarte |
PSB |
Estadual |
R$538.550,00 |
Não eleito |
Evander Vendramini |
Progressistas |
Estadual |
R$470.400,00 |
Suplente |
Fonte: TSE
FONTE: CORREIO DO ESTADO