O ranking dos 50 candidatos que mais receberam doações privadas ou se autofinanciaram nas eleições de 2022 mostra que a maior parte deles acabou não conseguindo se eleger.
Puxa essa lista o presidente Jair Bolsonaro (PL), que foi destinatário de R$ 88 milhões, mas foi derrotado por Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Os quatro candidatos seguintes também são do arco de aliança de Bolsonaro, sendo que só um deles, o ex-ministro Tarcísio de Freitas (Republicanos), venceu o pleito que disputou neste ano. Ele, que recebeu R$ 39 milhões em doações, venceu a disputa ao Governo de São Paulo.
Os outros três, que disputaram os governos do Rio Grande de Sul –Onyx Lorenzoni (PL) e Roberto Argenta (PSC)– e Rondônia –Marcos Rogério (PL)–, não se elegeram.
Do grupo dos 50 mais beneficiados, 27 perderam e 23 se elegeram.
O dinheiro privado na campanha de 2022 ficou em R$ 1,01 bilhão. Entre os maiores doadores, os destaques foram para os setores de calçados, finanças, advocacia, agronegócio e energia, que foram responsáveis por cerca de 60% das maiores doações.
O maior doador individual da campanha foi Rubens Ometto, presidente do conselho de administração da Cosan, gigante de energia, açúcar e álcool.
Ele distribuiu R$ 7,4 milhões a vários candidatos. O valor é similar ao que ele gastou na campanha eleitoral de 2018, quando também foi o maior doador individual.
Ometto doou recursos inclusive ao PT, mas os valores mais expressivos foram para políticos de centro e de direita que compuseram o arco de alianças de Bolsonaro.
O maior valor foi para o Republicanos, partido que integrou a coligação de Bolsonaro e elegeu o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas –o candidato foi o que recebeu a maior doação direta de Ometto, R$ 200 mil.
O empresário fez doações a 22 candidatos, além de partidos. Entre outros, receberam doações Tereza Cristina (PP), eleita para o Senado por Mato Grosso do Sul, Onyx Lorenzoni (PL), derrotado ao tentar o Governo do Rio Grande do Sul, e Ricardo Salles (PL), eleito deputado federal por São Paulo.
Bolsonaro recebeu R$ 1 milhão do empresário por meio de uma doação dele para o diretório do PP na Paraíba, que repassou o dinheiro para a campanha do presidente.
A Cosan afirmou que “as doações eleitorais feitas por Rubens Ometto Silveira Mello são realizadas em caráter pessoal e seguem as regras estabelecidas pelo Tribunal Superior Eleitoral e demais normas aplicáveis”.
O segundo maior doador individual foi Frederico Gerdau Johannpeter, da família que controla a Gerdau, com R$ 6,9 milhões.
Ele também direcionou a maior parte do dinheiro para candidatos da aliança bolsonarista, com destaque para o PL do Rio Grande do Sul (R$ 3,9 milhões), que bancou a candidatura de Onyx, e para Tarcísio de Freitas (R$ 1 milhão). O empresário não quis se manifestar.
O terceiro e o quinto lugar são dos irmãos Alexandre e Pedro Grendene, da calçadista Grendene, que doaram juntos R$ 12,3 milhões.
Entre vários candidatos, os irmãos doaram, cada um, R$ 1 milhão para Bolsonaro, mesmo valor direcionado também por ambos ao senador eleito pelo PT do Ceará, Camilo Santana.
O governador eleito no Ceará, Elmano de Freitas (PT), também foi beneficiado por doações dos irmãos.
A Grendene informou que não se posiciona sobre doações privadas de seus proprietários.
Em quarto está José Salim Mattar Junior, que fundou a Localiza, empresa de aluguel de carros, e chegou a atuar no governo Bolsonaro como secretário de Desestatização do Ministério da Economia.
As maiores doações foram para Bolsonaro (R$ 1,8 milhão) e Tarcísio (R$ 800 mil). Ele direcionou recursos a 35 candidatos, a quase totalidade candidatos de direita e centro-direita.
Mattar disse ser contra o financiamento público de campanha e afirmou ter direcionado a maior parte das doações para candidatos do partido Novo, por compartilhar os valores da sigla.
Na divisão partidária, as legendas mais beneficiadas com doações foram também as do arco de Bolsonaro ou da centro-direita.
Candidatos do PL, PSD, União Brasil, MDB, PP e Republicanos receberam cerca de metade do dinheiro privado das eleições. Foram R$ 549 milhões somados para políticos dessas siglas.
FONTE: CORREIO DO ESTADO