No ano de 2022, 242 pessoas foram vítimas do trânsito no Estado. O número, que ainda é alto, é o menor registrado nos últimos 10 anos, segundo dados da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública de Mato Grosso do Sul.

O maior número dos últimos 10 anos foi registrado em 2012, ano em que 484 pessoas perderam a vida no trânsito. Os anos seguintes começaram a apresentar queda: em 2013, foram 435 óbitos; no ano de 2014, 421. Em 2015, houve uma queda significativa, com 359 óbitos registrados. Em 2016, foram 332 vítimas.

Em 2017, foram registrados 293 óbitos. Nos anos de 2018 e 2019, foram registrados 263 e 248 óbitos, respectivamente. Em 2020, o número de vítimas voltou a subir, com 281 óbitos. No ano de 2021, 256 pessoas morreram no trânsito, 14 a mais do que o registrado em 2022.

Em Campo Grande, o número de fatalidades teve uma redução de 39,6% nos últimos 10 anos. Em 2012, foram registrados 126 óbitos no trânsito da Capital. Nos anos seguintes, as fatalidades começaram a apresentar redução: 116 óbitos em 2013, 112 em 2014, 96 em 2015, 83 em 2016, e 70 em 2017.

No ano de 2018, o número de óbitos sofreu um aumento: foram 87 notificados. Em 2019, o número de vítimas diminuiu para 74. Em 2020 e 2021, os números aumentaram, com 77 e 86 óbitos registrados em cada ano, respectivamente. Em 2022, 76 pessoas foram vítimas do trânsito campo-grandense.

Em entrevista ao Correio do Estado, Ivanise Rotta, gerente de educação para o trânsito da Agência Municipal de Transporte e Trânsito (Agetran), ressaltou que o aumento visto em 2018 foi um reflexo da falta de fiscalização eletrônica.

“Em 2018, houve um aumento nos óbitos, porque em 2016, os aparelhos de monitoramento do trânsito foram desligados, em 2017 eles ainda estavam ali, alguns infratores achavam que era pegadinha da Agetran, mas em 2018 foi amplamente divulgado que não havia mais fiscalização eletrônica, então as pessoas realmente tiveram a escolha de correr mais”, relatou.

Ainda segundo Rotta, em dezembro de 2018 as fiscalizações eletrônicas voltaram à ativa, e o número de fatalidades voltou a reduzir.

Segundo ela, a redução no número de óbitos nestes 10 anos avaliados é uma consequência de uma série de fatores, além da fiscalização eletrônica. Na década passada, entre 2010 e 2020, o mundo inteiro direcionou a atenção às vítimas do trânsito.

“Nós estamos já na nova década da segurança viária. Entre 2010 e 2020 foi a primeira década, na qual o mundo inteiro virou seus olhos para a questão dos óbitos no trânsito. O Brasil foi um dos dez países onde começou o trabalho. Campo Grande começou entre as cinco capitais, desde 2011”, explicou.

O sucesso das operações na Capital, segundo a gerente de educação para o trânsito, se dá, principalmente, ao Gabinete de Gestão Integrada de Trânsito (GGIT), composto por trinta e nove órgãos que trabalham em prol de um objetivo só: reduzir o número dos óbitos por acidente de trânsito no município de Campo Grande.

“Quando você associa Departamento Estadual de Trânsito de Mato Grosso do Sul (DETRAN), Batalhão de Trânsito da Polícia Militar do Estado de Mato Grosso do Sul (BPMTRAN), AGETRAN, Guarda Civil Municipal, órgãos de saúde do Estado, do Município, os órgãos de educação, os primeiros socorros, as polícias, empresas privadas, isso faz com que a gente tenha um pouco mais de força”, comentou.

Para Rotta, esse comprometimento do Município e do Estado incentiva as pessoas a colaborarem com a segurança no trânsito.

“A sociedade começa a participar, a ser corresponsável também pelo trabalho desenvolvido na cidade. Então, quando você faz um trabalho de engenharia e principalmente de fiscalização, ela tem um retorno imediato”, acrescentou.

Outro ponto citado pela especialista é a educação nas escolas, que acontece desde 2004. Segundo ela, as pessoas cobram para que os órgãos ensinem sobre trânsito às crianças, mas que, na verdade, o grande problema da questão são os adultos.

“O nosso problema não são as crianças, a criança faz o certo, ela entende, ela compreende, mas ao ficar olhando seus modelos – que é a família, principalmente -, fazendo errado, ficando sem punição ou não se envolvendo em nenhum sinistro, ela acaba transformando o seu comportamento, que era exemplar e correto, em um comportamento no modelo ‘dar um jeitinho’, ou passa a querer prevalecer sobre o outro”.

Rotta acredita que a Capital tem potencial para ser mais segura, e para reduzir ainda mais o número de perdas no trânsito.

“Você tem uma cidade na qual o máximo permitido é de cinquenta quilômetros por hora, uma 14 de Julho na qual poderíamos tranquilamente dizer que ‘a Suécia é aqui’, é a via ideal para que a gente tenha 100% de segurança, que o mundo todo busca. Isso é atribuído à engenharia, ao trabalho da sociedade, aos equipamentos eletrônicos, o socorro rápido, que quando chega rapidamente ao local do acidente, consegue fazer com que a pessoa realmente possa sobreviver”, acrescentou.

O único ponto em que a segurança peca, não só em Campo Grande, mas em todo o País, segundo Ivanise Rotta, é na punição aos infratores.

“Hoje mata-se muito no trânsito, e quem vitimou, a pessoa que levou o outro a óbito, que foi o principal contribuidor para que uma pessoa falecesse, ou ficasse sequelada para o resto da vida, não sofre sanção nenhuma. O Brasil ainda peca nessa questão da punição, ainda achando que foi culposo, foi sem querer, mesmo que dirija a 180 quilômetros por hora, a 100 quilômetros por hora, que seja, mesmo que esteja embriagado, mesmo que avance o vermelho, atropele nas nas calçadas, infelizmente ainda nossa lei coloca esses indivíduos na rua, que colocam todas as nossas vidas em perigo, concluiu.

 

FONTE: CORREIO DO ESTADO