Distante pouco mais de duas semanas, com as eleições para Governador e Presidente da República sendo decididas no próximo dia 30, é importante estar protegido contra a desinformação que circula a respeito de candidatos e do próprio sistema democrático e eleitoral.
De acordo com uma pesquisa realizada pelo Inteligência em Pesquisa e Consultoria Estratégica (IPEC) – encomendada pelo grupo Globo e divulgada no mês de setembro -, cerca de 85% dos brasileiros acreditam que as notícias falsas podem impactar nas eleições brasileiras deste ano.
Também, o instituto Datafolha, baseado em amostragem feita em 181 cidades – com 2.556 pessoas acima de 16 anos -, aponta que essas notícias falsas são preocupação para mais da metade da população (60%).
Conforme relatório da agência de checagem Aos Fatos – conduzido durante o primeiro mês de campanha eleitoral -, em cerca de 285 grupos de WhatsApp e 578 comunidades do Telegram, links para sites hiper-partidários tiveram cerca de 40.796 compartilhamentos, desde 16 de agosto.
Esses links, segundo o levantamento, levavam a publicações de cunho apelativo que insinuam fragilidades nas urnas eletrônicas, além de levantar dúvidas sobre pesquisas de opinião e repercussão de ofensas contra adversários políticos.
Por fim, a pesquisa apontou que há uma relevante presença de expressões de teorias conspiratórias sobre “a mídia” e o “comunismo”.
Entenda
Conforme o Ministério Público Federal (MPF), não é um ato criminoso divulgar boato, desde que esse não se enquadre em delitos de calúnia, difamação e injúria, que estão previstos no Código Penal.
Todavia, o Código Eleitoral define como crime a conduta de divulgar fatos inverídicos, que possam influenciar no eleitorado brasileiro.
Essa prática tem pena prevista de detenção de dois meses a um ano, ou pagamento de 120 a 150 dias-multa.
Vale lembrar que, por seu dinamismo, as redes sociais são um ambiente perfeito para livre circulação de notícias falsas, conforme o artigo “Desinformação, infodemia e caos social: impactos negativos das fake news no cenário da COVID-19”*.
**Artigo publicado em 2020, na revista Em Questão, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Com isso, algumas agências independentes passaram a organizar-se de forma colaborativa, construindo um conjunto de metodologias específicas que permite a checagem da veracidade dos fatos que compõem os diversos conteúdos veiculados.
Assim, combater fake news passou a fazer parte das rotinas dessas agências e de outras instituições públicas e privadas.
Iniciativas
Com o foco no combate à desinformação, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), criou um link com as principais agências de checagem que atuam hoje no Brasil.
Intitulado Painel de Checagem de Fake News, a ferramenta lista alguns sites que o leitor, ao receber uma publicação em sua rede social, pode acessar para aferir a veracidade da postagem.
Assim como o Painel de Checagem do CNJ, existe o Projeto Comprova, que consiste em uma iniciativa colaborativa e sem fins lucrativos que reúne jornalistas de 43 veículos de comunicação brasileiros.
Toda essa iniciativa para descobrir e investigar informações suspeitas sobre políticas públicas, eleições presidenciais e a pandemia de covid-19 que foram compartilhadas nas redes sociais ou por aplicativos de mensagens.
Em busca da verdade
Para fomentar a educação midiática, e combater a desinformação nas redes sociais, Comprova lançou um aplicativo, com o desenvolvimento do Google, que facilitará o acesso dos cidadãos às matérias de verificações feitas pelo projeto.
Esse app – que está disponível para Android e IOS – também proporciona que os usuários saibam como checar a veracidade de conteúdos em imagens.
Além das iniciativas independentes, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) oferece ferramentas para o combate à desinformação. O eleitor pode acessar a página Fato ou Boato “que desmente diversas inverdades propagadas pela internet contra o sistema de votação”, conforme o site.
Caso o eleitor tenha dúvidas, por exemplo, sobre urnas eletrônicas, é possível conhecer os detalhes do equipamento utilizado há mais de 25 anos para os processos eleitorais brasileiros, clicando aqui.
O TSE desenvolveu junto ao WhatsApp um chatbot (assistente virtual), criado para promover o acesso a informações sobre o processo eleitoral, bem como fornecer dados dos portais do TSE e dos TREs, de forma gratuita.
Conforme o TSE, para ter acesso ao chatbot é simples: basta adicionar o telefone +55 61 9637-1078 à sua lista de contatos do WhatsApp ou acessar por meio do link wa.me/556196371078.
Para contribuir com as apurações, o Correio do Estado, em parceria com o Projeto Comprova, aliado ao Google News Initiative Project; Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (ABRAJI) e o Meta; criou o Correio Verifica, o primeiro núcleo de verificação de notícias falsas da história do Estado de Mato Grosso do Sul.
Em Mato Grosso do Sul, o núcleo trabalha na checagem de notícias falsas e boatos, com textos que explicam assuntos envolvendo outras questões da política estadual, saúde, educação e quaisquer outros temas que ganham repercussão nas redes sociais digitais, bem como temas sugeridos pelos leitores.
Diante de uma informação duvidosa, é possível enviar para o Correio Verifica algum boato ou afirmação que levante suspeita.
Os canais da iniciativa são abertos, sendo possível contatar a equipe através do WhatsApp, pelo número: (67) 9 9922-6705, ou por e-mail, pelo endereço: correioverifica@correiodoestado.com.br.
FONTE: CORREO DO ESTADO